«Hoje em dia prefere-se um jogador sem experiência de Primeira Liga a um experiente com provas dadas» – Entrevista BnR com Alex Soares

«Ainda hoje me considero maritimista. Adorei a minha experiência no CS Marítimo e na Madeira».

Bola na Rede: Marcaste seis golos durante seis épocas ao serviço do Marítimo. Acreditas que um médio precisa de ter faro para o golo para ter sucesso, neste momento? Tens cada vez mais exemplos disso e parece que algumas pessoas se esquecem do resto.

Alex Soares: Acho que faz muito a diferença o número de golos na carreira de um médio. É impossível, mas, se tivermos duas exibições exatamente iguais, mas calhar de um dos jogadores marcar um golo e o outro ficar a zero, a crítica e a avaliação vai ser completamente diferente. Talvez não pelo treinador, mas, como o futebol é muito público, toda a gente tem direito a opinião. Acho que quem percebe menos de futebol são os jogadores e os treinadores (risos). Provavelmente um adepto não viu um jogo, mas lê a crítica e os jornais que formam muito a opinião pública. As estatísticas são algo mais recente, antes ninguém sabia quantas recuperações fizeste ou se completaste 80% dos passes. O que importava eram os golos e se fizeste algum erro. Costumo dizer isso ao meu irmão (Filipe Soares), e ele sempre fez bastantes golos, porque acho que pode definir a carreira de um jogador. Principalmente num jogador mais “normal”, não de topo, que faz várias coisas bem, acho que é uma característica muito importante.

Bola na Rede: Costumas ler o que dizem sobre ti na comunicação social?

Alex Soares: Gosto de ler. Não me influencia, mas acho que é bom ter mais uma opinião. Eu posso ter uma opinião diferente, mas gosto de ouvir porque, principalmente quando falam que fizeste um bom jogo, sabe bem (risos).

Bola na Rede: Consideras que o Marítimo foi uma das tuas melhores experiências no futebol, até ao momento? Que memórias guardas da ilha, onde os adeptos são bastante bairristas?

Alex Soares: Eu ainda hoje me considero maritimista. Adorei a minha experiência no CS Marítimo e na Madeira. Tenho lá pessoas que considero família, mas um dia a experiência tinha de chegar ao fim. Tinha de colocar comida na mesa e eu não como camisolas do CS Marítimo, mas gostava de um dia voltar, se fosse possível.

Bola na Rede: Depois, sais mais uma vez de uma zona de conforto, onde acredito que já tivesses muitas amizades e uma vida estável e vais para o Chipre, jogar no Omonia. Estavas a precisar de experimentar algo novo no futebol?

Alex Soares: Depois de sair do CS Marítimo, queria conciliar um bom projeto desportivo com uma boa oportunidade financeira e foi isso que encontrei no Chipre. Tinha um bom salário e fui para um clube que se queria reerguer e voltar a ganhar. Não correu bem, por vários fatores, mas foi uma experiência muito boa. Não me arrependo nada de ter ido para o Chipre, apesar de termos tido alguns problemas financeiros. Encontrei vários jogadores portugueses e outros que já tinham passado pelo nosso campeonato e isso ajudou à adaptação. Depois, no segundo ano, o plantel era completamente novo e já não tinha a mesma relação com os colegas, mas já não tínhamos problemas financeiros porque o presidente mudou e nunca mais falharam. Foi pena que em termos desportivos nunca tenha corrido bem, porque tínhamos bons jogadores. O clube era organizado e agora ainda está melhor. Foram campeões cipriotas na época passada e terminaram o primeiro ano da pandemia, quando o campeonato terminou mais cedo, no topo da tabela. Era sinal que o clube se queria mesmo reerguer.

Bola na Rede: Existem muitos jogadores portugueses que experimentam o Chipre e ficam por lá muitos anos. Conseguiste perceber porquê?

Alex Soares: Acho que têm gostado muito de ter jogadores portugueses. Lá temos muitos portugueses e jogadores que jogaram no nosso campeonato. Como o Chipre tem um campeonato vantajoso em termos financeiros e é competitivo, os portugueses saem e, como são, normalmente, apostas seguras e têm muita qualidade, continuam a ser aposta. Alguns jogadores jovens vêm para dar um salto para outras ligas e tem dado certo. E, como o verão é muito quente e o inverno é ameno e o estilo de jogo é semelhante, talvez sejam fatores que explicam essa procura e resposta.

Bola na Rede: Voltando ao futebol, foste para um Campeonato novo, com métodos de treino e de jogo novos. Como foi jogar numa liga como a cipriota?

Alex Soares: Na altura, achava que existiam seis ou sete equipas competitivas. O campeonato, depois, divide-se a meio e os seis primeiros lutam pelo apuramento do campeão e o resto lutava pela manutenção. Existia uma clara distinção, claro que na minha altura era normal o APOEL ganhar aos outros, mas os outros também podiam ganhar ao APOEL. O campeonato tem jogadores bons, têm ido à fase de grupos Liga Europa e a liga está cada vez mais organizada. Às vezes, como estes clubes são mais calorosos, facilitam um bocado e, eu acho que é devido ao estilo de vida despreocupado que têm, o que causa uma falta de organização. Acho que é por causa disso que não têm tanto sucesso. Nota-se muito a diferença em termos táticos em relação ao campeonato português, porque no Chipre, por exemplo, preocupam-se mais com os avançados bons do que com a defesa e não têm uma boa capacidade tática.

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Clara Maria Oliveira
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A Clara percebeu que gostava muito de Desporto quando a família lhe dizia que estava há muito tempo no sofá a ver Curling. Para isso não se tornar uma prática sedentária, pegava na caneta e escrevia sobre o que via e agora continua a fazê-lo.                              A Clara escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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