A Referência do Wrestling Português – Entrevista a Bruno “Bammer” Brito

BnR: Como avalias esta nova geração de wrestlers em Portugal?

B: Eu costumo falar de um movimento que é o WP Clássico. É uma geração de lutadores que eu treinei desde 2007 até 2010. Alguns ainda estão no activo, chegamos a percorrer o país de Norte a Sul e era muito fácil porque eram muito profissionais, sabiam ter um bom combate com toda a gente, sabiam fechar um show e eram muito versáteis sabiam fazer de tudo no ringue. Depois tivemos um período mais morto, pois não tinhas tanta gente a puxar pelos alunos. Quando és só tu e outra pessoa a explicarem como se faz e eles não têm mais exemplos, torna-se complicado. Esta nova vaga que apareceu no último ano e meio tem bastante potencial, ainda não são como a geração de ouro do WP Clássico mas estão a caminhar para lá e dentro de um ano ou dois vão chegar a esse nível.

BnR: Que melhorias ainda podem ser feitas no Wrestling português e na sua organização?

B: O investimento é um ponto importante. As pessoas vão dizer que não há dinheiro e é verdade. O único dinheiro que fiz no Wrestling foi a comentar na Sporttv. Não se consegue fazer dinheiro dos espectáculos para depois ter um part-time, até porque as datas são poucas, se fizeres 20 num ano já foi muito bom. Melhorar o próprio espectáculo também, pois o Português é muito desconfiado e está sempre de pé atrás a ver um show e temos de colocar o espectáculo ao jeito dessa pessoa. Falo de cortinas de fumo, espectáculos de pirotecnia, pessoas que tenham um look de lutador. As pessoas têm de sentir que estão a ver uma coisa diferente, tens de dar a entender que és uma personagem e isso vem com algum trabalho de produção, como por exemplo, ter uma música de entrada e boas roupas. Já há malta que começa a comprar a sua roupa, a pensar na personagem mas ainda falta essa parte. Pelo menos na nossa Academia ainda falta apostar mais na parte do espectáculo.

BnR: Já tivemos a portuguesa Shanna na WWE a acompanhar Adam Rose. Achas que um dia poderemos ter um wrestler português na WWE a full-time?

B: Sim, não vai ser fácil porque é necessário um conjunto de factores. Há que ser muito teimoso e não desistir por nada, ter o look e Portugal não é um local onde as pessoas são geneticamente altas ou musculadas. Tens de trabalhar para isso, participar em shows europeus até que seres observado pela WWE. Há um conjunto de lutadores portugueses que estão a trabalhar para isso e já passaram para o circuito inglês para serem reconhecidas. Têm de trabalhar mas sinto que é uma questão de perseverança. Vai haver alturas em que vão querer mudar de emprego, casar, ter filhos e vão ter de ser muito resilientes se quiserem ir para a WWE. A palavra é resiliência. Mas tens três ou quatro pessoas que estão num bom caminho para um dia serem observadas pela WWE.

BnR: Nós tivemos o boom do Wrestling em Portugal há 10 anos mas com o passar dos anos o interesse foi diminuindo. No entanto parece que o pessoal está a voltar a ter interesse em ver Wrestling. Concordas?

B: Eu não tenho tanto essa sensibilidade, mas também estou cada vez mais na minha bolha, no sentido em que já conheço muito pessoal fã de Wrestling há muito tempo. Na minha página de lutador tenho cerca de dois mil likes e quando tenho algum like novo é por causa dos shows que faço. Ter o Wrestling na Sic Radical é importante para criar interesse, mas não sinto uma maior comunicação das pessoas em relação ao Wrestling. Não vejo muitos brinquedos de Wrestling. Acho que o jogo para as consolas é o que chama ainda mais gente, há quem jogue primeiro e depois é que conhece o produto. Essas coisas são importantes e ganhamos fãs com quem não contávamos.

BnR: Como analisas o público português?

B: É um público mais calado, mais observador, que não tem por hábito envolver-se tanto, mas isso não é culpa do português. Nós não temos muitos espectáculos de Wrestling e quando vais ao cinema ou ao teatro estás habituado a cruzar os braços e a não interagir. Quando tens um lutador a insultar-te, podes achar engraçado mas o teu instinto não é levantares-te e responderes ao lutador, portanto os lutadores têm um trabalho mais difícil, pois têm de puxar pelo público. As pessoas ficam a estudar sempre o combate ao início, mas isso é normal. É importante haver aqueles 10 ou 20 fãs que fazem sempre muito barulho e que as outras pessoas percebam que eles estão a fazer aquilo e não estão a estragar o show. Ao início podem ficar chocadas e pensar que os lutadores ficam ofendidos, mas na realidade os lutadores vão aproveitar essa energia e as pessoas vão perceber que aquilo é normal.

Subscreve!

Artigos Populares

Sunderland é um dos reis do mercado e fecha mais um reforço por mais de 11 milhões de euros

O Sunderland continua a reforçar o plantel para garantir a permanência na Premier League. Omar Alderete vai reforçar os ingleses.

Eis os onzes prováveis do Benfica x Nice decisivo no acesso à Champions League

O Benfica recebe o Nice esta noite. Águias procuram fechar o apuramento para o playoff da Champions League.

Do Rio Ave para o Barcelona: há um novo português no gigante espanhol

João Amaral está a caminho do Barcelona. O antigo diretor técnico do Rio Ave vai assumir departamento de scouting culé.

Everton quer contratar médio do Benfica neste mercado

O Everton sonha com a contratação de Florentino Luís. Os toffees estão interessados na contratação do médio do Benfica.

PUB

Mais Artigos Populares

Luís Pinto: «Tivemos a possibilidade de ter a bola, mas não conseguimos ser perigosos»

Luís Pinto abordou a partida entre o FC Porto e o Vitória SC, relativo à primeira jornada da Primeira Liga.

Francesco Farioli: «A equipa jogou como o Jorge Costa gostaria de ver»

Francesco Farioli abordou a partida entre o FC Porto e o Vitória SC, relativo à primeira jornada da Primeira Liga.

Diogo Costa em lágrimas: «O objetivo era deixar o Jorge orgulhoso

Diogo Costa abordou a partida entre o FC Porto e o Vitória SC, relativo à primeira jornada da Primeira Liga.