«O guarda-redes português não é devidamente valorizado» – Entrevista BnR com Ricardo Ribeiro

-A instabilidade, o regresso à primeira liga e a regularidade-

“Sei perfeitamente que irei voltar a Coimbra, a jogar pela histórica Académica.”

(BnR): Nas duas épocas seguintes, estiveste em três clubes distintos: Académico de Viseu, Olhanense e Belenenses. Isso trouxe-te repercussões e instabilidade a nível pessoal?

(RR): Sim, sem dúvida. Foram clubes em que a estabilidade era uma miragem, existiam ordenados em atraso, facto que não ajudava. O estar longe da família e dos que mais gostamos e o facto de a minha namorada não me ter acompanhado contribui também para essa inconstância. As coisas não correram bem em Viseu, um pouco por minha culpa porque na altura não estava à espera de voltar à Segunda Liga. Cheguei e não comecei logo a jogar, estive imenso tempo parado. Acabei por entrar, mas, com a mudança de treinador, saí da equipa.
E eu vi que tinha de jogar porque precisava daquilo, de mostrar novamente o meu valor, e acabei por ir para Olhão. Apesar dos salários em atraso, as pessoas foram incansáveis, os diretores, os jogadores, eramos uma autêntica família e isso ajudou imenso na manutenção.

(BnR): Ao assinar pelo Belenenses, afirmaste, ao jornal A Bola, ser “a melhor decisão da tua carreira”. Analisando a tua carreira até ao momento, continuas com a mesma opinião?

(RR): Foi, na altura foi, porque era um desejo enorme regressar ao escalão principal do futebol e era um projeto aliciante. As pessoas quiseram a minha contratação. Assinei o contrato por volta de março, qualquer jogador pode assinar por volta dessa altura quando o contrato termina, muito pela insistência das pessoas. Infelizmente para mim, o Ventura, meu colega à data, foi chamado à Seleção Nacional e estava bem, estava a merecer jogar. No final, eu tive a minha oportunidade para demonstrar o que valho, quando ele se lesionou. Gostei muito de representar o Belenenses, é um clube histórico e fizemos uma época tranquila, com bons jogos na Liga Europa, com destaque para a vitória no terreno do Basileia. Fiquei triste por não ter jogado na competição, mas faz parte e tive de lidar com isso.

(BnR): Após a passagem pelo Belenenses, segues o teu trilho em direção a Coimbra. O teu recorde de jogos realizados foi batido em 2016/2017 pela histórica briosa num total de 40, marca igualada na época que se seguiu. Sentiste que a experiência te revitalizou e te catapultou para o que aí viria?

(RR): Sem dúvida. Nós, futebolistas, precisamos de jogar e quando sentimos a chegada de uma oportunidade, aproveitamos ao máximo. Eu senti essa energia de Coimbra. As duas épocas em Coimbra primaram-se pela regularidade, facto que me ajudou imenso e que me conferiu uma evolução exponencial. Foi fantástico, não me arrependo minimamente, e hoje é o dia que ainda guardo com a maior nostalgia aquele clube. Esta época voltei ao Norte, uma pessoa, às vezes tem de tomar decisões complexas e duras, mas a realidade obriga-nos a isso. Contudo, sei perfeitamente que irei voltar a Coimbra, a jogar pela histórica Académica.

Ricardo Ribeiro recorda com saudade a passagem na Académica e promete regressar a Coimbra
Fonte: Nélson Mota/ Bola na Rede

(BnR): Captaste, em algum momento, a energia vinda da massa associativa? Forma mais as críticas ou as palavras de apreço?

(RR): 95% das pessoas sempre me apoiaram. É óbvio que não agradamos a toda a gente, mas é por essa razão que reside em mim a saudade daquela cidade, as pessoas foram excecionais. Fizeram com que eu me sentisse uma peça chave e, mais do que isso, fizeram-me sentir em casa. As amizades lá construídas também contribuíram muito para o funcionamento desta “relação”, principalmente graças ao Traquina, ao João Real e ao Marinho. Os adeptos apoiavam do primeiro ao último minuto e, apesar de não conseguirmos os nossos objetivos, sempre foram fiéis.

(BnR): Em 2017/2018 o clube ficou perto da promoção à Liga NOS. Contudo, a nível pessoal, arrecadas o prémio de melhor guarda-redes da Segunda Liga. Foi uma benesse que, de certa forma, colmatou a impossibilidade de subida?

(RR): Preferia ter subido a receber o prémio, é natural. Contudo, é óbvio que fiquei extremamente feliz em receber tal distinção, mérito também dos meus colegas de equipa, que tudo fizeram para que isso acontecesse. Mas, como se diz na gíria, não tive a cereja no topo do bolo, que era a subida.

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Romão Rodrigues
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Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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