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Uma rivalidade com 80 páginas | Atlético 1-2 Belenenses

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O Belenenses deslocou-se à Tapadinha, em jogo relativo à 11ª jornada da Liga 3, e venceu o Atlético por 2-1. Apesar do golo de Joãozinho logo à passagem do terceiro minuto de jogo, dando vantagem à equipa da casa, Afonso Valente e Afonso Pinto consumaram a reviravolta no marcador.

Atlético e Belenenses reencontraram-se no domingo, pelas 11 horas da manhã, para escreverem mais um capítulo numa história com já 80 páginas. O futebol, o mundo, os próprios bairros e gentes que ambos os clubes representam não são decerto os mesmos que viveram o início de uma intensa rivalidade, lá no ano de 1942, que terminou com um avolumado 7-1 para a formação do Restelo no mítico Campo das Salésias. Mas a emoção, o futebol puro e a disputa entre os clubes permanecem intocáveis.

Desta vez, no 80.º embate oficial entre dois clubes de bairros vizinhos, o Atlético entrou praticamente a ganhar, com Joãozinho a encostar a bola que Caleb lhe dirigiu para o segundo poste. O Belenenses, sempre na sequência de bolas paradas, pelo pé de Afonso Valente e pela cabeça de Afonso Pinto, virou o resultado, reforçando o primeiro lugar isolado na tabela classificativa e acentuando a crise vivida pela equipa comandada por Pedro D’Oliveira. Os azuis do Restelo têm agora o dobro dos pontos do Atlético, que ocupa a oitava posição numa série com dez equipas.

Além disso, o Belenenses reforça o domínio perante o eterno rival, contabilizando agora 44 vitórias, para além de 26 empates, contra apenas uma dezena de jogos ganhos pelo emblema de Alcântara.

Evandro Barros e Paulinho no dérbi entre Belenenses e Atlético.
Fonte: Pedro Barrelas/Bola na Rede

Falando do jogo jogado – e, mais uma vez, enaltecendo a grandeza de ambos os clubes até pela riqueza tática que o encontro nos presenteou -, este teve todas as caraterísticas de jogo grande. Desengane-se quem pensa que divisões inferiores não são capazes de proporcionar um bom espetáculo do ponto de vista emocional e estratégico. Uma das demonstrações da evolução do futebol é precisamente a réplica de conceitos e dinâmicas que assistimos entre a elite internacional.

Num jogo muito dividido a meio-campo, devido às caraterísticas estruturais similares de ambas as equipas, a construção de jogadas de maior perigo, principalmente na primeira parte, deveu-se a superioridades numéricas conseguidas nos corredores laterais, a contra-ataques rápidos que aproveitavam o desequilíbrio do bloco adversário e a lances de bolas paradas, que, como referido pelo mister Tiago Zorro, “hoje em dia, em jogos equilibrados, valem pontos”.

O encaixe dos médios de uma e outra equipa e a procura em fechar, sobretudo, zonas interiores obrigaram os emblemas a explorar a superioridade nos corredores laterais. O Atlético, no primeiro tempo, fê-lo com muita qualidade. A partir de uma construção a três, com Paulinho a baixar para junto dos centrais, os três homens da frente do Belenenses acabavam por pressionar os homens mais recuados da formação da Tapadinha. David Rebelo, quando saltava na pressão ao central do lado esquerdo, deixava David Dinamite sozinho, criando-se uma situação de dois contra um, com o lateral-esquerdo do Atlético e Délcio a terem vantagem no confronto com Miguel Bandarra. Por outro lado, quando o extremo-direito do Belenenses marcava Dinamite, que procurava projetar-se de forma sistemática, acabava por ficar longe de zonas avançadas, sem poder constituir uma ameaça à baliza de Fábio Ferreira.

O papel dos guarda-redes de ambas as equipas, ainda que solicitados em menos ocasiões, reflete também tendências identificadas ao mais alto nível. Tanto Guilherme Oliveira quanto Fábio Ferreira foram ocasionalmente solicitados para criarem indefinição na pressão adversária, ajudando a encontrar um homem solto junto a uma das faixas. Outras estratégias para baralhar marcações foram também adotadas. Do lado do Atlético, Caleb tinha instrução para poder envolver-se nas fases de construção, progressão e criação, arrastando consigo Diogo Paulo, e obrigando-o a sair da zona de proteção no meio-campo. O Belenenses, a partir da envolvência dos médios-centro em posições mais laterais, procurava conseguir criar, também, espaço no corredor central, ou, em último caso, superioridade nos flancos.

Délcio Fernandes no dérbi entre Belenenses e Atlético.
Fonte: Pedro Barrelas/Bola na Rede

Na segunda parte, até chegar ao golo, a equipa de Tiago Zorro, com a inclusão de Diogo Leitão como quarto médio e soltando-se da ala, dando a Evandro Barros a responsabilidade de ativar o lado esquerdo, acabou por conseguir explorar melhor o meio, criando lacunas na marcação do Atlético. O segundo golo não surgiu a partir dessa nuance, mas o domínio do Belenenses até à cambalhota no marcador em muito se explicou por este pormenor tático, até porque permitiu o maior envolvimento dos defesas-centrais na construção e ligação, onde Afonso Pinto se destacou pela qualidade de passe e de condução.

Naturalmente, após o 2-1, num jogo com toda esta rivalidade e num campeonato tão competitivo como é a Liga 3, o grupo capitaneado por Nuno Tomás ficou mais na expectativa. Nesse momento, o Atlético dispôs-se de uma outra forma em campo, alterando o seu 4-3-3/4-2-3-1 para um 3-3-4, mas só numa ocasião poderia ter conseguido retirar um empate deste jogo. Assistindo à maior avalanche ofensiva por parte dos comandados de Pedro D’Oliveira, Tiago Zorro não resistiu em pedir aos seus jogadores para, em bloco baixo, defenderem numa linha de cinco, justamente para retirar largura à equipa da casa, enquanto os extremos defendiam por dentro, de modo a otimizar a ocupação do espaço.

Após um jogo que reforçou o poderio do Belenenses no confronto direto com o Atlético, bem como a primeira posição na tabela classificativa da Série B da Liga 3, Tiago Zorro respondeu às questões colocadas pelo Bola na Rede. Questionado sobre se a mentalidade dos jogadores se terá sobreposto a algumas questões táticas, especialmente pela reação ao golo sofrido nos instantes iniciais da partida, o treinador dos azuis do Restelo respondeu:
«Sim, melhorámos a nível mental após o jogo com o Santarém. Não só neste jogo, mas também no jogo contra o Mafra essa atitude mental já esteve lá. A verdade é que é uma primeira parte em que o Atlético entra melhor que nós, chega ao golo, ainda que sem muito fazer, mas a verdade é que entrou melhor que nós. Houve uma reação e acabámos por conseguir o golo, também fazendo pouco no jogo. Acho que o Atlético esteve sempre melhor durante a primeira parte. Corrigimos algumas coisas ao intervalo, e acho que fizemos uma segunda parte mais conseguida. Chegámos ao segundo golo num lance de bola parada – e a bola parada, hoje em dia, em jogos equilibrados, vale pontos -, controlámos melhor o jogo, controlámos melhor a equipa adversária, não controlámos com bola como nós somos capazes de fazer, mas defendemo-nos bem. Penso que, acima de tudo, de uma forma geral, foi isto que aconteceu no jogo».

Tiago Zorro no dérbi entre Belenenses e Atlético.
Fonte: Pedro Barrelas/Bola na Rede

Quanto ao regresso a uma casa que bem conhece, dado que o treinador de 44 anos foi responsável pela subida do Atlético desde a primeira divisão distrital até à Liga 3, o timoneiro do Belenenses acrescentou:

«Sim, a minha passagem pelo Atlético foi uma passagem muito boa. Costumo dizer que foi o casamento perfeito. Foi bom para o Atlético e foi bom para o Tiago Zorro também. Vivemos aqui três anos muito positivos, de conquistas, de uma Liga 3 igualmente muito bem conseguida, mas o futebol é isto. O futebol é recordar boas coisas que fizemos, rever alguns amigos, mas agora o meu caminho é outro. Estou preocupado e focado naquilo que é o presente e o futuro, e representar o Belenenses é sempre um orgulho para mim. Não posso deixar passar em claro a vinda dos adeptos aqui. Mais uma vez, mostraram a força deles. Nós temos mais uma deslocação no próximo jogo, e quero apelar a todos os que nos possam apoiar em Évora».

O treinador Pedro D’Oliveira, por outro lado, não quis prestar declarações.

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