Euro 2024, meia-final: terça-feira, 9 de julho de 2024, 20h00.
A ANTEVISÃO: BERLIM É JÁ AO VIRAR DA ESQUINA
Dois países separados pelas montanhas dos Pirinéus, que juntos, reúnem cinco Campeonatos da Europa. A França era a favorita antecipada e a Espanha tornou-se a principal candidata com o decorrer do torneio. Num jogo que contará com os melhores jogadores do mundo e com dois estilos contrastantes, apenas uma equipa seguirá para Berlim para disputar a final. Quem será? O passado diz-nos alguma coisa?
O passado de jogos entre estas duas equipas não nos diz muito. Só se confrontaram uma vez desde 2013 e foi na final da Liga das Nações, em 2021, num embate que terminou com vitória francesa por 2-1. Mas a verdade é que muitos dos protagonistas não estarão em Munique, na terça-feira.
A Espanha contou com César Azpilicueta, Eric García, Marcos Alonso, Sergio Busquets, Gavi e Pablo Sarabia, enquanto que a França teve no seu 11 nomes como Hugo Lloris, Raphael Varane, Presnel Kimpembe, Paul Pogba e Karim Benzema (que marcou um dos golos). São onze jogadores que não terão papel nesta meia-final.
Então se não podemos olhar para o historial de confrontos entre estas duas equipas, o que podemos retirar dos cinco jogos que cada equipa disputou neste Campeonato da Europa?
Defensivamente, são as duas melhores defesas ainda em competição, com apenas um golo sofrido até agora. Curiosamente, apresentam um número semelhante de desarmes efetuados com sucesso: França com 53 e Espanha com 51. A diferença é que a França efetua (e vence) mais desarmes no seu terço defensivo, enquanto que a Espanha age mais no meio e na frente. Isso comprova a teoria que são duas defesas sólidas muito distintas.
A França não se importa de oferecer mais iniciativa ao adversário e baixar o seu bloco para mais perto de Mike Maignan, explorando depois as costas da defesa contrária utilizando a velocidade dos seus atacantes, enquanto que a Espanha gosta de jogar com a bola e defender alto, para quando a recuperar estar mais perto da baliza oposta.
Pode ser esta a tendência da meia-final, com uma França mais expectante, como foi contra Portugal, em que acabou com 40% de posse de bola, e uma Espanha mais proativa na busca do golo.
A diferença entre Portugal e Espanha é a diferença de eficácia em jogo posicional de ambas. Este pode ser o ponto diferenciador para o jogo de Munique.
Ao contrário de Portugal, que sofreu para desmontar os blocos baixos da Chéquia, Geórgia, Eslovénia e, em momentos, da França, a Espanha especializou-se nesse momento do jogo. Não deu hipóteses à Itália e goleou a mesma Geórgia (nos oitavos de final) por 4-1. A explosão de Nico Williams (à esquerda) e a criatividade de Lamine Yamal (à direita) têm dado dores de cabeça a todos os adversários. Depois há mobilidade constante de Morata na frente, ruturas e jogo entrelinhas de Dani Olmo, perigo à entrada da área na forma de Fabián Ruiz e Rodri e variabilidade de movimentos em ambos os laterais. É uma equipa com dinamismo e padrões ofensivos. Quer isto dizer que a França está destinada à eliminação?
Não, claro que não. Se há um ponto fraco na Espanha é a linha defensiva. Linha essa que não terá Robin Le Normand e Dani Carvajal, por suspensão. Há que aproveitar esse lado direito da defesa espanhola, que poderá ver Jesús Navas, Nacho e/ou Dani Vivian, quer no contra-ataque (como fez a Geórgia), quer em jogo posicional (como fez a Alemanha na segunda parte do jogo dos quartos de final). Ataque continuado não é o forte da formação de Didier Deschamps, mas a França não pode contar apenas com sobreviver. Há qualidade nas opções atacantes para mais que isso. Veremos…
É mais uma final antecipada e todas as condições estão reunidas para o jogo ser isso mesmo, imperdível. Mas uma ficará pelo caminho e a outra avançará para a final, onde será, muito provavelmente, a favorita a vencer a competição.
10 DADOS RÁPIDOS
- Até este jogo, Espanha e França encontraram-se um total de 36 vezes.
- A Espanha tem-se superado neste duelo, vencendo em 16 ocasiões – 13 vitórias francesas e 7 empates.
- A vitória mais desnivelada ocorreu dia 14 de abril de 1929, data em que a Espanha ganhou à França por 8-1 num jogo de caráter particular.
- Houve quatro jogos entre as duas formações em Campeonatos da Europa, com a França a ter ligeira vantagem com duas vitórias em comparação com a vitória espanhola isolada.
- Entre 1983 e 2000, encontraram-se oito vezes num período em que os espanhóis não conseguiram bater os gauleses uma única vez – 6 vitórias da França e 2 empates.
- Mas nos dez jogos seguintes, a Espanha saiu vitoriosa em 6 ocasiões (apenas 3 vitórias francesas).
- O primeiro confronto aconteceu a 30 de abril de 1922 com uma vitória espanhola por 4-0 em solo francês.
- Os primeiros títulos europeus de cada seleção ocorreram nos Europeus disputados em casa – Espanha 1964 e França 1984.
- Os dois centrais espanhóis mais utilizados neste Campeonato da Europa – Robin Le Normand e Aymeric Laporte – nasceram em França.
- Enquanto que o lateral esquerdo francês, Théo Hernández, tem descendência espanhola.
JOGADORES A TER EM CONTA
Fabián Ruiz – O médio do PSG tem sido um dos destaques da competição e já leva dois golos e outras tantas assistências no Euro 2024. A par de Yamal e Nico Williams, é um dos jogadores mais importantes do 11 espanhol e, neste jogo frente a vários companheiros de clube, o médio de 28 pode ser decisivo na batalha a meio-campo.
Kylian Mbappé – Não podemos dizer que, até ao momento, este tenha sido o Euro de Mbappé, mas a verdade é que é nos momentos de decisão que os heróis se mostram. Antes da viagem para a capital espanhola, o avançado gaulês pode ter a oportunidade de fazer uma desfeita ao país que o vai receber em breve.
XI´s PROVÁVEIS
Espanha: Unai Simón; Jesús Navas, Nacho Fernández, Aymeric Laporte e Marc Cucurella; Rodri, Fabián Ruiz e Dani Olmo; Lamine Yamal, Álvaro Morata e Nico Williams
Treinador: Luis de la Fuente
«É uma oportunidade fantástica. Fizemos muito para estar aqui. Este jogo, como contra a Alemanha, podia ser uma final. São jogos de detalhes e cometer poucos erros. O nosso modelo aproxima-se de um bonito espetáculo. Somos uma equipa atrativa, mas aqui trata-se de ganhar. Há que ser vistosos, mas também práticos. Espanha melhor seleção? Se pretendem uma análise fácil não o vão conseguir. Para mim temos a melhor equipa. Pensava isso quando cheguei e vou pensar assim até ao fim».
França: Mike Maignan; Jules Koundé, Dayot Upamecano, William Saliba e Théo Hernández; Aurélien Tchouaméni, N’Golo Kanté, Eduardo Camavinga e Antoine Griezmann; Marcus Thuram e Kylian Mbappé
Treinador: Didier Deschamps
«É preciso tentar impedi-los de receber a bola e limitar as suas capacidades ofensivas no jogo. Ter a posse de bola ou não permitir que eles recebam da melhor maneira possível. São jogadores que têm um ponto extra fisicamente, que torna a Espanha mais competitiva».
PREVISÃO DE RESULTADO: Espanha 2-1 França