“Somos as nossas memórias” (Jose Luis Borges, poeta argentino)
Tu ainda és o menino que suspirou para não chorar compulsivmente naquela fatídica noite, tu ainda és o adolescente imberbe que se revoltou por por veres o destino alterar a trajectória.
Sem o choro e a revolta dessa noite, tu não terias a força que te empurra da cama uma hora mais cedo que os teus colegas, todos os dias, não conseguirias encontrar razões para fazer horas-extra no ginásio, não cumpririas, à risca, planos nutricionais. Não te sacrificarias. Não da mesma maneira.
Esse choro e essa revolta fizeram de ti melhor profissional. Perdão, fizeram de ti “O” melhor profissional. De 2008, 2013 e 2014. Três vezes. Que podiam ser quatro. Ou mesmo cinco, se não voltasses a ser injustiçado. Mas tu sabes lidar bem com isso. Sabes que quem trabalha é sempre recompensado e sabes perfeitamente que não é o sucesso que vem ter contigo, és tu que tens de ir ter com ele. E conquistá-lo.
É “só” subires a dura escadaria de imensos degraus e obstáculos que lhe dá acesso, ganhando valências à medida que desbravas caminho. Características que outros, iguais a ti, não conseguem ter. Quase que super-poderes, que te aproximam da glória.
Tu sabes do que eu estou a falar. 4 anos depois daquela fatídica noite elevaste-te como ninguém e cabeceaste a bola para o fundo das redes, num golo decisivo para a tua primeira vingança. A tua primeira Champions. 3 anos mais tarde, depois de 103 minutos de desgaste físico intenso, entre dois eternos rivais, foste capaz de fazer o mesmo para oferecer uma Taça do Rei ao teu Real Madrid, com quem virias a tocar o céu mais duas vezes: a tão ansiada Décima e a Décima-Primeira do Real.