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O RESCALDO
Existe uma tendência de certos treinadores para complicar aquilo que, à primeira vista, é fácil. Alejandro Sabella parece não ter entendido ainda o potencial e a mão-de-obra que tem à sua disposição no plantel da Argentina. À entrada para o encontro de hoje, o técnico argentino apostou num 5-3-2 com Zabaleta e Rojo nas laterais, Mascherano na posição 6 e Di María e Maxi Rodríguez como médios mais ofensivos no apoio à dupla Messi-Agüero. Um erro de casting clamoroso, que apenas Sabella não quis ver. Os resultados, claro, foram os esperados: Exibição paupérrima dos argentinos no primeiro tempo, tendo apenas conseguido marcar num lance infeliz do lateral bósnio Kolasinac.
Na segunda parte, quando se registava o 1-0 no marcador, Sabella perde a cabeça e remodela novamente a equipa. Mesmo a vencer, o argentino retira o apagado Maxi Rodríguez e o faltoso Campagnaro e coloca Gago e Higuaín em campo. Resultado: alteração do esquema tático e a Argentina a entrar num 4-4-2 losango, passando Gago e Di María para os vértices laterais do esquema e Messi numa suposta posição 10, com total liberdade para decidir e procurar resolver na zona de ataque.
Esta autêntica “balbúrdia tática” implementada por Sabella continua a ser uma incógnita para qualquer adepto de futebol. Poucos ainda perceberam o que passa pela cabeça do argentino. Mas, em termos comparativos, viu-se claramente que a equipa argentina jogou melhor em 4-4-2 do que em 5-3-2. Não só porque dá mais liberdade aos jogadores argentinos na frente de ataque, como providencia um Messi mais solto e com maior capacidade para fazer a diferença (como foi visível pela exibição na segunda-parte). Ter dois avançados soltos e em constantes movimentações na frente facilita o trabalho do astro argentino, que conseguiu ter sempre mais espaço para decidir e concretizar jogadas de perigo.
Logicamente que o caminho desta Argentina não é o 5-3-2 e Sabella deve ter percebido isso (mais vale tarde do que nunca). Com o 4-4-2 notaram-se melhorias, mas ainda há arestas por limar. Di María, Mascherano e Messi estão nos lugares certos, mas claramente que Gago não é jogador para ocupar o outro lugar do meio-campo. É cada vez mais evidente que falta alguém que faça a ligação entre a defesa e o ataque argentino. No meio-campo, não pode ser Messi a vir buscar a bola cá atrás. Nem Di María. E se Gago não pega no jogo e Mascherano não tem, de longe, essas características, é necessário que Sabella encontre um solução de recurso para este problema – Enzo Pérez é uma hipótese.
Quanto à Bósnia, notou-se qualidade, mas muitas dificuldades para decidir no último terço do terreno. Os médios Misimovic, Lulic e Pjanic acrescentam muita criatividade ao ataque da equipa de Safet Susic, mas é necessário que as bolas cheguem a Edin Dzeko. Numa das poucas jogadas em que os bósnios conseguiram simplificar as suas decisões na frente de ataque, acabaram por chegar ao seu golo de honra – cortesia de Vedad Ibisevic. Se assim continuar, só podem ter razões para estar otimistas, num grupo que conta com as aparentes frágeis seleções do Irão e da Nigéria.
A Figura:
Messi – Apesar de não ter sido uma exibição de “encher o olho”, o craque argentino voltou a resolver e a fazer a diferença. E esteve muito melhor na segunda parte (em 4-4-2) do que na primeira (5-3-2).
O Fora-de-Jogo:
Maxi Rodríguez – Exibição apagadíssima do experiente médio argentino, que não soube dar o dinamismo suficiente à equipa no meio-campo de 3 homens, à frente dos 5 defesas. Foi um dos grandes responsáveis pela má exibição da equipa argentina na primeira parte.