Pode o Boavista FC ser a surpresa da Liga em 23/24?

O Boavista FC vai para a terceira temporada com Petit ao leme e mostra-se como um dos projetos mais seguros do futebol nacional.

A Liga Portuguesa já arrancou e algumas equipas podem causar relativa surpresa, tendo em conta os objetivos esperados e propostos. O Boavista FC é um emblema histórico do futebol nacional, tendo inclusivamente já erguido o troféu de campeão nacional por uma vez. Apesar de somente terem passado 22 anos deste feito, a equipa do Bessa nunca mais se conseguiu voltar a aproximar dos Três Grandes, como na viragem do século ousou fazer. Estamos numa era em que o SC Braga está muito mais cotado, um pensamento plenamente justificado pelas belas épocas realizadas pelos “guerreiros” e alguns degraus acima das “panteras”.

No entanto, se em temporadas anteriores o Boavista era apontado à luta pela manutenção, em 2023/24, poucos ou nenhuns analistas referiram o histórico portuense como um dos candidatos a um dos três postos mais baixos da nossa tabela classificativa. Esta ideia foi adensada pela vitória sobre o SL Benfica na primeira jornada do campeonato, por três bolas a duas, que levou os adeptos à reflexão.

Porém, como pode uma equipa que não pode realizar inscrições conseguir ter afastado as críticas com tanta facilidade? Na minha visão há três pontos que explicam este facto, além de serem a justificação para que o Boavista possa ser a grande surpresa do campeonato:

  • Estabilidade no plantel;
  • Jovens com muito potencial;
  • Reconhecimento e afirmação de Petit.

A equipa do Porto não se pode mexer no mercado através de compras, como já foi referido anteriormente, o que o obrigou a manter grande parte do seu plantel (à imagem do Rio Ave FC), levando a que todos os jogadores já conhecessem as rotinas e métodos de trabalho que são aplicados. Os verdadeiros reforços foram atletas que estavam cedidos anteriormente e que voltaram para assumir um lugar no plantel, nomeadamente Chidozie Awaziem e Tiago Morais.

Análise de Pedro Malheiro, jogador do Boavista
Dados relativos a Pedro Malheiro
Fonte: FBREF

Com as poucas mudanças na equipa às ordens de Petit, o Boavista conseguiu manter a sua base, que é muito forte em comparação com outros emblemas do nosso campeonato: Pedro Malheiro, Bruno Onyemaechi, Bozenik, Seba Pérez, Makouta, Bruno Lourenço, Bozenik… são todos elementos que podiam dar o salto sem qualquer tipo de dificuldades. Os restantes espaços terão obrigatoriamente que ser ocupados por jovens da formação e por jogadores que sabem qual a sua posição dentro do balneário, com a plena noção de que não são titulares indiscutíveis, como Sasso ou Vukotic.

Com um plantel tão curto, os jovens da formação vão fazer parte de muitas fichas de jogo e se olharmos para o plantel do Boavista, verificamos que é composto por muitos elementos abaixo dos 23 anos: João Gonçalves, Pedro Malheiro, Tiago Morais, Berna, Joel Silva, Martim Tavares… Todos estes atletas já somaram minutos em 2023/24 e seguramente outros elementos vão ser promovidos, já que é uma questão de necessidade. Ao não se poder inscrever jogadores novos, Petit terá que recorrer aos escalões abaixo dos seniores, mesmo nos treinos, onde as promessas poderão crescer com maior velocidade.

Análise de Bruno, jogador do Boavista
Dados relativos a Bruno Onyemaechi
Fonte: FBREF

No onze inicial do Boavista, já estão presentes elementos formados no clube e que podem render um bom capital para os “axadrezados”. Pedro Malheiro é o maior exemplo. O lateral direito assumiu-se como dono da posição em 2022/23 e tem sido associado a equipas com outros objetivos, como o FC Porto. O seu valor de mercado é de três milhões de euros. Em 2023/24, surgiram outros dois nomes que podem alcançar o patamar do jovem português: João Gonçalves e Tiago Morais.

O primeiro, é guarda-redes e tem sido comparado a Ricardo, que também tem uma história bonita no Bessa. Já o segundo é avançado e na temporada passada esteve cedido ao Leixões. Destinado a fazer companhia a Bozenik na frente de ataque, Tiago Morais participou em quatro jogos até ao momento (assim como João Gonçalves), tendo feito um golo. Menção honrosa para os centro-campistas Berna e Joel Silva, que têm a sua tarefa mais complicada, devido à presença de elementos como Makouta, Reisinho ou Seba Pérez.

Os jovens boavisteiros contam com a “sorte” de terem alguma experiência no plantel, para os auxiliarem no seu processo de desenvolvimento, além de tornarem o plantel mais equilibrado. Seba Pérez, Vincent Sasso, Salvador Agra, César e Filipe Ferreira são os valores com mais rodagem do Boavista. Além de possuírem qualidade para estar na Liga Portugal, podem passar conhecimento aos jovens. Curiosamente, todos eles partilham a posição com um jogador bastante mais novo, pelo menos, o que demonstra um planeamento pensado, mesmo com a limitação nas inscrições.

Análise de Makouta, jogador do Boavista
Dados relativos a Gaius Makouta
Fonte: FBREF

Por fim, há que ir ao fator treinador. Petit nunca foi reconhecido como um dos melhores técnicos do nosso campeonato, passando inclusivamente por críticas algo injustas e infundadas no começo da sua carreira. O antigo médio está no Bessa desde 2021/22 (é a sua segunda passagem no clube como líder do balneário) e com a pouca matéria-prima que tem, Petit obteve resultados bastante satisfatórios. Com uma equipa limitada e com dificuldades financeiras alcançou um 12º e um nono posto. Clubes com outros recursos acabaram por descer de divisão, o que só aumenta o feito realizado.

A verdade é que a trajetória do Boavista de Petit tem sido em crescendo e com um futebol com o selo do seu treinador (longe da exuberância), havendo claramente um ADN. Os “axadrezados” têm um jogo prático, longe dos floreados, mas que consegue retirar dos jogadores as suas melhores valias, alcançando resultados.

Análise de Bozenik, jogador do Boavista
Dados relativos a Róbert Bozeník
Fonte: FBREF

Por estes motivos, elegi o Boavista como o emblema que poderá surpreender em 2023/24. Não acredito que alcance os quatro primeiros, mas uma luta pela quinta posição é algo perfeitamente imaginável para este projeto, misturando este objetivo com o desenvolvimento de jogadores. O objetivo passará por uma temporada tranquila, mas o arranque de época deixa os adeptos a sonhar. A somar a isto, elementos como Malheiro, Makouta ou Bruno poderão encher os cofres do clube, quer em janeiro, quer no final da temporada.

Menção honrosa para o FC Famalicão, que não elegi para este texto porque considero ser uma equipa que está um passo à frente do Boavista, mas que poderá intrometer-se na luta pelo quinto lugar, algo que seria menos surpreendente que o clube eleito, mas sem desmerecer o aplauso.

Ricardo João Lopes
Ricardo João Lopeshttp://www.bolanarede.pt
O Ricardo João Lopes realizou a sua formação na área da História, mas é um apaixonado pelo desporto (especialmente pelo futebol) desde criança, procurando estar sempre a par da atualidade.

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