«Equipa atual do Benfica? Nenhum teria lugar no plantel em que estive com Jorge Jesus» – Entrevista BnR com David Simão

– Futebol por um canudo –

“Não assinei pelo Kayserispor porque uso óculos”

BnR: Em janeiro deste ano conheceste um novo destino. Como está a correr a experiencia em Israel?

DS: Quando vim para aqui tinha um único propósito: jogar. Foi conseguido. Depois da quarentena, parece que entrámos no campeonato como o Benfica e o FC Porto; existe, também, uma grande gestão da equipa – estamos a ter muitos jogos, à terça e ao sábado, e nem dá tempo para recuperar – e não temos plantel para isso. O nosso foco agora está na final, ao contrário dos restantes. Numa fase final onde, à exceção do Maccabi Tel Aviv, as equipas equivalem-se, se juntares a falta de compromisso à gestão da equipa, é normal que os resultados não apareçam.

BnR: O Miguel Vítor e o Josué fizeram jus à hospitalidade lusitana?

DS: Sim, claro! Quando cheguei, como o Miguel estava mais com a família, passei mais tempo com o Josué. Com a pandemia, o Josué reagiu quase em pânico e nós respeitámos, então todos os dias ia jantar a casa do Miguel; no Benfica tínhamos uma relação cordial, mas não éramos amigos. Entretanto já tive oportunidade de lhe dizer que, quer ele, quer a família, foram fundamentais para eu conseguir passar este período, porventura, até de uma forma irresponsável. Treinávamos todos os dias, aqui, a correr, e depois jantávamos.

BnR: O modelo do campeonato israelita faria sentido em Portugal?

DS: É um modelo diferente. Em vez de teres dois Benfica x FC Porto, tens quatro. Tens mais espetáculo e porventura vendes mais. É um modelo igualmente justo, mas que para algumas equipas pode ser desmotivante.

BnR: Já sabes se o Hapoel Beer Sheva vai exercer a tua opção de compra?

DS: Dificilmente. A dona do clube saiu – nesta questão da negociação de cortes, ficou desiludida com os jogadores – porque nós quisemos renegociar e ela entendeu que era uma afronta. Atualmente o clube não tem condições de me comprar nem tão pouco de suportar o meu salário. Tenho contrato com o AEK e se, até ao final da época, não aparecer uma proposta que me agrade vou ter de regressar, apesar de achar que não contam comigo. Não é apenas pelo aspeto financeiro, mas é também, e não penso abdicar de nada do contrato que tenho com eles.

BnR: Ainda desfrutas de jogar futebol?

Os contextos, por vezes, tiram um pouco o brilho, mas claro que desfruto. Este ano tem sido atípico: assinei pelo AEK e ao fim de uma jornada o Miguel Cardoso é despedido e deixei de jogar; entra um grego, automaticamente afasta-me e passo a treinar sozinho sem me darem uma explicação – eu e o Francisco Geraldes. Em janeiro, quando abriu o mercado, vou para a Turquia para assinar pelo Kayserispor e, quando chego lá, dizem que já nem querem ficar comigo porque uso óculos. Regresso à Grécia e, ainda que sabendo que não é legal meter um jogador a treinar à parte, eu e os meus representantes achámos melhor não ripostar para que o clube não me dificultasse a saída se aparecesse uma boa proposta; entretanto há uma troca de treinador – sai o grego e entra um italiano que não percebia por que é que eu estava a treinar à parte – e começo a treinar novamente com a equipa; não jogo, mas sou convocado. Nisto, fecha o mercado europeu – tinha tido uma possibilidade de sair, mas foi-me dito pelo treinador que contava comigo e que ia dar-me uma oportunidade – e fico na Grécia, porque amo Atenas. Voltas e mais voltas, acabo por vir para Israel, começo a jogar, passamos à final e aparece a pandemia. Comecei a treinar em junho, já vamos em julho e está a ser um ano muito desgastante, com muitas peripécias. Agora preciso de férias e de voltar para perto da minha família para recarregar baterias e encarar um novo projeto, que não acredito que seja o AEK.

BnR: Voltar ao futebol português é uma hipótese?

DS: Portugal é sempre uma hipótese, mas, nesta altura, põe-se o entrave do salário. Quando voltei para o Boavista, perdi dinheiro, mas pensei “David, ou é agora, ou já não é, porque os anos passam”. Atualmente, com 30 anos, não posso abdicar de um contrato que, provavelmente, nem os jogadores do Braga ganham isso; ou seja, só os três grandes podiam oferecer-me condições semelhantes às que tenho agora. Se calhar as pessoas que lerem isto vão pensar “Só pensa em dinheiro”, mas, em média, daqui a quatro anos acabou e nós precisamos de guardar ou investir e é esse dinheiro que nos vai fazer poder encarar o futuro de uma forma mais ou menos tranquila. Ao vir para aqui, o AEK disponibilizou-se a pagar parte do meu salário; havendo um clube que possa fazer isso, Portugal é uma hipótese.

BnR: Para concluir, quero deixar-te um desafio: caso vençam o Maccabi Petah na final da Taça de Israel, convido-te a ti, ao Miguel e ao Josué a juntarem-se a nós numa emissão Bola na Rede TV. Aceitas?

DS: Eu aceito! O Miguel e o Josué acredito que também possam aceitar.

BnR: Está prometido.

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Miguel Ferreira de Araújo
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Um conjunto de felizes acasos, qual John Cusack, proporcionaram-lhe conciliar a Comunicação e o Jornalismo. Junte-se-lhes o Desporto e estão reunidas as condições para este licenciado em Estudos Portugueses e mestre em Ciências da Comunicação ser um profissional realizado.                                                                                                                                                 O Miguel escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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