Os grandes favoritos à conquista da Champions League 

Os adeptos do futebol já salivam pelo futebol ao mais alto nível e para que soe aquele épico hino da Champions League, que arrepia todos aqueles que amam o desporto-rei. Começa dentro de uns dias a próxima edição da prova milionária de clubes. 

Por modelos de jogo já muito bem trabalhados, por equipas com uma identidade muito própria de jogo e baseado no investimento astronómico de algumas das equipas neste defeso, decidi dissecar sobre aqueles que eu considero os máximos favoritos para a conquista desta Champions.

Não seguirei nenhuma ordem em particular, até porque prevejo que esta vai ser das edições mais disputadas e equilibradas dos últimos anos. 

O novo formato (estreado na época transacta), foi inicialmente criticado pela maioria dos intervenientes deste espetáculo em que se tornou o futebol, mas gradualmente foi conquistando os mais críticos e cépticos (nos quais eu me incluo). 

Este formato de “liguilha” com 36 equipas (com quatro jogos fora e quatro jogos em casa), aumenta claramente a competitividade dos jogos, e faz com que as equipas mais poderosas tenham de dar tudo de si em qualquer jogo, sob pena de não se qualificarem dentro do lote de 24 equipas que se apuram para a fase seguinte, como foram o caso do atual campeão PSG (que esteve bem perto de ficar fora desse lote), ou do Manchester City, que também só garantiu o apuramento na última jornada.

É igualmente importante que as equipas com mais ambições na prova, consigam entrar no top 8, para evitar jogar um play-off de acesso aos oitavos de final da prova. No ano passado, o play-off ditou um Real Madrid-Manchester City por exemplo, e os comandados de Pep Guardiola (tendo o seu pior ano de sempre, há que o dizer) foram afastados nesta fase da competição, depois de serem totalmente dominados pelo clube merengue.

Começando por aquele que deve ser considerado um dos máximos favoritos, senão o maior de todos: os ingleses do Liverpool. Na primeira metade da época passada, eram sem dúvida a equipa em melhor forma da Europa (a par do Barcelona), haviam adeptos que sonhavam legitimamente com o “quadruple”, que consiste em ganhar todos os títulos que as equipas inglesas podem conquistar numa determinada época desportiva: FA Cup, Taça da Liga, Premier League e Champions League.

Mas o rendimento da equipa (para o qual contribuiu igualmente uma deficiente gestão de plantel de Arne Slot) desceu vertiginosamente em meados de Janeiro. Foram campeões ingleses, porque já se tinham conseguido distanciar pontualmente dos seus rivais mais diretos (nomeadamente o Arsenal), mas o jogo perdeu fluidez, intensidade e deu a clara impressão de que os jogadores acabaram muito desgastados fisicamente devido à excessiva carga de jogos. 

Neste defeso, para colmatar saídas e a trágica perda do malogrado internacional português Diogo Jota, o Liverpool investiu mais de 400 milhões (!) de euros na sua equipa principal, destacando-se os investimentos no talentosíssimo médio ofensivo alemão Florian Wirtz (mais de 130 milhões de euros), os 95 milhões de euros no ponta-de-lança francês Hugo Ekitike e acima de tudo os mais de 140 milhões de euros pagos num dos avançados da moda e um dos melhores da Premier League: o avançado sueco Alexander Isak.

Para as alas defensivas, o Liverpool também contratou para o lado direito o holandês Jeremie Frimpong (para suprir a saída de Trent Alexander-Arnold para o Real Madrid) e o húngaro Milos Kerkez para o lado esquerdo da defesa, contribuindo para isso a significativa quebra de produção do escocês Andy Robertson. É verdade que falhou in extremis no fecho do mercado a contratação do defesa-central Marc Guehi, que é sem dúvida um dos melhores centrais da Premier League, mas a abundância de soluções ofensivas é tão grande e de tanta qualidade, que eu tenho de considerar a equipa de Arne Slot, como a grande candidata a vencer a Champions.

Talvez esta minha atribuição de maior candidato ao Liverpool, tenha uma ligação direta com o fato de querer que a equipa inglesa seja muitíssimo bem sucedida após perder de forma tão trágica Diogo Jota (que tributos tão emocionantes lhe têm prestado), um jogador tão consensual, tão querido pelos adeptos e dentro do grupo de trabalho, e que era respeitado pela generalidade dos seus rivais, o que é raríssimo nos dias que correm.

Também tenho como um dos grandes favoritos à conquista da Champions League, os espanhóis do Barcelona. Na minha modesta opinião, contam nas suas fileiras com o melhor jogador do mundo da atualidade: Lamine Yamal. O endiabrado e entusiasmante extremo espanhol de apenas 18 anos teve uma eliminatória assombrosa contra os italianos do Inter Milão nas meias-finais (apesar de saber que não existe justiça no futebol) da edição passada, cuja equipa foi eliminada apenas por detalhes.

E o maior detalhe, tem a ver com o modelo de jogo do alemão Hansi Flick. Um modelo de jogo bastante reconhecível, mas assente numa táctica kamikaze que desgasta muito os seus jogadores, a nível físico e mental. Não se pode jogar sempre ao ataque e com a defesa tão subida, muitas vezes já dentro do meio-campo adversário. 

A concessão de oportunidades de golo por parte do Barcelona, é algo surreal. Joan Garcia (vindo do rival Espanhol) é um guarda-redes de enorme potencial, e pode dar mais segurança e tranquilidade ao sector defensivo, que ficou órfão de Iñigo Martinez, um dos jogadores-chave no esquema do treinador germânico, pela sua liderança, capacidade de antecipação e grande leitura de jogo, sendo o comandante da defesa avançada do Barça.

É verdade que a equipa marca imensos golos, e que tem muita alma (tantas foram as remontadas no ano passado), mas isso não é sustentável numa competição que é quase sempre definida no pormenor, e que muitas vezes premeia quem defende melhor. Se Flick e a sua equipa tiver aprendido a dura lição da época passada, acredito que possam novamente estar na luta pela “Orelhona” (nome pelo qual é conhecido o troféu da Champions).

Na época passada, Hansi Flick teve o condão de melhorar a generalidade dos seus jogadores, e de tirar o máximo potencial da generalidade do seu plantel. A atravessar uma grave crise financeira (que inclusive tem acarretado vários problemas na inscrição dos jogadores), o técnico alemão vai tentar dar continuidade à excelente época da equipa blaugrana, e quem sabe, também não consiga recuperar a melhor versão de Marcus Rashford, um dos poucos reforços da equipa espanhola.

Essa final que o Barcelona não chegou a disputar, foi ganha de forma categórica pelos franceses do PSG, numa final sem história e onde de histórico só ficou o resultado (5-0 a favor dos parisinos), que conquistaram assim a tão desejada primeira Champions da sua história, e curiosamente, no ano seguinte a terem perdido Kylian Mbappé, que decidiu ir para o Real Madrid porque sentia que não iria conseguir ganhar a Champions com o PSG. Aqueles sortilégios a que o futebol já nos habituou.

Não houve grandes mexidas neste defeso (sendo a mais surpreendente de todas a saída do guardião italiano Gigi Donarumma, por opção de Luis Enrique), mas tratando-se de uma equipa de autor, de processos bem definidos e muitíssimo bem trabalhada pelo técnico espanhol, estou convicto de que caso consiga manter a minha mesma ambição e continuar a plasmar em campo as ideias do seu treinador, é bem possível que vejamos o PSG (em que algumas das suas maiores figuras são portuguesas, como no caso de Vitinha) a lutar pela revalidação do título.

Falando da equipa pela qual Mbappé decidiu sair de Paris, o Real Madrid tem um ano bastante desafiante. Agora sob o comando de Xabi Alonso (que substituiu o italiano Carlo Ancelotti), a equipa tentará voltar aos seus pergaminhos históricos nesta competição e a voltar a ser uma equipa com legítimas aspirações de a ganhar pela 16ª (!) vez, sendo que ganharam seis das últimas doze edições. Estas estatísticas refletem bem o poderio dos merengues nesta competição.

Renovaram a equipa com a contratação de três dos jogadores jovens mais promissores a nível mundial: o defesa-central espanhol Dean Huijsen (que tem das melhores saídas de bola que eu já vi num central), o defesa-esquerdo Álvaro Carreras (ex-Benfica) do médio-ofensivo Franco Mastantuono, de apenas 18 anos, mas já internacional pela Argentina. 

Mbappé começou o ano num estado de forma absurdo, ao contrário de Trent Alexander-Arnold (a contratação mais sonante do mercado do Real Madrid), que tem tido um início de ano pífio e que a manter-se assim, dificilmente não perderá a titularidade para Dani Carvajal. Se Xabi Alonso conseguir recuperar a melhor versão de Vinicius Júnior, o Real Madrid poderá voltar a ter a oportunidade de conquistar a prova que é a que mais ilusão desperta nos seus adeptos.

E para terminar esta lista de máximos candidatos no top 5 que defini para a edição deste ano, temos o carrasco do Real Madrid nos quartos-de-final da época passada: os ingleses do Arsenal. Muitos foram os que atribuíram a eliminação anterior do Arsenal frente ao PSG nas meias-finais da prova, ao fato de não ter um avançado de referência e não ter um finalizador puro no plantel. 

Acabaram a época privados dos lesionados Gabriel Jesus e Kai Havertz e jogaram as eliminatórias finais da Champions com o médio espanhol Mikel Merino de falso 9 adaptado, onde foi uma das grandes estrelas da eliminatória contra o Real Madrid, mas que não conseguiu repetir a mesma dose contra o PSG, que beneficiou de uma exibição extraordinária do seu guarda-redes Donarumma, nomeadamente no jogo da segunda-mão em Paris.

Para esta época, fizeram investimentos cirúrgicos, que têm o propósito de tornar o plantel mais completo e apto a poder lutar verdadeiramente pela conquista da primeira Champions League da sua história. 

Apesar de considerar que todas as fichas estão apontadas para voltar a ser campeão inglês ao fim de mais de 20 anos, a equipa do Arsenal fica consideravelmente mais forte com as adições do avançado sueco Viktor Gyokeres (que deliciou os adeptos do Sporting durante duas épocas de um rendimento sensacional) e do médio defensivo espanhol Martin Zubimendi, que permitirá que Declan Rice consiga subir mais no terreno e fazer mais uso da sua tremenda capacidade de finalização.

Tem das linhas defensivas mais seguras da Europa, Arteta tem feito um trabalho brilhante, ao qual só falta o resultado final. Se não conseguirem ganhar a Premier League, acredito que os adeptos dos gunners ficarão igualmente eufóricos com a conquista da Champions League. Gyokeres vai necessitar de que lhe concedam o natural tempo de adaptação, é um avançado com características muito próprias e muito provavelmente não é o avançado idóneo para o futebol que Arteta quer praticar, mas é necessário ter paciência. Eu continuo a pensar que Gyokeres vai ter um papel preponderante nesta época dos londrinos.

Numa segunda prateleira de favoritos, jamais posso descurar e menosprezar os italianos do Inter Milão, finalistas por duas vezes nas últimas três edições. Agora liderados por uma lenda do clube (o romeno Cristian Chivu), certamente que irão querer limpar a imagem do resultado embaraçoso da última final. Uma equipa italiana de orgulho ferido e com muita experiência, e jamais a poderei retirar do lote de candidatos à conquista da competição.

Para além do Inter Milão, devo igualmente mencionar os ingleses do Manchester City (que operaram uma autêntica revolução no seu plantel) que no último ano da vigência do histórico Pep Guardiola, certamente quererão fazer uma boa figura nesta competição.

Um plantel que dispõe de Reijnders, Cherki, Bernardo Silva, Rodri e Haaland (entre outros), continua a ter imensa qualidade e caso os novos reforços assimilem rapidamente as ideias de Guardiola e Rodri volte ao seu melhor nível, o Manchester City pode claramente ser um dos adversários a ter mais em conta para a conquista da Champions League. Mas isso só será possível se melhorar a consistência defensiva da sua equipa. Caso a equipa consiga estabilizar, eu não os descarto desta luta pela vitória na prova milionária.

Os alemães do Bayern Munique são igualmente uns crónicos candidatos/favoritos. Só não os coloco no top 5 anteriormente mencionado, porque têm um plantel bastante curto (privados de Jamal Musiala e Alphonso Davies por mais alguns meses), e não é sustentável querer ser competitivo utilizando apenas 15 (!) jogadores, apesar de entretanto terem recuperado a hegemonia na Bundesliga. 

Num calendário cada vez mais longo, é necessário ter um vasto plantel para poder cobrir alguma lesão que possa acontecer, algo que o próprio Harry Kane (que já sabe finalmente o que é ganhar títulos) verbalizou. O colombiano Luis Díaz (vindo do Liverpool) assentou como uma luva no esquema do belga Vincent Kompany, podendo ser determinante, juntamente com o francês Olise e o inglês Kane para semear o pânico nas defesas adversárias, e poderem estar nas rondas finais da Champions League.

Num escalão abaixo de Inter Milão, Manchester City e Bayern Munique, destaco a possível surpresa que os ingleses do Tottenham e do Chelsea poderão causar nesta edição da Champions. Vencedores da Liga Europa, o Tottenham tem uma das melhores duplas de centrais da Europa no holandês Micky Van de Ven e o argentino Cristian Romero. O treinador Thomas Frank já demonstrou ser um grande conhecedor do jogo, e além disso, João Palhinha veio trazer muito equilíbrio e robustez ao meio-campo da equipa dos Spurs, sendo que o ganês Mohammed Kudus é um dos jogadores mais desequilibradores da Europa.

No caso do Chelsea (atuais vencedores da Liga Conferência e campeões do mundo de clubes), é igualmente uma equipa a ter em conta. Enzo Maresca está a fazer um excelente trabalho, e conta com uma dupla de meio-campo muito intensa e sólida (Enzo Fernández e Moisés Caicedo), apoiados na velocidade estonteante do extremo português Pedro Neto, na magia do prodígio brasileiro Estêvão e na classe de um jogador, que na minha modesta e humilde opinião, é um dos jogadores mais subvalorizados do mundo: Cole Palmer. 

O médio ofensivo inglês é dos poucos jogadores que pode resolver um jogo de um momento para o outro. A sua criatividade e capacidade de criar espaços por si mesmo, tornam-no num dos jogadores mais perigosos e determinantes do futebol mundial. Se conseguir ser mais consistente, Cole Palmer e o avançado brasileiro João Pedro podem causar muitos estragos e dissabores aos maiores favoritos.

Estou igualmente curioso para ver qual será o rendimento dos italianos do Nápoles. Sob o comando de Antonio Conte e com a contratação de Kevin de Bruyne, podem também ser um adversário muito difícil de bater e que pode surpreender nesta edição. Um dos jogos mais apetecíveis da primeira fase da Champions, será o regresso do mágico belga ao campo do Manchester City, onde jogou mais de 10 épocas, e cuja saída ainda é difícil de entender, tendo sido muitíssimo mal gerida por Pep Guardiola e a sua direção. 

E por fim, devo destacar que tenho muita vontade de ver os noruegueses do Bodoe Glimt. Um crescimento sustentado de uma equipa que primeiro começou por acabar com o domínio avassalador do Rosenborg na liga doméstica, e que agora começa a conquistar a Europa.



A equipa-sensação da última edição da Liga Europa (onde se tornou a primeira equipa norueguesa a atingir as meias-finais de uma prova europeia), pratica um futebol muito interessante e dos mais bonitos de ver na Europa. Veremos como será a sua primeira participação na prova milionária, mas eu não nego que tenho imensas expectativas depositadas nesta equipa, e vaticino uma chegada aos oitavos-de-final como mínimo possível para os vikings do Pólo Árctico.

Qual será a equipa que irá levantar o caneco na final de 30 de Maio em Budapeste? Os dados estão lançados para mais uma época apaixonante na Champions League, onde o desfecho é mais imprevisível do que nunca.

Tiago Campos
Tiago Campos
O Tiago Campos tem um mestrado em Comunicação Estratégica mas sempre foi um grande apaixonado pelo jornalismo desportivo, estando a perseguir agora esse sonho. Fã acérrimo do "Joga Bonito".

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