Jogos Europeus: polémicas e futuro

Os primeiros Jogos Europeus foram um sucesso desportivo, isto ninguém pode negar, mas e o resto, como foi?

A competição que decorreu em Baku, capital do Arzebaijão, ainda não tinha começado e já tinha duas polémicas. A primeira com a proibição da entrada de vários meios de comunicação – com destaque para o “The Guardian” – e de organizações de defesa dos direitos humanos e a segunda com o atropelamento de membros da comitiva da Áustria.

O primeiro caso não é algo de inédito neste país que conta com vários presos políticos, onde incluo jornalistas. Os jornalistas que conseguiram a entrada (todos os portugueses conseguiram) no país foram avisados de que podiam ser vigiados pelas forças de segurança azeri se tentassem fazer algum trabalho jornalístico que não sobre a vertente desportiva dos Jogos Europeus. Um claro atentado contra a liberdade de expressão e que mostra o estado em que o país vive, o de controlo absoluto.

Ainda sobre a mistura entre política e desporto a que se assistiu da parte do Arzebaijão existiram algumas respostas por parte dos outros países, como é exemplo a Alemanha, onde Angela Merkel se recusou a ir ao país.

As Flame Towers - aqui na prova de ciclismo - são uma das imagens de marca do Arzebaijão
As Flame Towers – aqui na prova de ciclismo – são uma das imagens de marca do Arzebaijão

A outra polémica que assolou o início da competição foi o acidente com três nadadoras austríacas. Um condutor de um autocarro investiu a grande velocidade contra as nadadoras, sendo que uma teve de voltar para Viena devido às lesões com que ficou devido ao atropelamento.

Mas fora estas polémicas existiu ainda a preocupação de apenas passarem na televisão as zonas mais modernas da cidade, como provam os locais onde decorreram as provas de Triatlo e de Ciclismo. Zonas modernas e de luxo capazes de fazer inveja a qualquer país. Apesar de isto ser normal neste tipo de competições não deixa de ser curioso terem feito as provas a passar por condomínios fechados.

Passando agora para o plano apenas desportivo existem dois aspectos que gostava de destacar; falo da natação e do atletismo. Estas, que são as duas principais modalidades dos Jogos Olímpicos, aqui tiveram um papel pouco importante. O atletismo ficou reservado aos 12 países que compõem a terceira divisão europeia (Portugal está na segunda divisão) e com isto perdeu grande protagonismo. A natação por seu lado era aberta a todos os países e nadadores desde que ainda fossem juniores. Uma competição deste género tem de ter os melhores nadadores e não os que podem vir a ser os melhores, havendo provas destinadas a estes.

Outro factor que marcou esta competição foi a pouca adesão do público tirando quando a seleção da casa jogava, isto nas competições coletivas. Nas provas de estrada, principalmente no Triatlo, as estradas estavam vazias, provavelmente por as pessoas não poderem ir para os tais locais de que já falei atrás. Em arenas como a Natação ou onde decorreram as Artes Marciais, em que estavam sempre a decorrer provas e não dava para aparecer apenas quando os atletas azeris estavam em prova, também se via pouco público, sendo a grande maioria das comitivas que estavam em prova.

A Rússia dominou o medalheiro e venceu a primeira presença do Futebol de Praia numa grande competição
A Rússia dominou o medalheiro e venceu a primeira presença do Futebol de Praia numa grande competição

Quanto ao futuro da competição ninguém sabe responder bem qual é. A ideia da prova é a de ser de quatro em quatro anos, tal como todas as grandes competições desportivas. Mas para já ainda não se sabe onde vai ser a próxima edição depois de a Holanda ter recusado a organização que lhe tinha sido atribuída. Assim a prova pode voltar à Ásia, pois a principal candidata à organização é Istambul. A cidade turca anda há vários anos a tentar organizar os Jogos Olímpicos e vê na organização dos Jogos Europeus a oportunidade ideal para mostrar as suas capacidades organizacionais.

Mas os Jogos Europeus têm um novo adversário: em 2018 nasce o European Sports Championship, uma competição que vai reunir os europeus de Atletismo, Natação, Ciclismo, Triatlo e Remo em Berlim e Glasgow. Isto é um problema uma vez que não faz sentido existirem dois eventos que concentrem as atenções europeias apesar de existirem algumas diferenças entre os mesmos.

O facto de a competição acontecer um ano antes dos Jogos Olímpicos é outra coisa que não me agrada, sendo que na minha opinião a prova devia acontecer a meio da preparação olímpica, ou seja, dois anos antes de uma nova edição. Sendo assim a data da nova competição (2018) era ideal.

Resumindo, esta é uma competição que tem tudo para dar certo no panorama europeu mas que sofre de todos os problemas de algo novo. Para os Jogos Europeus ganharem uma maior credibilidade vão ter de ser organizados por um país da chamada Europa civilizada e sair de países asiáticos que pretendem mostrar que pertencem à Europa, como acontece com o Arzebaijão e a Turquia, se receberem mesmo a próxima edição.

Todas as imagens são do facebook oficial da prova

Rodrigo Fernandes
Rodrigo Fernandeshttp://www.bolanarede.pt
O Rodrigo adora desporto desde que se lembra de ser gente. Do Futebol às modalidades ditas amadoras são poucos os desportos de que não gosta. Ele escreve principalmente sobre modalidades, por considerar que merecem ter mais voz. Os Jogos Olímpicos, por ele, eram todos os anos.                                                                                                                                                 O Rodrigo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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