Dezembro de 1998. Chega a Alvalade um “desconhecido” argentino com 32 anos. Já tinha passado por três diferentes continentes e, apesar de ser ídolo na Argentina, na Europa e Ásia parecia não ter deixado saudades. Velho, lento e pesado, e com um problema de ciática logo no início, parecia mais um daqueles jogadores que estava condenado a ser um flop.
No início, as 25 internacionalizações pela Argentina e os seus mais de duzentos golos em dezasseis épocas prometiam acabar com a ineficácia do sector ofensivo leonino a quem lhe faltavam referências. Até ao final dessa época, nada poderia estar mais longe da realidade. Foram somente três golos apontados em apenas treze jogos realizados. Teve uma época difícil onde bateu no fundo no que diz respeito à relação com os adeptos. Até o grande Herman José o caricaturou nas suas rábulas.
Chega o final da época e o que se esperava não aconteceu. Na altura, para desespero dos adeptos leoninos, Beto Acosta não quis sair, nem Giuseppe Materazzi e Augusto Inácio quiseram que ele saísse. Na altura, o “matador” argentino disse “dever mais e melhor” aos adeptos leoninos e afirmou que ia ser campeão. Os adeptos verde-e-brancos desesperavam… lá iam levar com o “velhinho” Acosta mais algum tempo. Começa a famosa época de 1999/2000 e o astro argentino marca um golo no primeiro jogo… ainda pouco para convencer os adeptos e até (aparentemente) Inácio, pois perde a titularidade nos jogos seguintes. Quando regressa… volta aos golos!

Fonte: Super Sporting
Este é um exemplo perfeito da raça argentina e da vontade de ganhar e querer mais. Beto Acosta não se resignou e lutou sempre pelo seu lugar ao sol. O resto? O resto é história. Foram 22 golos no campeonato nacional, mais dois golos para a Taça de Portugal em pleno Estádio da Luz que contribuíram para a passagem do Sporting na eliminatória da Taça (teriam sido três, não fosse um anulado). Em 99 jogos oficiais foram 48 golos marcados, o que dá a fantástica média de 0,48 golos por jogo.
Na memória, além de ter sido dos que mais contribuiu para o tão desejado campeonato nacional após dezoito anos de “secura” com os seus inúmeros golos, e dos já supracitados golos no “velhinho” Estádio da Luz, fica também o “miminho” que deu a Paulinho Santos (que o mandou para o Hospital) sem ninguém ter reparado (quer dentro do terreno, quer fora), um golo ao Futebol Clube do Porto após uma assistência fantástica de Carlos Secretário. Estávamos a nove jornadas do fim do campeonato e o Sporting estava dois pontos atrás do FC Porto. A vitória fez com que o Sporting saltasse para a liderança e nunca mais a largasse. O golo também contra os dragões na finalíssima da Supertaça (após também já ter marcado nas Antas) tem um sabor especial, pois deu mais um título para o vasto palmarés dos leões.
Numa altura em que o Sporting defronta por quatro vezes o seu rival do Norte, é bom relembrar estes momentos de glória.
Foto de Capa: http://sporting100centenario.blogspot.pt