– Países irmãos –
«Há pessoas sensíveis ao crescimento de um negro nascido na favela. Quando o Vinícius Jr. dança, não o faz para provocar os adeptos»
Bola na Rede: Eras um extremo que gostava de ir para cima dos adversários e que jogava com alegria. Essa é uma marca muito vincada dos jogadores brasileiros que depois, por vezes, se traduz em festejos igualmente animados. Como é que olhaste para o movimento que se criou em volta das danças do Vinícius Jr.?
Danilo Dias: É inveja. Há pessoas sensíveis ao crescimento de um negro nascido na favela. O Vinícius Jr. tem-se destacado na Europa e no maior clube do mundo, que é o Real Madrid CF. Ganhou títulos e foi decisivo na final da Champions. O Vinícius Jr. joga como o Ronaldinho: a sorrir. É um menino a brincar dentro do campo. Quando o Vinícius Jr. dança, não o faz para provocar os adeptos. É a cultura brasileira. Quanto mais virtuoso for o futebol, melhor é.
Bola na Rede: Dos treinadores portugueses que estão no Brasileirão, há algum pelo qual tenhas particular preferência?
Danilo Dias: O Luís Castro. É um gentleman. Veio para um clube com pressão de grande, mas que é um clube médio. O Luís Castro é diferente. Quanto mais tempo ficar no Botafogo FR, mais o Botafogo FR se vai tornar num grande. No entanto, o Abel Ferreira é a referência hoje em dia pela liderança e pela forma como controla o balneário do Palmeiras EP. O Abel Ferreira é uma referência para os treinadores brasileiros. Esteve até associado à seleção brasileira e foi uma hipótese bem aceite por todos, porque a forma como está a construir o seu nome no Palmeiras EP é fora do normal.
Bola na Rede: Portugal e o Brasil são considerados países irmãos. Quem é que está à frente de quem na luta pelo título de campeão do mundo?
Danilo Dias: É incrível Portugal ter tantos talentos e não conseguir dar luta. Portugal tem o peso da camisola. Tem o melhor jogador do mundo há muito tempo, tem jogadores que jogam nos melhores clubes do mundo. O Brasil chega com extremo favoritismo ao Campeonato do Mundo. Os jogadores brasileiros sentem o peso da camisola. Se calhar, Portugal não transmite esse peso. Quando transmitir, Portugal vai ganhar força, porque tem talento e treinador. Hoje, não vejo Portugal como candidato a ser campeão do mundo.