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Outubro: da campanha à urna, a hora da verdade no Benfica

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Outubro chegou, e com ele o mês da verdade. É o momento em que o Sport Lisboa e Benfica volta a olhar-se ao espelho. E a pergunta é inevitável: o que é hoje o Benfica, e quem o quer liderar? As eleições de 2025 trouxeram de volta o debate, as paixões e, sobretudo, o interesse dos sócios. Durante meses, as televisões e as redes sociais respiraram Benfica. E, convenhamos, já não era sem tempo.

Entre os candidatos, João Diogo Manteigas surgiu como a primeira surpresa. Jovem, determinado e com um discurso que apela à regeneração, representa uma nova geração que exige mais transparência, mais rigor e menos conveniências. Não traz consigo o peso de décadas de bastidores, e talvez seja precisamente isso o que o torna relevante. A sua candidatura não tem a estrutura das máquinas tradicionais, mas tem convicção. E, no Benfica, a convicção é uma das poucas coisas que ainda não se compra.

João Diogo Manteigas Benfica
Fonte: Candidatura João Diogo Manteigas

Noronha Lopes, por sua vez, regressa à corrida com o estatuto de quem já conheceu o campo de batalha. Mais ponderado, mais experiente e com uma postura de estadista, parece ter aprendido com o embate de 2020. Aquele que, para muitos, foi o primeiro verdadeiro momento de escrutínio democrático do Benfica moderno. Noronha apresenta-se agora com um projeto consolidado, tentando recuperar a confiança de quem viu, mas hesitou, há cinco anos.

João Noronha Lopes Benfica
Fonte: Paulo Ladeira/Bola na Rede

Martim Mayer e Cristovão Carvalho completam o leque de novas vozes nesta eleição. O primeiro, com uma postura pragmática e um discurso técnico, procura recentrar o debate na competência e no rigor de gestão. Cristóvão, por outro lado, representa uma visão mais romântica, mais emocional, que apela à mística e à alma benfiquista.

Martim Mayer
Fonte: Candidatura “Benfica no Sangue”

E no meio disto tudo aparece Luís Filipe Vieira, outrora figura incontornável do Benfica. Depois de anos de silêncio e distanciamento forçado, Vieira volta a apresentar-se como o homem capaz de “restaurar a grandeza” que admite ter conseguido alcançar nos seus mandatos. A sua candidatura reacendeu memórias contraditórias: de um lado, o dirigente que modernizou o clube e construiu património; do outro, o símbolo de um ciclo que terminou entre polémicas e desconfiança. A verdade é que o seu regresso divide profundamente a massa associativa. Há quem veja nele a estabilidade de outrora e quem o encare como um passo atrás, uma recusa em aceitar que o tempo avança e o Benfica precisa de se reinventar.

Por fim, Rui Costa, o atual presidente, confirmou a recandidatura. O “Maestro”, símbolo eterno dentro de campo, enfrenta agora a sinfonia dissonante da realidade fora dele. O seu primeiro mandato foi de transição, de promessas interrompidas e vitórias escassas. Faltou-lhe pulso, estratégia e, talvez, vontade de romper com o passado. Agora, procura um segundo ato. Mas este eleitorado parece mais exigente, mais cético e menos disposto a acreditar apenas no nome gravado na camisola.

Rui Costa Candidatura
Fonte: Candidatura Rui Costa

Entre lavagens de roupa suja e tentativas de “refundação moral”, o saldo destes meses é, curiosamente, positivo. O Benfica voltou a ser falado, discutido e sentido. Pela primeira vez em muito tempo, há debate, há propostas, há vida. Para mim, enquanto jovem sócio, este ambiente é quase inédito. Só me recordo de tamanha agitação em 2020, quando Noronha enfrentou Vieira e, mesmo assim, não se compara. Desde a última década o clube vive num silêncio resignado, entre comunicados e derrotas. Agora, sente-se novamente o pulsar da democracia encarnada.

O desafio que se segue, contudo, é monumental. O Benfica atravessa um momento desportivo e institucional difícil. Falta liderança, falta identidade, falta um rumo que una o clube. Quem quer que saia vencedor destas eleições terá de se esmerar. Se for Rui Costa, o desafio será ainda maior: provar que é capaz de inverter o declínio, devolver competitividade e resgatar o espírito de exigência que fez do Benfica o que ele é. Se for outro, o desafio será o mesmo, mas com a vantagem de não carregar o peso das promessas não cumpridas.

Cristóvão Carvalho
Fonte: Assessoria Cristóvão Carvalho

Há, contudo, um aspeto que merece destaque: a qualidade e o peso dos nomes envolvidos nas várias listas. Empresários, juristas, académicos e figuras públicas de relevo nacional aceitaram associar-se a estas candidaturas. Isso engrandece o Benfica, mostra o respeito que o clube ainda impõe na sociedade portuguesa e reforça o seu estatuto como instituição maior.  Não apenas do desporto, mas do país. Independentemente de quem vença, este processo democrático já é uma vitória simbólica.

E, mesmo com todas as divisões, insultos e exageros próprios da campanha, há algo profundamente saudável neste turbilhão: o Benfica voltou a discutir-se em voz alta. Voltou a haver paixão, debate e confronto de ideias. Voltou a haver Benfica.

Luís Filipe Vieira Benfica 2
Fonte: SL Benfica

O futuro, contudo, não pode ser construído olhando apenas pelo retrovisor. Rui Costa e Luís Filipe Vieira simbolizam, cada um à sua maneira, a continuidade de um modelo esgotado. O clube precisa de renovação, não apenas de rostos, mas de mentalidades. Precisa de voltar a ser temido em campo e respeitado fora dele. E isso só acontecerá se o novo presidente for capaz de unir o que hoje está fragmentado.

Se há algo que o Benfica sempre soube preservar, é a sua alma democrática. Mesmo nos tempos mais sombrios da história nacional, quando o país vivia sob um regime autocrático, o Benfica manteve-se fiel à escolha livre e à voz dos sócios. É uma herança que poucos clubes no mundo podem reivindicar  e que deve continuar a ser o seu maior orgulho.

Outubro é o mês da verdade. E, aconteça o que acontecer no dia das urnas, uma certeza permanecerá: o Benfica será sempre dos benfiquistas.

Viva o Sport Lisboa e Benfica.

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