«Deixa-me triste ver o Benfica a passar por esta situação, em que não se vê a liderança» – Entrevista BnR com Idalécio

– Aconselhar e ser aconselhado –

«Todos no Rio Ave pensávamos que o Fábio Coentrão se ia perder»

BnR: Falaste no Nacional, onde jogaste também com um jovem Ivo Vieira. Como o vias enquanto jogador e já lhe reconhecias alguma qualidade e visão para ser treinador?

IR: O grande Ivo era nosso capitão. Tinha sofrido uma lesão no joelho, ainda estava a recuperar dos ligamentos, mas foi um elemento sempre importante no plantel, um elemento que já transmitia muita maturidade. Ele é que nos dava as boas-vindas, passava a mística do clube, tinha um enorme caráter. Jogasse ou não, dava já muitas indicações na altura, não sei se alguém levava a mal, eu não levava, mas ele já tinha esse intuito de orientar e equilibrar alguns colegas que precisavam, sendo sempre com o mister Peseiro como líder, mas ele, pelo que representava para o clube, sempre foi um elemento que demonstrava uma capacidade de liderança, de forte caráter e de bom futebol. É com muito agrado que vejo o sucesso que ele tem alcançado, o percurso que tem tido. Há pouco tempo tive a oportunidade de lhe dar um abraço quando ele veio aqui jogar com o Arsenal.

BnR: Falaste ainda no Paulo Assunção, que veio a ser um craque autêntico do FC Porto. Como disseste, já vinha a fazer isso no final de época do Nacional.

IR: Sim, ele dá nas vistas logo a partir do momento em que atinge a melhor forma dele. Aliás, ele marcou um golo ao Paços de Ferreira, que ficou como o melhor golo da época, onde ele dribla vários adversários e faz um golo tremendo. Veio a confirmar todo o seu valor, era engraçado que ele parecia que nem transpirava, era o que chamávamos a formiguinha do meio-campo. Poucas faltas, mas com grande capacidade física e técnica muito grandes, e fico muito feliz de poder ter sido colega dele e ter visto o seu percurso em ascensão, e mereceu sem dúvida. E os filhotes dele são uns craques. Esta época tem sido muito positiva para o Gustavo no Famalicão, vai ajudar certamente a ter uma carreira brilhante, oxalá.

BnR: Devido aos problemas familiares, voltas para o continente, e para um Rio Ave que tinha alguns colegas conhecidos no panorama nacional.

IR: Sim, fui integrar uma equipa que vinha da Segunda Liga, com o Carlos Brito, que foi um treinador com quem tive grande prazer em trabalhar. Tive a oportunidade de agradecer a chance que me deu, isto porque na altura comecei a ligar diretamente para os clubes para arranjar clube. Não havia a necessidade de ter um empresário porque já toda a gente me conhecia. Então liguei diretamente para o Carlos Brito, tinha saído o Peu e sabia que faltava um elemento com alguma experiência e tive a felicidade ele me dizer: “Idalécio, se conseguires resolver com o Nacional, acertas com o Rio Ave e será um gosto ter-te aqui”. Foi assim. Cheguei a acordo com o Nacional para rescindir, sem qualquer contrapartida, com alguns acertos por fazer da direção para comigo, e fui para o Rio Ave.

BnR: Mais uma mudança.

IR: Mais uma mudança, chegar e ter de demonstrar quem tu és, o que consegues fazer, mas deu um gozo tremendo e foi um prazer. Não fui logo titular, havia Franco e Bruno Mendes, que tinham feito grandes épocas e em quem Carlos Brito confiava muito. Depois, fui conquistando o meu espaço e acabei por ter um percurso interessante, enquanto ele foi treinador. Ele quis levar-me para o Boavista quando foi para lá, no ano seguinte, só que o Boavista não pagava qualquer indemnização ao Rio Ave, o Rio Ave não me queria deixar sair, disseram que era um elemento muito importante na defesa e tudo mais, e acabou por não se concretizar a  ida para o Boavista. Apesar de todos os problemas que teve, o Boavista ainda era um clube muito interessante de representar e teria sido um orgulho ter podido representar o Boavista, mas acabei por ficar no Rio Ave, com o míster António Sousa. Foi mais um treinador, com quem eu tive também muito orgulho de ser treinado e de aprender, mas não houve resultados nem a união que tinha havido nos dois anos anteriores. Se calhar foi por causa das mudanças de ego, e é culpa de todos. A determinada altura, deixei de ser opção e acabei por respeitar e sair da equipa, até que infelizmente acabamos por descer de divisão.

BnR: No primeiro ano no Rio Ave, apanhas jogadores como Vandinho, Paulo César, Mozer, que vieram a ganhar grande notoriedade no Braga.

IR: Foi uma agradável surpresa porque não os conhecia. O Mozer sim, já tinha sido meu colega no Braga durante vários anos. Se calhar ele acabou por ter alguma influência na minha ida para o Rio Ave junto do mister Carlos Brito. Mas depois todos esses foram surpresas para mim. Também o Jaime, o Niquinha, que era uma grande referência, nunca saiu do Rio Ave, fez um percurso brilhante em termos do clube. Um profissional e pessoa espetacular. Evandro, que se destacou em termos de golos, mas já lá estava…

BnR: E um jovem Fábio Coentrão na segunda época.

IR: Sim, o Coentrão na segunda época, já muito irreverente, e que todos nós pensávamos que se ia perder. O Carlos Brito deu uma grande ajuda e tentou motivá-lo de forma a que isso não acontecesse, e mesmo no grupo de trabalho recebemo-lo de braços abertos, mas ele esteve quase a ficar pelo caminho.

BnR: Era a personalidade?

IR: Sim, era a personalidade irreverente. O chegar atrasado, se és miúdo e chegares atrasado não é muito bom. Houve algumas situações que foram resolvidas pela equipa técnica e por nós. É normal, quando és novo, aquela transição de juniores para seniores, nunca sabes bem, e ele já tinha muita qualidade, já fazia a diferença. Não sei se achava que era o melhor da rua dele, mas chegando ali ao clube é diferente, apanhas jogadores mais velhos e mais experientes. Fico muito feliz pelo percurso que ele teve, e ver onde ele chegou, aos patamares a que chegou, as exibições que fez, é sempre gratificante ver que jovens com tanta qualidade têm as oportunidades que desejam e merecem.

Sabe Mais!

Sabe mais sobre o nosso projeto e segue-nos no Whatsapp!

O Bola na Rede é um órgão de comunicação social de Desporto, vencedor do prémio CNID de 2023 para melhor jornal online do ano. Nasceu há mais de uma década, na Escola Superior de Comunicação Social. Desde então, procura ser uma referência na área do jornalismo desportivo e de dar a melhor informação e opinião sobre desporto nacional e internacional. Queremos também fazer cobertura de jogos e eventos desportivos em Portugal continental, Açores e Madeira.

Podes saber tudo sobre a atualidade desportiva com os nossos artigos de Atualidade e não te esqueças de subscrever as notificações! Além destes conteúdos, avançámos também com introdução da área multimídia BOLA NA REDE TV, no Youtube, e de podcasts. Além destes diretos, temos também muita informação através das nossas redes sociais e outros tipos de conteúdo:

  • Entrevistas BnR - Entrevistas às mais variadas personalidades do Desporto.
  • Futebol - Artigos de opinião sobre Futebol.
  • Modalidades - Artigos de opinião sobre Modalidades.
  • Tribuna VIP - Artigos de opinião especializados escritos por treinadores de futebol e comentadores de desporto.

Se quiseres saber mais sobre o projeto, dar uma sugestão ou até enviar a tua candidatura, envia-nos um e-mail para [email protected]. Desta forma, a bola está do teu lado e nós contamos contigo!

Pedro Pinto Diniz
Pedro Pinto Dinizhttp://www.bolanarede.pt
O Pedro é um apaixonado por desporto. Em cada linha, procura transmitir toda a sua paixão pelo desporto-rei, o futebol, e por todos os aspetos que o envolvem. O Pedro tem o objetivo de se tornar jornalista desportivo e tem no Bola na Rede o seu primeiro passo para o sucesso.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

Ruben Amorim em maus lençóis? Matthijs de Ligt é sinónimo de saída de treinador desde que se estreou pelo Ajax

Nunca um treinador que orientou Matthijs de Ligt como sénior continuou para a temporada seguinte no mesmo clube. Ruben Amorim quer contrariar tendência.

FC Porto x Riga será disputado à porta fechada

O FC Porto e o Riga vão enfrentar-se a partir das 11 horas do dia 8 de junho. O encontro será disputado à porta fechada.

Braga faz abordagem por jogador da Udinese e clube pede mais de 5 milhões de euros

O Braga está interessado em contratar Rui Modesto, jogador que representa atualmente a Udinese, equipa da Serie A.

Ex-Benfica Miguel Vítor está de regresso a Portugal para disputar a Primeira Liga

Miguel Vítor está de regresso a Portugal. Defesa central internacional A por Israel vai voltar à Primeira Liga na próxima época.

PUB

Mais Artigos Populares

Foi crucial para o AVS SAD continuar na Primeira Liga e está de saída do clube a custo zero

Gustavo Assunção vai deixar o AVS SAD a custo zero. Médio termina contrato e não vai renovar com os avenses.

Ferro chama a atenção de clubes estrangeiros e pode sair do Estrela da Amadora

Ferro pode voltar a realizar uma aventura fora de Portugal. Existem clubes interessados no central do Estrela da Amadora.

Atlético Madrid só pensa em Viktor Gyokeres

O Atlético de Madrid quer contratar Viktor Gyokeres na próxima janela de transferências. O avançado representa o Sporting.