O Tottenham é cada vez mais um clube formador de talento e comprador de jovens promessas em todas os cantos do globo. Como praticamente todos os clubes da Premier League, é certo também que não deixa de despender largos sacos de libras em alguns ativos, dada a competitividade do campeonato inglês, mas hoje não é sobre isso que escrevo e sim sobre a juvenilidade que começa a compor o plantel do Norte de Londres.
A política de contratações de um clube, mais do que relacionada com o aspeto tático do jogo, está dependente do diretor desportivo. A chegada de Johan Lange a um de novembro de 2023 foi preponderante neste quesito, para o lugar que pertencia a Fabio Paratici, que tinha sido afastado pela FIFA na sequência de um processo decorrente dos tempos em que trabalhou na Juventus.
“We see every transfer window as an opportunity to progress and build the squad in the direction we want to take it… It’s not a one or two window job but the Club has taken some very important steps”
— Tottenham Hotspur (@SpursOfficial) February 8, 2024
Technical Director Johan Lange reflects after the January transfer window ▶️ pic.twitter.com/FDav7gHJR5
O italiano no seu tempo no clube, para além do óbvio talento do futebol italiano (Dejan Kulusevski, Rodrigo Bentancur e Cristian Romero), trouxe jovens algo desconhecidos no panorama internacional como Destiny Udogie (Udinese) e Pape Matar Sarr (Metz), embora que sem grande aposta inicial. O objetivo passava sempre por assegurar o talento, mas voltar a emprestá-lo à fonte.
Com a chegada do dinamarquês, e em pouco menos de um ano o Tottenham contratou Radu Dragusin (Genoa), Archie Gray (Leeds United), Wilson Odobert (Burnley), Lucas Bergvall (Djurgarden), Min-Hyeok Yang (Gangwon FC) e Luka Vuskovic (Hajduk Split), tudo reforços com idade igual ou inferior a vinte anos, se excetuarmos o central romeno, que soma vinte e dois aniversários. Para além disso é preciso referir que vários destes nomes são cotados como das maiores esperanças dos seus respetivos países, falo de Lucas Bergvall (Suécia), Min-Hyeok Yang (Coreia do Sul), Luka Vuskovic (Croácia) e Radu Drăgușin, o melhor romeno no Europeu 2024.
Dificilmente, todos serão apostas no imediato ou a médio prazo, podendo alguns dar rendimento desportivo e/ou financeiro. Desta lista, para além de Radu Drăgușin, já estabelecido na primeira equipa, apenas Archie Gray, Lucas Bergvall e à partida Wilson Odobert farão parte dos planos de Ange Postecoglou para a temporada 2024/2025.
Falar de Ange Postecoglou é também falar da importância do técnico nas contratações do mercado de verão da época anterior, no período entre a saída de Paratici e a chegada de Lange. A par de Scott Munn, o técnico australiano ajudou a trazer Guglielmo Vicario (Empoli), James Maddison (Leicester City), Micky Van de Ven (Wolfsburgo) ou Brennan Johnson (Nottingham Forest).
Postecoglou é também responsável pelo impulsionamento de vários jovens no plantel dos spurs, como Destiny Udogie ou Pape Matar Sarr, que quando disponíveis foram apostas certeiras e regulares no modelo de jogo do antigo treinador do Celtic. Os próximos a se fixarem nas escolhas parecem ser os médios Lucas Bergvall e Archie Gray, e se juntarmos os jovens da formação há Will Lankshear, Jamie Donley, Alfie Devine, Tyrese Hall, Alfie Dorrington e claro Mikey Moore, a aparecer.
Futebolisticamente falando, quem são estes jogadores, que farão parte do plantel 2024/2025?
- Archie Gray: É um multifacetado inglês de 18 anos, que fez uma bela temporada de Championship ao serviço do Leeds. Pode jogar a médio defensivo, como segundo médio, ser um lateral direito construtor e até fez de defesa central na pré-temporada. Tem uma capacidade de condução enorme, para sair de pressão e quebrar linhas de pressão e uma compreensão do jogo fora do comum, tornando-o um exímio ocupador de espaços. Destaca-se ainda pela liderança e maturidade, apesar da tenra idade. Pode fazer parte da lista de capitães num futuro não muito longínquo.
- Lucas Bergvall: Num negócio que o Tottenham levou a melhor ao Barcelona e por apenas dez milhões de euros, Lucas Bergvall é um luxo. Robusto fisicamente, é um simplificador do jogo, mete passes de rutura e tanto sabe verticalizar como variar jogo. Aguenta a carga e tem requinte em espaços curtos. Para além disso, tem um raio de ação enorme e recupera bolas. Tem a bagagem toda para chegar ao topo do futebol mundial.
- Wilson Odobert: O jovem francês chegou do Burnley na semana passada e por isso ainda não há qualquer amostra do que pode fazer com a camisola lilywhite ao peito. Já com uma época de Premier League nas costas sob o comando de Vincent Kompany, o extremo vem adicionar velocidade, capacidade de um para um e algum “futebol de rua” aos flancos do Tottenham. Apesar de tudo isto, é justo dizer que ainda é um projeto de extremo.
- Mikey Moore: Já longe de Harry Kane, Kyle Walker, Dele Alli ou das esperanças em Oliver Skipp e Harry Winks, que até já abandonaram o clube, a academia do Tottenham tem em Mikey Moore uma das maiores promessas do futebol inglês. Apesar de Ange Postecoglou o ter usado na meia direita na pré-temporada, Mikey Moore tem no flanco esquerdo o seu lugar preferido no terreno do jogo. Gosta de fazer movimentos interiores com bola e tentar a meia distância com o seu remate que para além de ser colocado, é também potente, uma bomba-relógio, no fundo. O seu equilíbrio distinto permite esquivar-se por entre os adversários e aguentar cargas sem cair. A par de Ethan Nwaneri, foi dos melhores da seleção inglesa no Europeu sub-17 do presente ano.
Com tudo isto, é possível perceber que o Tottenham tem que gerir bem as idas ao mercado, pois muitas das soluções futuras do clube poderão estar dentro de portas.