Da Venda Nova para o Mundo – Entrevista a David Mendes da Silva

entrevistas bola na rede

“Prefiro o pé direito e o lado esquerdo, à Simão!”

Silva, David para os amigos, carrega às costas o 10 no Banguecoque FC. Jogar na Tailândia está a ser uma das melhores experiências da sua vida, e o Bola na Rede aproveitou o facto de o extremo se encontrar em Portugal, devido a uma inusitada interrupção do campeonato tailandês, e foi com muita simpatia e boa disposição que nos contou como está a viver este momento da carreira e um pouco de todo o seu percurso.

 

Bola na Rede: Como tudo começou?

David Mendes da Silva: “A minha história é engraçada! Comecei a jogar à bola com nove anos, joguei dois anos na Venda Nova, onde jogava sempre com os mais velhos, num escalão acima, mas a minha mãe resolveu que eu tinha de ser violinista e tirou-me do futebol. Ela detesta futebol!

Então parei de jogar completamente e só voltei aos 16 anos. Chateei a minha mãe e voltei a jogar no Fofó [Clube de Futebol Benfica]. Comecei a jogar com os juvenis mas também jogava com os mais velhos, com os júniores, e num desses jogos estava um olheiro do Estoril, que gostou de mim e me levou para esse clube. Fiquei lá dois anos e fui parar ao Porto. Foi tudo do nada, muito rápido. De violinista a jogador de futebol!

BnR: Acabou por ser uma rampa de lançamento, o Fofó… Depois do Porto?

DMS: Foi, foi, sem dúvida! Depois do Porto, fui para a Bulgária um ano e meio. Em termos monetários, foi dos meus melhores anos. Era uma equipa grande e foi uma experiência diferente. Estive no Lokomotiv Mezdra, seis meses, e depois fui contratado para o CSKA Sofia, que é o Benfica lá do sítio. Fomos duas vezes vice-campeões; tive muita pena de que não tenhamos sido campeões. Estava a correr bem mas depois mudou a direcção e o treinador do clube, e eu fui seis meses emprestado para Espanha. Foram seis meses muito bons. O futebol em Espanha também é muito bom. Dali fui parar à Escócia, onde fiquei dois anos. Foi uma grande mudança, do calor para o frio. Vivia ao lado da praia, em Espanha, e na Escócia lidava com graus negativos. Na Bulgária também era frio mas na Escócia nem era só pelo frio; era pela vida social também, que não existia. Estava sempre cinzento e a chover. É complicado viver assim.

BnR: A seguir, regressaste a Portugal…

DMS: Depois da Escócia voltei a Portugal, para o SC Olhanense. Fiquei uma época e correu bem também; foi a época em que fui chamado à selecção cabo-verdiana. No fim dessa época regressei à Escócia, fiquei lá seis meses e tive uma lesão um pouco grave no joelho, pelo que não joguei nos outros seis meses. Recuperei, fui para a Finlândia, e através de um treinador que me conhecia bem, pai de um colega meu, fui parar à Tailândia.

BnR: Grandes mudanças; experienciaste diversas realidades do futebol. De todas, qual foi a mais marcante?

DMS: Na Escócia foi muito complicado. Como já disse, eu não vivia; estava sempre de noite a partir das quatro da tarde. Na Bulgária era o clima, era bastante frio, mas a vida até era boa. Sófia é uma boa cidade mas, em termos de diferenças culturais, senti-as mais na Tailândia, claramente. Eles são completamente diferentes. Foi o maior choque que tive.

Fonte: Facebook Oficial de David Mendes da Silva
David Silva a festejar o seu golo frente à Académica de Coimbra
Fonte: Facebook Oficial de David Mendes da Silva

BnR: Já falamos melhor sobre a Tailândia. Estiveste na Escócia na 1.ª Liga e depois no Olhanense, 1.ª Liga portuguesa. Que diferenças sentiste entre estes dois campeonatos?

DMS: É diferente! Na Escócia há mais físico. É mais estilo de “guerra” do que em Portugal! Na minha opinião, cá há mais técnica e qualidade. Ao nível dos adeptos, na Escócia os estádios estão sempre cheios, não há um jogo que esteja vazio, estejam -10 graus ou -50 graus; isso não interessa. É Inglaterra em ponto pequeno. É um espetáculo para nós, jogadores; a motivação dispara.

BnR: Ainda no Olhanense, jogaste com os grandes? Qual a sensação?

DMS: Sim, joguei com o Porto, o Benfica e o Sporting. Consegui empatar com o Porto, perdi com o Sporting por 1-0, em Alvalade, e perdi com o Benfica por 2-0 e 2-1. Nunca ganhei a um grande mas também não perdi por muitos! Mas já vinha habituado a estádios cheios e a grandes ambientes na liga escocesa, por isso não senti muito esse impacto. Lá eles mentalizam-se mesmo de que o futebol é uma festa, e podem perder 5-0 que isso não interessa. Têm outra cultura. Cá em Portugal, toda a gente é do Porto, do Benfica ou do Sporting, e lá eles são do clube da sua cidade e apoiam incondicionalmente. É completamente diferente.

 Foto de Capa: David Mendes da Silva

Sabe Mais!

Sabe mais sobre o nosso projeto e segue-nos no Whatsapp!

O Bola na Rede é um órgão de comunicação social de Desporto, vencedor do prémio CNID de 2023 para melhor jornal online do ano. Nasceu há mais de uma década, na Escola Superior de Comunicação Social. Desde então, procura ser uma referência na área do jornalismo desportivo e de dar a melhor informação e opinião sobre desporto nacional e internacional. Queremos também fazer cobertura de jogos e eventos desportivos em Portugal continental, Açores e Madeira.

Podes saber tudo sobre a atualidade desportiva com os nossos artigos de Atualidade e não te esqueças de subscrever as notificações! Além destes conteúdos, avançámos também com introdução da área multimídia BOLA NA REDE TV, no Youtube, e de podcasts. Além destes diretos, temos também muita informação através das nossas redes sociais e outros tipos de conteúdo:

  • Entrevistas BnR - Entrevistas às mais variadas personalidades do Desporto.
  • Futebol - Artigos de opinião sobre Futebol.
  • Modalidades - Artigos de opinião sobre Modalidades.
  • Tribuna VIP - Artigos de opinião especializados escritos por treinadores de futebol e comentadores de desporto.

Se quiseres saber mais sobre o projeto, dar uma sugestão ou até enviar a tua candidatura, envia-nos um e-mail para [email protected]. Desta forma, a bola está do teu lado e nós contamos contigo!

Patrícia Ribeiro Fernandes
Patrícia Ribeiro Fernandeshttp://www.bolanarede.pt
Desde que se conhece que a Patrícia gosta de bola e chegou mesmo a jogar, mas a vida seguiu por outros rumos. Como mulher de paixões que é, encontra no Benfica a maior de todas e é a escrever que se sente em casa.                                                                                                                                                 A Patrícia escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

Alvo do Sporting para a frente de ataque custa entre os 20 e os 22 milhões de euros

Lucas Stassin é um dos alvos do Sporting para a frente de ataque. O jogador representa os gauleses do Saint-Étienne.

Benfica com regresso de extremo garantido

Henrique Pereira está de regresso ao Benfica. O extremo representou na última temporada o Casa Pia, por empréstimo do emblema da Luz.

Vá em frente, Noronha Lopes, mas cuidado, que o caminho está amanteigado

Então, siga em frente, Noronha, que outrora acreditou-se que era um dos bons. Fale, explique-se e diga ao que vem.

Real Madrid olha para dentro da La Liga e analisa avançado experiente

O Real Madrid está interessado em contratar Ante Budimir na próxima janela de transferências. O avançado pertence aos quadros do Osasuna.

PUB

Mais Artigos Populares

Portugal: Gonçalo Ramos dispensado da Seleção

Gonçalo Ramos foi dispensado esta quinta-feira da Seleção Nacional. Avançado vai assistir ao nascimento do filho.

Reconstrução na defesa do Dragão? Eis as possíveis saídas no FC Porto

O FC Porto deverá ver alguns jogadores saírem da sua linha defensiva no próximo mercado de transferências.

Wolves de Vítor Pereira pode fazer proposta por avançado da Ligue 1

O Wolverhampton está interessado em Evann Guessand. Ingleses consideram fazer proposta pelo avançado do Nice.