O toque, a euforia e o perigo

cab premier league liga inglesa

O ano era 2002. Chegava à academia “Fletcher Moss Rangers” o pequeno Marcus. Não era o miúdo que mais brilhava, aquele que melhor adornava a bola, mas parecia ter o toque especial de quem era destinado ao sucesso e dois anos depois integraria os escalões de formação do maior clube da cidade, o Manchester United.

Com 7 anos, continuou sem ser o jogador mais brilhante, mas o toque nunca lhe saiu dos pés. Nunca o quiseram levar da academia, nem o United se quis vir livre dele. Pelo contrário, “guardou-o” e viu esse investimento render frutos quando Marcus foi chamado às selecções de sub16 e sub 18 de Inglaterra.

Não correspondeu à chamada e não teve a oportunidade de marcar golos nestas internacionalizações, porém, Marcus não baixou os braços e acreditou que o seu momento, eventualmente, chegaria…

… e chegou. Passados 14 anos desde que começou a jogar “à bola”, 12 desde que foi inscrito na academia do Mancester United, Marcus beneficiou das lesões de Martial, Rooney e… Will Keane, para agarrar o lugar num onze. O adversário era acessível, é certo (Midtjyilland), mas a obrigatoriedade de seguir em frente nas competições europeias depois de um resultado adverso na 1ª mão da eliminatória conferia aos onze homens titulares uma responsabilidade acrescida.

Rashford recebeu o prémio do melhor jogador do Manchester United no mês de Fevereiro. A euforia na forma de um galardão, com tudo o que tem de perigoso Fonte: Manchester United
A euforia na forma de um galardão, com tudo o que tem de perigoso
Fonte: Manchester United FC

Marcus não tremeu. Sabia que era aquela a tal oportunidade que devia agarrar. E fê-lo, numa exibição repleta de esforço e voluntarismo recompensada com dois golos. O primeiro, num remate no coração da àrea a igualar a eliminatória (2-1), o segundo, 12 minutos depois a colocar os red devils por cima do despique, dando conforto e segurança à equipa para explanar o seu jogo e golear por 5-1.

Não ficaria por aqui. Em bom momento de forma, e face à indisponibilidade dos supostos senhores da posição onde actua, Rashford voltou a ser chamado ao onze. Num clássico diante do Arsenal. E não deixou mal os adeptos que nele depositaram esperanças. Inaugurou o marcador, num lance em que a bola lhe sobrou para os pés (como se fosse destino) após um corte defeituoso, e dilatou a vantagem três minutos depois, com um cabeceamento à ponta-de-lança. O Arsenal viria a reduzir, e isso chegou a atemorizar o United, mas Rashford voltou a estar presente num momento importante, e depois de ganhar posição sobre defesas contrários assistiu Herrera para um golo que deu tranquilidade (3-1) à equipa. O Arsenal fez o 3-2, mas o resultado não sofreria alteração.

No dia seguinte, foi para a escola, terá sido idolatrado pelos seus colegas, as miúdas terão olhado para ele de outra forma… enfim, tudo menos uma segunda-feira normal, mas igual à que nomes como os de Federico Macheda, James Wilson e outros tantos terão tido no dia a seguir a estreias ou exibições mais auspiciosas e carregadas de esperança. Ambos foram formados no clube, mas ainda não conseguiram dar seguimento aos bons desempenhos que tiveram quando debutaram. Ambos marcaram na estreia, golos decisivos para as vitórias do United, e deixaram um rasto de ilusão que entretanto se foi perdendo. Macheda, provavelmente, não o voltará a encontrar, porque ele próprio não se tem encontrado competitivamente. Wilson vai muito a tempo, mas ainda não chegou a ser o que prometeu a sua estreia.

Rashford poderá ser diferente, claro que sim. Tem um contexto mais favorável – Van Gaal tem um fraco por jovens pontas-de-lança (Muller é o exemplo mais flagrante) – que os seus “antecessores”, mas pode, também, eventualmente, fracassar.

Para já, abriu-se uma janela de esperança, resta saber se é dada continuidade. Por agora, disfruta-se da entrada de ar fresco num quarto (balneário) nauseabundo. Mas os perigos do comodismo e da idolatria mantêm-se à espreita.

Foto de capa: Manchester United FC

Pedro Machado
Pedro Machado
Enquanto a França se sagrava campeã do mundo de futebol em casa, o pequeno Pedro já devorava as letras dos jornais desportivos nacionais, começando a nascer dentro dele duas paixões, o futebol e a escrita, que ainda não cessaram de crescer.                                                                                                                                                 O Pedro não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

Atlético de Madrid sofre baixa de última hora para o duelo com o FC Porto

Pablo Barrios é baixa do Atlético Madrid para o jogo frente ao FC Porto no Estádio do Dragão, devido a problemas musculares.

Al Nassr de Jorge Jesus derrotado pelo Estrela Amadora na Cidade do Futebol

O Al Nassr perdeu este domingo com o Estrela Amadora por 1-0 na Cidade do Futebol. Alan marcou o golo decisivo.

Ruben Amorim comenta relação com Sir Jim Ratcliffe: «Sei que é o dono do clube, mas quando preciso dizer algo, digo sem tretas»

Ruben Amorim tem uma boa relação com Sir Jim Ratcliff, coproprietário do Manchester United. Eis o que disse.

Lyon perto de fechar médio do Liverpool por 17 milhões de euros e Paulo Fonseca elogia jogador: «Tem as características ideais»

Tyler Morton está cada vez mais próximo de ser reforço do Lyon. O médio inglês de 22 anos está ao serviço do Liverpool.

PUB

Mais Artigos Populares

Ruben Amorim: «Quero ficar 20 anos no Manchester United. É o meu objetivo e acredito verdadeiramente»

Ruben Amorim quer ficar 20 anos no Manchester United. Técnico português pretende deixar marca nos Red Devils.

Ruben Amorim confirma lista de capitães do Manchester United

Ruben Amorim falou à comunicação social inglesa. Técnico português confirma lista de capitães no Manchester United.

Manchester United define preço para transferir Rasmus Hojlund neste mercado

O Manchester United está na disposição de transferir Rasmus Hojlund. O clube da Premier League pretende 35 milhões de euros.