«O jogador não passa pelas mãos do Jorge Jesus e continua o mesmo, é impossível» – Entrevista BnR com Filipe Oliveira

O jogador não passa pelas mãos do Jorge Jesus e continua o mesmo, é impossível.”

Bola na Rede: Em Inglaterra acabas por ser campeão, em Portugal és vice-campeão pelo SC Braga num ano com alguma polémica. Há um bocado disseste que o jogo com a Itália ficou atravessado na garganta, e esta época no Braga ficou-te atravessada na garganta?

Filipe Oliveira: Sim, eu acho que, e não fazendo comparações com outras equipas, que também não é correto, acho que tínhamos uma equipa muito competitiva, um projeto já num ponto bastante sólido. O Braga já era uma equipa grande, uma equipa que tinha uma estrutura altamente organizada, com todos os processos que as melhores equipas europeias têm, e isso permitiu-nos estar mais próximos, acho que realisticamente falando, com todas as condicionantes do campeonato, acho que foi o ano em que o Braga até ao momento esteve mais próximo de realmente sonhar com o título. Houve alguns episódios que marcaram como é lógico, e fizeram ter um desfecho diferente. Eu acredito que realmente tínhamos um plantel que se podia debater até ao último jogo. Infelizmente não fomos, fomos uma equipa vencida, mas muito honrada, e que conseguimos, por menos, tenho esse sentimento como braguista que sou, nascido e criado, sinto-me muito orgulhoso porque foi um marco muito importante na história do Braga, para pelo menos amedrontar e fazer frente aos tais ditos grandes em Portugal. Começarem a levar o Braga de uma maneira mais séria e começar também a temer o clube, e a capacidade que o clube tem.

Bola na Rede: Quase que podemos considerar essa época como o ponto de viragem…

Filipe Oliveira: O Braga como todos os clubes faz parte de um projeto/processo. Quer nas épocas transatas, tudo o que os antigos atletas conseguiram acrescentar ao processo, está a ser agora recolhido por esta nova geração, e será sempre no futuro, enquanto se mantiver este trajeto. O Braga está a dar passo a passo, e bem. Os clubes que têm projetos a curto prazo normalmente têm mais tropeções, e se nós pararmos para pensar, a longevidade do presidente e o trabalho acumulado assim o comprova, isto é, passo a passo. Eu recordo-me de ir ao estádio com sete/oito anos e eu via-a o Braga a lutar para não descer de divisão. Quantas e quantas vezes era os anos da aflição, e progressivamente eu cheguei a ver o Braga a jogar nas competições europeias, por exemplo. Todos os atletas foram acrescentando, o próprio clube foi-se estruturando, foi evoluindo, até estar no patamar que está hoje, mais próximo de ganhar títulos, como tem feito, títulos cada vez mais importantes, e o ano, e realmente concordo contigo, que se chegou à final da Liga Europa, foi a época mais enriquecedora e prestigiante do clube, que deixou o nome do Braga no mapa europeu. Agora já não é conhecido só pelo estádio, porque regra geral quando digo que sou do Braga toda a gente me fala do estádio. “Epá é aquele estádio de duas bancadas e tal…”. Mas agora as pessoas já começam a mudar o discurso. “É o Braga, o Braga da Liga Europa. O Braga que foi à final da Liga Europa”, o discurso começa a mudar, é muito positivo, e é fruto do trabalho dos atletas e de toda a estrutura.

Bola na Rede: No início da tua carreira apanhas logo treinadores como Ranieri e José Mourinho, mais tarde encontras o Jorge Jesus, entre todos os treinadores, qual foi o mais importante no teu caminho?

Filipe Oliveira: É sempre complicado responder a essa pergunta. Com muita honestidade, todos os treinadores acrescentam sempre algo a um atleta, por muitas das vezes que o atleta não se identifique por várias razões, há sempre pontos de aprendizagem. Eu tive a felicidade, e vinco fortemente, tive muita felicidade na qualidade dos treinadores que tive ao longo da minha carreira. Desde o primeiro treinador que eu tive, que foi o mister Carlos Batista, no SC Braga, que para mim é um dos grandes pioneiros na formação do Braga, mas ao longo da carreira fui sempre tendo bons treinadores, que me ensinaram, explicaram e mostraram as coisas. Aqueles que disseste e pedindo já desculpa aos outros, mas aquele que tive mais afinidade foi o mister Paulo Sousa. Acho que foi também aquele que entendeu melhor a minha personalidade, que é um dos fatores mais importantes no futebol, além da componente tático-técnica, entender a personalidade de um atleta é importante para tirar o melhor partido das qualidades dele, e acho que nesse capítulo, o mister Paulo Sousa foi de longe o que melhor partido tirou das minhas qualidades porque foi o que me conhecia melhor. De todos aqueles que referiste, eu pessoalmente, não preciso de apresentar nenhum, mas o mister Jorge Jesus foi para mim o treinador com o qual eu enriqueci mais, com aquele que eu senti que a nível tático eu consegui entender o jogo de uma outra forma, porque a forma intensa com que ele trabalha, assim obriga o atleta. O jogador não passa pelas mãos do Jorge Jesus e continua o mesmo, é impossível. Nesse aspeto, na componente de aprendizagem técnico-tática foi quem mais me marcou. A nível pessoal e de rendimento, o mister Paulo Sousa, sem dúvida.

Sabe Mais!

Sabe mais sobre o nosso projeto e segue-nos no Whatsapp!

O Bola na Rede é um órgão de comunicação social de Desporto, vencedor do prémio CNID de 2023 para melhor jornal online do ano. Nasceu há mais de uma década, na Escola Superior de Comunicação Social. Desde então, procura ser uma referência na área do jornalismo desportivo e de dar a melhor informação e opinião sobre desporto nacional e internacional. Queremos também fazer cobertura de jogos e eventos desportivos em Portugal continental, Açores e Madeira.

Podes saber tudo sobre a atualidade desportiva com os nossos artigos de Atualidade e não te esqueças de subscrever as notificações! Além destes conteúdos, avançámos também com introdução da área multimídia BOLA NA REDE TV, no Youtube, e de podcasts. Além destes diretos, temos também muita informação através das nossas redes sociais e outros tipos de conteúdo:

  • Entrevistas BnR - Entrevistas às mais variadas personalidades do Desporto.
  • Futebol - Artigos de opinião sobre Futebol.
  • Modalidades - Artigos de opinião sobre Modalidades.
  • Tribuna VIP - Artigos de opinião especializados escritos por treinadores de futebol e comentadores de desporto.

Se quiseres saber mais sobre o projeto, dar uma sugestão ou até enviar a tua candidatura, envia-nos um e-mail para [email protected]. Desta forma, a bola está do teu lado e nós contamos contigo!

João Pedro Gonçalves
João Pedro Gonçalveshttp://www.bolanarede.pt
Quem conhece o João sabe que a bola já faz parte dele. A paixão pelo desporto levou-o até à Universidade do Minho para estudar Ciências da Comunicação. Tem o sonho de fazer jornalismo desportivo e viver todos os estádios.

Subscreve!

Artigos Populares

Randal Kolo Muani confirma com que equipa vai ao Mundial de Clubes 2025

Randal Kolo Muani confirmou que vai disputar o Mundial de Clubes 2025 pela Juventus. Avançado está emprestado pelo PSG.

Akturkoglu e a troca do Galatasaray pelo Benfica: «Joguei num dos cubes mais importantes da Europa»

Kerem Akturkoglu deixou o Galatasaray e assinou pelo Benfica no verão passado. Extremo turco recorda transferência.

Cristiano Ronaldo empata Portugal x Espanha na final da Liga dos Nações

Portugal está agora empatado 2-2 com a Espanha na final da Liga dos Nações. Cristiano Ronaldo marcou o segundo golo.

Stephen Eustáquio prepara saída do FC Porto

Stephen Eustáquio vai deixar o FC Porto no mercado de transferências. O jogador vai disputar pelo clube do Mundial de Clubes 2025.

PUB

Mais Artigos Populares

Roberto prepara-se para trocar o Tondela pelo Chaves

Roberto vai deixar de ser jogador do Tondela. O avançado prepara-se para assinar um contrato como Chaves, equipa da Segunda Liga.

Nuno Mendes estabelece o empate na final da Liga das Nações

Portugal e a Espanha enfrentam-se durante a noite deste domingo, num encontro relativo à final da Liga das Nações.

Martín Zubimendi abre o marcador do Portugal x Espanha

Portugal e a Espanha enfrentam-se durante a noite deste domingo, num encontro relativo à final da Liga das Nações.