«A descida da Académica/OAF deixou-me extremamente triste» – Entrevista BnR com Pedro Duarte

 – Primeira vez na Segunda –

«Crespo e o Atlético de Madrid podia ser o casamento perfeito»

 

Bola na Rede: Quando vai para o Estoril-Praia SAD assume a equipa de sub-23, equipa essa que tem conquistado vários títulos e lançado vários jogadores para o futebol profissional. O que é que encontrou no clube que propicie a potenciação dos jogadores jovens?

Pedro Duarte: Mesmo com dificuldades em termos de espaços de treino – treinávamos em sintético e jogávamos em relvado natural -, encontrei muita organização. Os diferentes departamentos estavam em contacto uns com os outros. Havia uma ligação muito forte entre a equipa sub-23 e a equipa A. O trabalho de scouting era muito bem feito e permitia identificar com relativa facilidade atletas com qualidade. Depois, era o trabalho diário. Já na altura tínhamos o Chiquinho, o Bernardo Vital, o Dani Figueira… Era um espaço onde muitos jogadores podiam competir. Nesse ano, até houve jogadores dos sub-23 que acabaram por ser vendidos, o que não é fácil.

Bola na Rede: A prova dessa relação é que depois o mister acaba por subir à equipa principal. Sentiu o peso de assumir pela primeira vez uma equipa de Segunda Liga que até estava em posição de poder lutar por subir até a prova ser terminada precocemente devido à pandemia?

Pedro Duarte: O meu objetivo era ser treinador de Segunda Liga. Quando fui para o Estoril-Praia SAD, para a equipa sub-23, foi com a ideia de mostrar o meu trabalho. Quando vou para a equipa principal, o campeonato acaba por ser interrompido. Acaba por saber a pouco.

Bola na Rede: Não teve oportunidade de continuar?

Pedro Duarte: O meu contrato acabava no final desse ano. Os responsáveis consideraram que a relação entre o Pedro Duarte e o Estoril-Praia SAD não era para continuar, com pena minha. É a vida de treinador. Gostava de ter continuado, mas a vida segue.

Bola na Rede: Com o mister, o Daniel Bragança jogava como médio interior. Acha que ele consegue render mais partindo de trás para iniciar a construção ou no espaço entre linhas?

Pedro Duarte: Na altura, no Estoril-Praia SAD, jogávamos com uma estrutura de um médio mais defensivo, o Tembeng, e quase sempre com dois interiores. O Bragança baixava muito para a fase de construção. O Bragança tem uma capacidade de ler o jogo muito grande. Muitos dos problemas que o jogo tem, o Bragança resolve-os devido à cultura que ele tem. Aliado à qualidade individual e à capacidade de decidir, tem inteligência para antecipar cenários. Rouba bolas não pela forma rápida como chega ao adversário, mas pela forma rápida com que antecipa. Muitas vezes, o Sporting CP joga com dois homens e o Bragança sente-se confortável a baixar, quer seja para o meio dos centrais, quer seja para os corredores. Pode jogar em todas as posições do meio-campo, independentemente da estrutura.

Bola na Rede: Apesar disso é um jogador que precisa de ajustes no sistema para poder ser enquadrado?

Pedro Duarte: É mais importante ter uma equipa que goste e tenha muito tempo a bola, que jogue curto e apoiado, do que propriamente a forma como o meio-campo se posiciona. Quanto mais tempo tiver a bola, mais fácil vai ser para o Bragança, porque se vai desgastar menos no processo defensivo e, com bola, a qualidade dele vai sobressair.

Bola na Rede: O Miguel Crespo também tem que se enquadrar nessa forma de jogar?

Pedro Duarte: O Crespo é diferente. É um jogador que gosta de movimentos de rutura, gosta de aparecer no corredor. Acelera o jogo, transporta muito bem a bola. Também é forte no momento de pressionar e a chegar à área. Depois, remata muito bem. Estas características permitem-lhe jogar mais perto da linha ofensiva, como também baixar para construir e transportar. Esta variabilidade torna-o num jogador muito mais rico.

Bola na Rede: Pode enquadrar-se bem numa equipa tão particular como o Atlético de Madrid, à qual tem sido associado?

Pedro Duarte: Podia ser um casamento quase perfeitoO Atlético de Madrid é uma das equipas da Europa que mais vai ao encontro daquilo que são as características do Crespo. É competitivo e demonstra agressividade, mas depois acrescenta a isso a qualidade do passe e da condução de bola.


Francisco Grácio Martins
Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.

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