«Não vai demorar muito para o SC Braga ser campeão» – Entrevista BnR com Paulão

    -O pendurar das chuteiras e a nova vida como agente-

    «Eu precisava mudar de ares para conseguir retornar no futebol»

    Bola na Rede: Voltando ao futebol, depois de estares a jogar numa das melhores ligas do mundo, vais para a segunda liga mexicana. Como surgiu essa mudança tão radical?

    Paulão: Eu vou te falar, foi mais do que aconteceu comigo lá no Bétis. Eu falei para sair e todas essas coisas e foi algo que repercutiu no mundo inteiro. Não foi minha intenção. Na verdade, algumas pessoas chegaram para mim e disseram, Paulão você foi muito corajoso de dizer isso. Eu não, não fui corajoso, sempre fui assim, fui sincero e eu sabia que eu não podia mais ali, eu não podia mais no próximo lance chocar com um companheiro, pôr a mão na perna e dizer me tira daqui. Foi uma situação normal para mim, eu sou muito sincero, eu me conheço e disse me tira daqui, porque senão eu vou cagar isso aqui a partida toda, porque eu me conheço psicologicamente. Tem muitos jogadores que conseguem dar a volta a uma situação como essa, mas, no momento eu sabia que eu não conseguia, então, eu esperei do clube, esperei da imprensa, um apoio, mas só o fez negativamente. Porque ninguém é destaque fazendo coisa boa, é destaque, mas a coisa já passa rápido. Mas, o que para vende para vocês, infelizmente, é as coisas ruins que acontecem no futebol, que vai repercutir mais, que as pessoas vão comentar mais para a mídia, não é? Então, naquele momento que o Bétis estava passando, era perfeito, porque aí escondia muitas coisas que o clube estava fazendo de errado, então, opa, achamos uma aqui: é o Paulão, bora! E foi conversado e conversado e isso os clubes, no meu entender, ai não esse jogador, não, aconteceu isso e tal e aí foi desaparecendo os clubes e acabou que apareceu esse no México, um clube que hoje que está na Primeira Divisão. Eu precisava mudar de ares, para conseguir retornar no futebol, eu precisava mudar de ares, eu precisava sair da Europa, porque na Europa, realmente… porque também teve clubes na Espanha, mas era clubes oferecendo coisas que, nossa, será que eu mereço isso neste momento? E, então, surgiu essa oportunidade e falei, eu vou, eu vou sair da Europa, vou para o país onde ninguém me vê e tentar dar esse start de novo na minha carreira e foi isso que eu fiz. Eu fui para lá e consegui ainda chegar na final para a gente subir. E, depois, eu comecei realmente a desmotivar para o futebol, mais para essa situação, o clube queria que eu renovasse com eles, surgiu outras oportunidades, também o voltar para a Europa e eu foi deixando, falei vou ficar em casa um pouco e quando acordei já tinha passado um ano e meio. Falei, eu preciso de voltar a jogar, não consigo ficar mais em casa. Aí já era tarde de mais. Aí apareceu o Olhanense, mas o Olhanense estava numa situação em que acho que nem Messi conseguia recuperar aquela equipa. E foi aí que eu decidi, eu vou parar. Não queria, não queria parar, me retirar, mas vou parar. Isso tudo culpa minha, isso tudo não é culpa de ninguém, sabe, foi um conjunto de má decisões e aconteceu isso. Mas, o México foi uma experiência muito boa, eu gostei bastante. É bastante diferente o futebol, mas é um país muito bom, o clube também tinha uma estrutura boa, uns companheiros muito bons, tenho ainda amigos ali e eu gostei, a experiência, realmente, eu gostei.

    O central durante a sua experiência mexicana
    Fonte: Atlético San Luis

    Bola na Rede: No pós-carreira, voltaste para o Brasil e agora é agente.

    Paulão: Pois é. É uma coisa de louco, mas eu falo agente, mas eu estou no início, estou bem no início ainda, mas estou me dedicando, eu estou estudando, não é entrar de qualquer maneira, de achar que fui jogador, vou conseguir fazer isso aqui. Não, é um mercado muito difícil, é um mercado que você precisa realmente ter um jogo de cintura tremendo. É um mercado que eu preciso entrar, mas preciso entrar na matéria correta, da maneira que tem que ser.

    Bola na Rede: Para a acabar, umas perguntas mais leves. Durante a carreira tinhas algum ritual?

    Paulão: Ritual, não. Ritual, como tem alguns que dá três pulos e assim, não. Bem, no início da minha carreia, eu tinha alguns, eu fazia algumas coisas, mas depois que eu me converti, eu virei evangélico, eu vi que não tem nada disso, o que tem é o trabalho que você faz durante a semana. Claro que você vai sempre pedindo para Deus que você não se lesione, só que do outro lado também tem gente que está pedindo por eles, está pedindo para a vitória… e eu parei com essas coisas e falei para mim, não, isso é o meu trabalho durante a semana que eu tenho que transferir para o jogo, não vai passar disso, mas, claro que um outro jogador vai estar no lugar certo, vai fazer um golo, outro vai falhar, mas isso é coisa do jogo, acontece aqui, acontece na China, acontece em todo o mundo, o jogo não vai mudar só porque você tem um ritual de coçar a cabeça três vezes antes de entrar, não é Isso depende do dia em que você acorda, tem dia em que você também acorda e que nada dá certo, em que não quer fazer nada e os jogadores também têm isso, têm dias que você pega na bola cinco vezes, erra sete e tem dias em que você faz coisas que até fala “ah mas isso eu nunca fiz, eu nunca consegui fazer isso” e as coisas saem naturalmente. Então, eu tinha no início, mas depois eu vi que isso é coisa da minha cabeça, isso não vai mudar nada.

    Fonte: Lokomotiv FC Betim

    Bola na Rede: Durante a carreira, jogando nalgumas das melhores Ligas do mundo, apareceu em vários videojogos. Alguma vez jogou FIFA sendo o Paulão?

    Paulão: Lógico. Isso é automático, sou titular e sou o capitão ainda. Isso acho que a maioria dos jogadores faz, também para conferir se as qualidades e as habilidades estão lá no jogo também.

    Bola na Rede: E eras bem avaliado?

    Paulão: Sim, era, no Bétis, principalmente, era bem avaliado.

    Bola na Rede: E planos para o futuro?

    Paulão: É trabalhar como agente. Eu estou apostando nos jovens. Eu sou sócio dum clube aqui no Brasil, um clube profissional em que a gente trabalha com os atletas mais jovens para preparar esses jovens, com metodologia que eu tenho da Europa e a gente começa a encaixar esses jovens, os que se destacam, nos clubes maiores e a gente consegue ficar com um percentual e é assim que a gente trabalha. Aqui no Brasil, a gente já tem entrada nalguns clubes grandes e o meu objetivo agora é começar a levar esses jovens acima de 18 anos para Portugal, porque no Brasil tem muitos jovens com muita qualidade e nem sempre têm a oportunidade. E há jovens que, não tendo essa oportunidade, estão indo para o mundo da droga, de ser traficante, e isso porque não está recebendo essa oportunidade e, então, nós estamos com esse clube, estamos fazendo um trabalho nesse sentido e, graças a Deus, já está dando fruto, mas eu quero agora já começar a levar para a Europa esses atletas, para que eles consigam também fazer carreira na Europa e seguir nessa linha e a gente está usando também esse clube para formar o próprio atleta nosso.

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