João Prates está na Tribuna VIP do Bola na Rede. É treinador de futebol, licenciado em Psicologia do Desporto e está no seu espaço de opinião no nosso site. O técnico de 52 anos já orientou o Dziugas da Lituânia, o Vaulen da Noruega e o Naft Maysan, do Iraque, e esteve na formação do Al Batin e Hajer Club da Arábia Saudita.
Portugal disputou a final do Campeonato do Mundo Sub-17 e só isso já seria uma vitória. Mas transformou presença em grandeza e acabou campeão do Mundo. Mais uma vez, Portugal esteve no centro das grandes decisões internacionais, confirmando uma tendência que não é acidental, nem episódica, nem fruto do acaso. É cultura, metodologia , escola, conhecimento acumulado e muita paixão pelo jogo.
Portugal é pequeno em território, mas enorme na forma como pensa, pratica e vive o jogo. Nas últimas décadas, a presença recorrente das nossas seleções , seniores e jovens em fases finais, meias-finais e finais tornou-se um padrão. E padrões não surgem sozinhos.Não é surpresa, é o resultado de um modelo sólido
Este sucesso não nasce apenas do talento natural dos jogadores. Nasce de algo mais profundo, um ecossistema de formação competitivo, metodologias consistentes e treinadores que compreendem o jogo com um grau de sofisticação raro no panorama global. Portugal desenvolveu uma identidade clara de formação baseada em:
- Tomada de decisão precoce
- Inteligência tática acima da média
- Capacidade de resolver problemas em espaços curtos
- Versatilidade posicional
- Cultura de responsabilidade competitiva
Vê-se isto dos Sub-15 aos Sub-21, nos clubes, nas seleções, e ficou evidente nesta final do Mundial Sub-17. A escola portuguesa, onde os treinadores moldam gerações.


Não há excelência sem liderança qualificada. O impacto dos treinadores portugueses é hoje inegável. A forma como estruturam treino, modelo de jogo, periodização e evolução individual é reconhecida globalmente.
É por isso que temos treinadores portugueses a trabalhar em mais de 30 países. Os clubes estrangeiros procuram técnicos portugueses para formação, scouting e desenvolvimento Esta final é também reflexo dessa influência silenciosa, mas profunda.
Jogadores pelo mundo: não é exportação, é identidade . A presença de jogadores portugueses nos principais campeonatos internacionais mostra que o “produto nacional” tem assinatura própria. São atletas formados em contextos competitivos, disciplinados, emocionalmente maduros e com uma literacia tática que muitos países ainda procuram construir. Não é coincidência. É o resultado direto de um país que respira futebol, que conhece o jogo e que o trabalha com rigor. Esta final não define esta geração, apenas confirma o caminho
Com ou sem título, esta equipa Sub-17 já tinha provado algo maior: Portugal continua a produzir gerações capazes de competir com os melhores do mundo, com ambição, coragem e qualidade superior.
O troféu é histórico, claro. Mas o verdadeiro legado está noutra dimensão:
- Organização coletiva
- Maturidade competitiva
- Qualidade técnica
- Identidade de jogo
- Forma de representar o país
Isso é vitória. Vitória estrutural. Vitória de identidade. Portugal pode ter apenas dez milhões de habitantes, mas compete como se tivesse duzentos. O segredo não está no tamanho. Está na visão. Está no trabalho. Está nos treinadores e nos jogadores. Está numa cultura que trata o futebol como conhecimento e não apenas paixão.
A final não é uma novidade. Apenas reforça uma verdade: Portugal é pequeno no mapa, mas gigante no futebol. E esta geração Sub-17 voltou a mostrar isso ao mundo.

