«Em Portugal precisamos de mais pessoas como o Carlos Carvalhal e como o Bruno Lage» – Entrevista BnR com José Ribeiro Meditar

    -Saber ganhar e “morrer na praia”-

    «A minha primeira grande referência no treino é o José Mourinho»

    Bola na Rede: É tempo agora para relembrar alguns dos feitos do José como treinador. Treinaste os juniores do Sanguedo, onde foste campeão distrital. Treinaste a equipa de futebol 7 do Calçada, onde também foste campeão…

    José Ribeiro-Meditar: Tu sabes muita coisa acerca de mim (risos).

    Bola na Rede: Fiz a minha pesquisa (risos). Até no futebol feminino nos Dragões Sandinenses foi a única equipa dos distritais a chegar às meias-finais da Taça de Portugal…

    José Ribeiro-Meditar: Tu pesquisaste bem. Tu tens o meu livro. Tu tens os “segredos de Meditar”. Como é que sabes essas coisas todas? (risos).

    Bola na Rede: Não posso revelar as minhas fontes (risos). Já falaste um pouco sobre quais são as tuas preferências a nível de estilo de jogo e eu aproveito agora para questionar quais são as tuas principais referências de onde foste “beber o teu conhecimento” para aplicares no teu treino?

    José Ribeiro-Meditar: Falaste bem, referências, porque eu não gosto da palavra ídolo. A minha primeira grande referência no treino é o José Mourinho. Eu ainda estagiei no FC Porto no tempo em que ele esteve lá e o Luís Castro era o coordenador. Quando apareceu o Mourinho eu guardei tudo e fiz investigação. [José vira a câmara e mostra a sua vasta coleção de livros]. Fui estagiar ao FC Porto, na altura estive com o Zé Guilherme, que agora é responsável pela disciplina do futebol na FADEUP e também estagiei com o Ilídio Vale. Depois tenho duas equipas que me marcaram: o Brasil de ’82 e o Milan do Arrigo Sacchi. O Brasil pela maneira como atacavam e o Milan pela maneira como organizavam o jogo, na marcação à zona e zona pressionante. Gosto muito do Barcelona do Luís Enrique, gostei mais do Barcelona do Luís Enrique do que do Barcelona do Guardiola. Também adoro o Klopp. Eu ao dizer que adoro o Klopp e o Luís Enrique em termos de jogo, tu já estás a ver como é que uma equipa minha joga. Eu não gosto do “vai à linha, cruza e faz golo”, eu gosto de três avançados. Se não marca Messi, marca Neymar, se não marca Neymar marca Suarez. Se não marca Salah, marca Mané, se não marca Mané marca Firmino. É disso que eu gosto. Gosto muito da Juventus do Allegri pelo lado da estratégia, gosto muito da equipa do Joachim Low, quando ganhou o Mundial 2014 acho que do ponto de vista estratégico é de topo, gosto muito do Simeone e da maneira como ele puxa pelos adeptos, porque é um treinador super emotivo e eu também me considero um treinador emotivo. Gosto muito do futebol sul americano, gosto mais do atleta uruguaio e argentino do que do atleta brasileiro, gosto daqueles miúdos mesmo do bairro com raça porque com esses é que tu ganhas jogos. Já treinei em vários contextos e em vários grupos, eu costumo dizer que a mim ninguém me ensina como “morrer na praia”, porque eu já morri na praia, mas a mim também ninguém me ensina como se sobe de divisão porque eu também já subi de divisão uma série de vezes. Mas claro que tu para subires de divisão tens de ter atletas de qualidade.

    Fonte: Arquivo pessoal de José Ribeiro-Meditar

    Bola na Rede: Ainda em torno das referências, certamente que o José tem noção de que também é uma referência para muitos. Sentes algum peso ou pressão por seres um exemplo? Com certeza que devem haver dias menos bons.

    José Ribeiro-Meditar: Claro que sim. Eu até vou pegar nisto aqui. [José pega no segundo livro que escreveu em 2018, “O Vagabundo”, para num capítulo e começa a ler]: “A infelicidade é não permitires que a mudança aconteça. Agarras-te com força para que as coisas sejam estáticas. Ao amares uma mulher, desejas que ela seja tua amanhã como é hoje. Aí surge a infelicidade. Ninguém tem a certeza sobre o momento seguinte, então o que dizer sobre o amanhã. A vida está continuamente a mudar, só uma coisa é permanente: a própria mudança”. Não sei se respondi à tua pergunta, mas claro que sim. Todos nós temos dias em que estamos piores. Por exemplo, eu agora estou muito focado no “Tempo”, que é o seguimento do livro “O Vagabundo”, que só vai sair para o ano. Eu agora estou muito virado para a poesia, eu tenho poemas que consigo escrever de manhã, outros à noite e há outros que só consigo escrever com barulho, isto parece de loucos, mas é verdade. Muitas vezes nós temos de nos isolar no bom sentido da palavra. Vou te dizer mais uma coisa, o nosso cérebro é dividido em dois hemisférios, o esquerdo e o direito. O esquerdo é científico: racional, lógico e matemático. O direito é emocional, criativo e intuitivo. Eu sou uma pessoa muito intuitiva e nada racional. Sei quais são os meus pontes fortes e os meus pontos fracos. Aprendi a camuflar os meus pontos fracos.

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    Nélson Mota
    Nélson Motahttp://www.bolanarede.pt
    O Nélson é estudante de Ciências da Comunicação. Jogou futebol de formação e chegou até a ter uma breve passagem pelos quadros do Futebol Clube do Porto. Foi através das longas palestras do seu pai sobre como posicionar-se dentro de campo que se interessou pela parte técnica e tática do desporto rei. Numa fase da sua vida, sonhou ser treinador de futebol e, apesar de ainda ter esse bichinho presente, a verdade é que não arriscou e preferiu focar-se no seu curso. Partilhando o gosto pelo futebol com o da escrita, tem agora a oportunidade de conciliar ambas as paixões e tentar alcançar o seu sonho de trabalhar profissionalmente como Jornalista Desportivo.