José Mourinho deu uma entrevista ao canal da UEFA. O técnico de 62 anos falou sobre a experiência de voltar a treinar na Champions League.
José Mourinho falou ao canal da UEFA e realçou o facto de estar de volta à Champions League, agora ao serviço do Benfica:
«Estes anos em que eu não estive na Champions League não foram maus. Não foram maus porque joguei as finais da Europa League e da Conference League, o que significa que eu posso dizer na prática que, mesmo sem a Champions League, eu fui feliz nas competições europeias. Obviamente que a Champions League é a competição máxima, é a competição dos clubes mais importantes da Europa. E para mim, obviamente, tem um significado importante, porque, se ganhar uma é um sonho para todos nós, ganhar duas é ainda melhor», afirmou ao canal da UEFA.
O técnico de 62 anos voltou a realçar o facto de estar ao serviço do Benfica:
«Estar de volta ao Benfica é estar de volta a um clube gigante. Eu tive a sorte na minha carreira de passar por muitos gigantes – Real Madrid, o Inter, o Manchester United, o Chelsea. Passei por uma série de gigantes, e é regressar a um gigante não só a nível social, mas também a nível histórico. O Benfica é gigante. E, nesse sentido, clube gigante, responsabilidade gigante, expectativas gigantes, é tudo gigante, mas é o tipo de desafio de que eu preciso. A minha vida tem sido praticamente sempre nesta dinâmica, e fundamentalmente é isso, é a possibilidade de trabalhar novamente num clube, como eu gosto de chamar, gigante».
José Mourinho perspetivou também o jogo frente ao Chelsea:
«Já me aconteceu muitas vezes, inclusive quando saí do FC Porto, o meu primeiro jogo europeu com o Chelsea foi Chelsea contra FC Porto. Com o Inter joguei uma infinidade de vezes contra o Barcelona – eu também já tinha estado no Barcelona, é uma coisa que me acontece. Com o Fenerbahçe eu joguei contra o Manchester United, joguei contra o Benfica, é uma coisa que me acontece. Eu considero que tenho a capacidade de, durante 90 minutos, esquecer completamente onde estou, com quem estou a jogar, em que cidade é que estou, este estádio foi meu… Durante 90 minutos, eu consigo ter essa capacidade. Agora, confesso que aquilo que antecede é um bocadinho diferente, e quando o jogo acaba, principalmente quando tens ainda nesse clube, nesse estádio, quando tens ainda gente do teu tempo – às vezes já nem são jogadores porque as gerações mudam, mas os funcionários, as pessoas com quem tu estavas habituado a viver o dia a dia –, obviamente que o feeling humano é diferente. Ir agora fazer Chelsea-Benfica não é seguramente a mesma coisa que fazer Arsenal-Benfica, são coisas completamente diferentes nesse aspeto».
José Mourinho falou também da sua evolução como treinador:
«Eu acho que como treinador sou melhor hoje do que antes. Acho que qualquer treinador que tenha sentido crítico, que pense muito, que analise muito sobre as experiências que vive… Acho que um treinador é melhor com o acumular das experiências. A sensação do déjà-vu é uma coisa marcante, é uma coisa que te prepara para aquilo que aparece e que é déjà-vu, que tu já estiveste numa situação igual ou numa situação parecida. Eu sinto-me mais forte, sinto-me um treinador muito melhor do que antes. Como pessoa, o DNA é igual, nasces e morres com o mesmo. Acho que um treinador nasce e morre com o mesmo DNA, não tem hipótese a dar. Mas como pessoa há diferenças. A diferença fundamental que eu reconheço em mim próprio é que, se calhar, no início eu pensava mais em mim, e transformei-me de uma maneira em que, não sei, sinto-me mais altruísta, sinto-me que estou no futebol mais para ajudar os outros do que para me ajudar a mim próprio. Estou mais para ajudar os meus jogadores do que para pensar naquilo que vai acontecer comigo daqui a um ano, daqui a dois ou três. Estou mais a pensar no clube, estou mais a pensar na alegria dos adeptos do que propriamente em mim. E acho que também é um câmbio natural que não me desvirtua como treinador, mas como pessoa dá-me um lado… que eu gosto de viver com esse lado diferente. Eu continuo igual, só que uma coisa é ires à procura, é ires deliberadamente à procura desse conflito, e outra coisa é: o conflito aparece à tua frente, ou o conflito vem ter contigo. Se o conflito aparecer à minha frente, eu bato-me lá com ele. Se o conflito vier de encontro a mim, faz clash. Agora eu ir à procura do conflito, confesso que a estabilidade emocional nos ajuda a ter outro tipo de perfil».