Em pleno Domingo de Páscoa, dia quatro de abril, a equipa de voleibol do SL Benfica conquistou mais um campeonato nacional, derrotando a Associação de Jovens da Fonte do Bastardo por 3-0, dando assim continuidade ao domínio na modalidade, sendo este o sexto campeonato dos encarnados nos últimos oito anos.
Depois de uma temporada em que o SL Benfica mostrava ser a equipa mais forte da Liga, a uma larga distância das demais, a pandemia viria a ditar o cancelamento da temporada sem se definir os vencedores do campeonato e da Taça de Portugal.
Chegado o Verão, apesar do SL Benfica apresentar no plantel muitos jogadores com mais de 35 anos, a equipa encarnada manteve-se praticamente inativa no mercado, renovando contrato com a maioria dos jogadores e contratando apenas o líbero Bernardo Silva, oriundo do Sporting das Caldas.
A época iniciaria com a realização da Supertaça, que teria um formato improvisado, com a participação de seis equipas. Depois de derrotar o SC Espinho e o Académico de São Mamede na Primeira Fase, o SL Benfica viria a defrontar o Sporting CP no dia 7 de Outubro de 2020, onde, apesar das dificuldades iniciais, os encarnados conseguiriam dar a volta ao resultado e vencer por 3-2.
Na final disputada no dia 4 de Novembro, o SL Benfica voltaria a defrontar o SC Espinho, que não contava com o distribuidor José Pedro Monteiro nesse jogo, e a equipa encarnada não daria hipóteses, derrotando a equipa vareira por 3-0, conquistando a nona Supertaça da sua história.
Voleibol: O SL Benfica venceu o SC Espinho por 3-0. (25-16, 25-17 e 25-21), e conquista a Supertaça de Portugal 2020!! pic.twitter.com/pZlSjKca72
— slbenfica_ao_minuto (@Slbenficaminuto) November 4, 2020
Nesta temporada, o campeonato também seria realizado com um formato diferente. Sendo disputado por 15 equipas (o CD Póvoa viria a desistir da sua participação), a liga teria uma Fase Regular onde todas as equipas se defrontariam entre si uma vez, com o campeonato a ser posteriormente dividido em dois grupos (Série Primeiros e Série Últimos), onde os pontos obtidos na Fase Regular não seriam acumulados.
No grupo composto entre os oito primeiros classificados da Fase Regular, as equipas defrontar-se-iam entre si por mais duas vezes, com os quatro primeiros classificados a qualificarem-se para o play-off. Na minha opinião, este é um formato que deveria permanecer, visto que traz mais confrontos entre as equipas mais fortes, promovendo a competitividade e a evolução individual dos jogadores, embora eu defenda que a Primeira divisão deva ter um menor número de equipas (12 no máximo).
A equipa orientada por Marcel Matz realizou uma Fase Regular imaculada, conquistando os 39 pontos possíveis nos 13 jogos realizados, nos quais contabiliza as vitórias por 3-1 em casa contra o AJ Fonte Bastardo e contra o Sporting CP no Pavilhão João Rocha.
Chegado à Série dos Primeiros, o SL Benfica voltaria a entrar na mesma com o pé direito, ao derrotar o rival leonino no seu reduto por 3-0. Isto dias depois de ter sido eliminado da Taça Challenge pelos turcos do Halkbank com uma derrota por 3-1.
Porém, já no ano de 2021, a equipa encarnada sofreu um revés com a lesão de Rapha e ao ser surpreendida duas vezes contra o AJ Fonte do Bastardo, em menos de um mês, ambas as derrotas por 3-1.
As duas vitórias contra o SL Benfica e ainda a vitória em casa contra o Sporting CP permitiu ao conjunto açoriano assegurar o primeiro lugar na Série dos Primeiros, garantindo o fator casa na final do play-off. Já na Série dos Últimos, o Ala Nun’Álvares e o CN Ginástica foram os clubes condenados à descida de divisão.
Seguir-se-ia a Final 8 da Taça de Portugal, onde depois de eliminar o Académico de São Mamede nos quartos-de-final, a equipa conseguiu a desforra contra a equipa açoriana com uma vitória por 3-1. No entanto, a equipa encarnada seria surpreendida pelo Sporting CP, ao perder por 3-1. Seria a primeira Taça de Portugal conquistada pelos verde e brancos após a reabertura da modalidade.
Voleibol: O SL Benfica perdeu com o Sporting CP por 3-1, na final da Taça de Portugal. (29-27, 25-22, 16-25 e 28-26) pic.twitter.com/zkOYhgwXKH
— Information Glorious – SL Benfica (@InformGlorious2) March 7, 2021
Com a fase das decisões a começar e o voleibol encarnado a atravessar a sua pior fase nos últimos anos, a equipa orientada por Marcel Matz deu provas da sua resiliência e capacidade de superação, começando pelas semifinais, onde, depois de derrotar os leões por 3-2 no Pavilhão João Rocha, o SL Benfica selaria a passagem à final na Luz com duas vitórias por 3-0, dando a entender que o pior já tinha passado e que estavam a regressar ao seu melhor nível.
Chegada a final contra o AJ Fonte Bastardo, a equipa encarnada conseguiu quebrar uma barreira psicológica que poderia ser determinante, ao vencer o primeiro jogo no Pavilhão da Luz, partindo para os Açores em vantagem na eliminatória. No Pavilhão Vitorino Nemésio, a equipa encarnada pôde contar com o apoio de alguns adeptos da Casa do Benfica da Terceira, naquelas que seriam as únicas vezes que a equipa teria contacto direto com os seus apoiantes.
Nos Açores, a equipa encarnada deu uma lição de superioridade, mostrando que apesar do momento menos bom que atravessou na época, era a melhor equipa e que tinha ambição de dar continuidade ao seu domínio na modalidade em Portugal. Mais do que isso, tornou-se na primeira equipa da história do voleibol nacional a decidir o play-off com três vitórias por 3-0 em três jogos.
A equipa do Fonte Bastardo apresentou um coletivo sólido, coeso e bem orientado por João Coelho, destacando-se o oposto Gabriel Santos, o central Hélder Spencer e o zona 4 Anthony Gonçalves. Porém, na final do play-off, a equipa açoriana acusou a pressão e a falta de experiência nestas andanças, sobretudo nos dois jogos em casa.
A equipa do Sporting CP, que se reforçou bastante no último mercado, mostrou a espaços um voleibol de grande qualidade, com o oposto brasileiro Paulo Victor a ser o principal destaque da equipa. Tendo conquistado a Taça de Portugal, a época dos leões também ficaria marcada por alguns problemas internos que fizeram com que a equipa não tivesse um desempenho consistente na temporada. Na minha opinião, o clube deveria optar por um projeto mais a longo-prazo, visto que ainda está alguns degraus abaixo do SL Benfica, tanto a nível individual como a nível coletivo.

Fonte: Carlos Silva/ Bola na Rede
Já o SL Benfica mostrou, no final, ser a equipa melhor trabalhada do campeonato, com um plantel de grande qualidade, um treinador capaz de extrair o melhor de cada jogador e uma estrutura competente e dedicada. Dentro da quadra, a equipa era muito competente em todos os momentos do jogo, mas sobressaía mais no serviço e no bloco.
Em relação a destaques individuais, na minha opinião, o oposto Théo Lopes foi o melhor jogador na final. O ex-internacional brasileiro assumiu a titularidade na segunda metade da época e teve algumas dificuldades em atingir um nível consistente, mas no play-off regressou ao seu melhor nível e apresentou exibições irrepreensíveis.
O zona 4 André Lopes e o distribuidor Tiago Violas também se exibiram em grande nível na final, enquanto Japa, Honoré e Peter Wohlfi estiveram bastante certinhos nas suas ações. Em relação a Rapha, mesmo sem estar a 100%, foi um jogador diferenciado nas vezes em que foi chamado a intervir.
Agora vem aí mais um mercado e volta a estar no ar a tal questão de que se este plantel precisa de uma renovação. E haverá decisões que não deverão ser nada fáceis de tomar.