No dia em que se despediu de La Rosaleda, estádio que serve de quartel-general ao Málaga CF, Javi Gracia leu um comunicado em que dava nota dos motivos que o levavam a abandonar a formação da Andaluzia para rumar à República do Tartaristão, para orientar o FC Rubin Kazan: “A minha equipa técnica e eu aceitámos uma oferta de quatro temporadas do Rubin Kazan. Tratou-se de uma decisão muito difícil de tomar, mas o Rubin realizou um grande esforço para poder contar comigo e apresentou uma oferta irrecusável.”
Natural da comunidade de Navarra, no norte de Espanha, Javi Gracia é actualmente, ainda que pouco mediático, um dos técnicos mais cotados do futebol espanhol, e muito desse reconhecimento prende-se com as duas temporadas de elevada qualidade que realizou no Málaga CF. O técnico de 46 anos conduziu os Boquerones a um meritório oitavo lugar na Liga BBVA na temporada passada, conseguindo, ainda assim e apesar de todos os problemas estruturais e financeiros da equipa, superar aquilo que havia feito na primeira época em que orientou o emblema andaluz. Após ter vencido a Liga Russa em 2008 e 2009 e de ter conseguido um terceiro lugar na temporada seguinte, sempre com Kurban Berdyev ao leme da equipa, o FC Rubin Kazan não conseguiu melhor do que o sexto lugar desde então, tendo mesmo terminado na décima posição na época passada.
Um misto de problemas de ordem financeira e estrutural, com uma mudança de treinador pelo caminho, fizeram da época passada um episódio que os adeptos do clube seguramente quererão esquecer o mais rapidamente possível. Nem Rinat Bilyaletdinov, nem Valeriy Chaly foram capazes de colocar a formação tártara no rumo certo, ainda que no último jogo da temporada tenha estado a uma “unha negra” de impedir que o PFC CSKA Moscovo se sagrasse campeão.
Dadas as circunstâncias, imperava a necessidade de mudança no emblema que representa a cidade de Kazan, e, após alguma especulação sobre quem seria o novo técnico do FC Rubin Kazan, Javi Gracia foi o escolhido para liderar um projecto que aparenta ser ambicioso, a julgar não só pela duração do próprio contrato, mas também pela qualidade dos jogadores que o clube contratou este Verão.