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«Fazer a diferença todos os dias» – Entrevista a André Ramos

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BnR: Como é do conhecimento, os atletas de Boccia são classificados tendo em conta o seu perfil funcional. Em que classe está inserido? Quais as características dessa classe?

AR: Como já referi em respostas anteriores, sou jogador da classe BC1. Nesta classe, os jogadores têm direito a um auxiliar de jogo. Podem jogar com a mão ou com o pé, sendo que só podem jogar com uma parte do corpo. A função do auxiliar é dar as bolas ao jogador e segurar a cadeira de rodas no ato de lançamento das bolas. Qualquer conversa entre mim e o meu auxiliar, José Pedro, é penalizada com uma bola extra para o adversário.

Fonte: Ricardo Vaz/Bola na Rede

BnR: Depois de ter marcado presença em algumas competições internacionais em representação de Portugal, como avalia essa experiência?

AR: O Boccia tem vindo a crescer muito nos últimos anos. Neste momento, todas os aspetos são relevantes, como por exemplo o tipo de bolas de cada jogador. Os países do Continente Asiático, são neste momento os melhores do mundo. Portugal continua a ser dos poucos países europeus a chegar às fases finais das competições. Na classe BC1, a Tailândia é claramente a melhor do mundo. É sempre bom poder representar o nosso país ao mais alto nível e conseguir ter resultados aceitáveis para um jogador que entrou à pouco tempo na Selecção.

BnR: Sendo um atleta com uma boa margem de progressão, quais as expetativas/ambições para o futuro?

AR: Sou uma pessoa que estabelece objetivos a curto prazo. Acho que assim consigo aquilo que realmente pretendo. Em termos gerais ambiciono o primeiro lugar no campeonato regional e nacional. Exijo sempre o máximo de mim. Alcançando o primeiro lugar a nível nacional mais portas se abrirão para continuar a ser convocado para representar o nosso país lá fora, tendo sempre como meta vencer.

BnR: Nos dias que correm, é importante para a carreira de qualquer atleta ter apoios. Qual a sua opinião sobre este tema? Tem apoios? O que mudaria na promoção do desporto para pessoas com deficiência?

AR: Os atletas paralímpicos infelizmente têm menos visibilidade e como tal menos apoios quer do estado quer de potenciais patrocinadores, esta é a realidade. Foi-me recentemente atribuída a bolsa de atleta paralímpico, sendo o único apoio que recebo. Infelizmente, os valores atribuídos a atletas paralímpicos é inferior aos oferecidos a atletas olímpicos e insuficiente para todas as despesas relacionadas com a pratica da modalidade.

Existe outra dificuldade no que diz respeito aos auxiliares de jogo. É extremamente difícil encontrar uma pessoa com disponibilidade e que tenha capacidade para desempenhar as funções de um auxiliar de jogo. Neste momento, o José Pedro é o meu auxiliar, mas a vida académica/profissional dele pode mudar, e se isso acontecer, pode deixar de ter disponibilidade para me acompanhar a estágios e competições internacionais.

Numa era da tecnologia e redes sociais, penso que o caminho passará por uma maior divulgação da prática desportiva adaptada para captar uma maior atenção da sociedade e de investidores.

BnR: Sabemos que para além de ser atleta paralímpico, o André é também técnico de informática. Como concilia a prática desportiva com o trabalho?

AR: Antes de mais tenho que agradecer à minha equipa de trabalho na APCAS que sempre me apoiou e permite que concilie o meu trabalho com a prática desportiva. Sem eles nada disto seria possível. Tento sempre desempenhar as minhas tarefas profissionais com a maior antecedência possível. Em alturas de sobrecarga, tentamos sempre ultrapassar os problemas, no caso de ser necessário, faço umas horas extra.

BnR: Queremos desde já agradecer a sua disponibilidade e desejar o maior sucesso no futuro. E para terminar, desafiamo-lo a deixar uma mensagem para todos os jovens com deficiência.

AR: Em tudo na vida tento encarar as coisas com positividade e visão no futuro. É fácil ser revoltado e negativo, o difícil é fazer a diferença todos os dias. Sempre que me levanto encaro o dia como uma nova oportunidade de fazer a diferença por mim e pelos meus. Encaro a vida e os desafios como coisas positivas que me façam superar a mim próprio. A vida é demasiado importante para a desperdiçarmos com lamúrias e queixas. Todos nós, por muito difícil que seja, e as vezes é, podemos fazer qualquer coisa que nos motive, faça feliz e nos realize. Só temos que acreditar e fazer por isso.

Foto de Capa: Dubai Club for People of Determination

Ricardo Vaz
Ricardo Vazhttp://www.bolanarede.pt
Desde sempre que o desporto, e acima de tudo o futebol, representaram uma forma de vida a este jovem. Licenciado em desporto e fascinado pelo Sporting Clube de Portugal, considera uma mais valia poder aliar estas tuas paixões: a escrita e o Sporting.                                                                                                                                                 O Ricardo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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