Sporting 2-1 Benfica | Um banho de bola “quase” inútil

Há quanto tempo não havia um domínio tão acentuado num Sporting x Benfica? Numa fase em que o calendário abraça firmemente como uma tia que não vês há meses, a cautela e a gestão são fundamentais. Ainda assim, a matilha de Rúben Amorim entrou como um Leão a caçar a sua presa favorita e o rugido, na primeira parte, foi completamente assustador. Naquela selva – Estádio de Alvalade – (e até diria mais, no futebol nacional), o Sporting deixou claro que é atualmente o rei. O Benfica não sabia por onde se meter e via mais jogar do que jogava.

Contudo, é uma faca de dois gumes: o Sporting foi muito superior, mas não capitalizou essa transcendência, desperdiçando a oportunidade de praticamente matar a eliminatória. Ao intervalo, podiam estar a golear. Na segunda parte, embora tenha marcado, o Sporting acalmou e inclusive quase deixou-se empatar. Terminou assim 2-1, um resultado em que o Benfica pode sonhar com a passagem dado o fator casa. Em suma, para quê dar um banho de bola tático destes se não se aproveita e se, no final de contas, se deixa o Benfica bem vivo na eliminatória? Amassaram, mas apenas venceram por um golo de diferença. Daí o “quase” inútil. Numa partida em que o Sporting dominou, quem reinou de verdade foi a eficácia. Para os dois lados.

No geral, este dérbi pode ser visto como um espelho da temporada. Um Sporting soberano taticamente a jogar o melhor futebol nacional que, caso não vacilasse por vezes na eficácia (apesar de ter uma média brutal de golos) ou outros aspetos, podia estar a milhas dos rivais nas diversas frentes. E um Benfica inconsistente que vive muitas vezes (especialmente os jogos grandes) à base de individualidades, porém que vai sobrevivendo e mantém-se na luta. Lidera à condição o campeonato, está vivo nas meias finais da Taça de Portugal apenas com um golo de diferença (embora tenha registado uma exibição muito fraca) e segue nos oitavos de final da Liga Europa.

A nível de opções, Roger Schmidt voltou a preferir Fredrik Aursnes na lateral esquerda, em vez de Álvaro Carreras. Olhando para a maioria dos onzes titulares do Benfica, parece que há apenas um leque de jogadores que transmite maior confiança ao treinador alemão, que não quer abdicar de certas peças como João Mário ou Ángel Di María. Por isso, é que talvez partiu contra o Sporting num ataque móvel. Com três avançados de características diferentes no banco – Arthur Cabral, Casper Tengstedt e Marcos Leonardo – é quase incompreensível a decisão de Roger Schmidt num jogo destes. Não é a primeira vez que joga inicialmente sem avançado contra um grande e não é a primeira vez que corre mal. É preciso também afinar as dinâmicas de Orkun Kokçu com Rafa Silva e restantes colegas, dado que tem jogado numa posição mais avançada, o que não está tão habituado.

Depois de falar de futebol, há o extra e a imagem entre Sebastián Coates, capitão do Sporting, e João Neves é muito forte. É de conhecimento geral o contexto do jovem médio do Benfica e, tendo em conta esse aspeto, é um momento especial. Um abraço entre dois rivais, nunca inimigos. É maior do que futebol e do que a cor clubística. É humanidade captada numa fotografia.  

Diogo Lagos Reis
Diogo Lagos Reishttp://www.bolanarede.pt
Desde pequeno que o desporto lhe corre nas veias. Foi jogador de futsal, futebol e mais tarde tornou-se um dos poucos atletas de Futebol Freestyle, alcançando oficialmente o Top 8 de Portugal. Depois de ter estudado na Universidade Católica e tirado mestrado em Barcelona, o Diogo está a seguir uma carreira na área do jornalismo desportivo, sendo o futebol a sua verdadeira paixão.

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