«Renovo com o Vitória SC e saio, se calhar uma certa pessoa não foi tão correta» – Entrevista BnR com João Pedro

«Ele [Paulinho] só me dizia: “Quando eu tiver de chegar à seleção nacional, vai chegar. Eu estou a fazer o meu trabalho bem, e quando chegar a altura, vai chegar”.»

Bola na Rede: Do CD Santa Clara passaste para o Gil Vicente FC e lá partilhaste balneário com uma das principais referências atuais de avançado do futebol português: Paulinho. É mais um exemplo de ascensão dos escalões inferiores em Portugal. Pode ser assim visto como um exemplo para vocês jogadores?

João Pedro: O Paulinho foi uma grande referência para mim, foi, o meu capitão. Ainda hoje mantenho contacto, é um amigo meu, e pela pessoa e profissional que ele é, pelos conselhos que ele me dava, sempre me transmitiu coisas boas e me mostrava como devia ser, para não desistir. Todos os anos dá-me a sua camisola. É uma pessoa que diz sempre: não desistas, faz o teu caminho e mostra-me sempre o bom. E não foi só o Paulinho… Partilhar o balneário com Paulinho, Simy, que sai da II liga para a Liga italiana, e mesmo no caso do Trofense, o Bruno Moraes, o próprio Clemente que trabalha como dirigente no CD Santa Clara. Sempre joguei com pontas de lança de referência que me aconselharam da melhor maneira e me ajudaram em todos os níveis.

Bola na Rede: A forma como caracterizas o Paulinho, dá para perceber que é uma pessoa humilde. Achas que essa é uma característica fundamental para um jogador que quer ter essa ascensão?

João Pedro: Eu acho que para um jogador aquilo que mais temos de ter é sabermos aquilo que somos e para onde queremos ir, e isso foi uma coisa que eu aprendi com o Paulinho, pelas conversas e pelos conselhos. A própria chamada à seleção do Paulinho que eu na altura desejava muito e se calhar desejava mais que ele. Ele só me dizia: “Quando eu tiver de chegar à seleção nacional, vai chegar. Eu estou a fazer o meu trabalho bem, e quando chegar a altura, vai chegar”. E viu-se sempre a carreira dele, as prestações dele, é uma pessoa cinco estrelas e um grande jogador.

Bola na Rede: Olhando para a II Liga por onde passaste, normalmente fala-se de que este escalão consegue ser mais competitivo que a I Liga pela quantidade de clubes que lutam pela subida. Concordas?

João Pedro: Não digo que possa estar acima. Os níveis dos plantéis são mais equivalentes, mas o nível de visualização não é a mesma que as equipas da I Liga. Equipas como o FC Paços de Ferreira, GD Estoril Praia tem muita qualidade, mas se calhar na I Liga só se fala naquele leque de equipas (SL Benfica, Sporting CP, FC Porto, Vitória SC…). Quando se fala na II liga, já se dá uma atenção a todos. Mas há muita qualidade e competitividade nos dois escalões. Nos últimos anos, quantas equipas ganharam aos grandes? Que criaram dificuldades ao SL Benfica, Sporting CP e FC Porto? Eu ganhei ao FC Porto e pelo Gil Vicente FC cheguei às meias-finais da Taça de Portugal e criei dificuldades ao FC Porto. Em Inglaterra, vê-se a forma como se fala de todas as equipas. Se calhar é mais por aí, porque futebol português tem muita qualidade.

Bola na Rede: Posteriormente, a tua carreira levou-te ao Campeonato de Portugal e de seguida ao Vitória SC. Podemos dizer que deste um passo atrás para dois à frente?

João Pedro: Pode-se dizer que sim, mas eu vejo que na altura não estava a jogar e achei que seria bom ir para o Trofense e foi a melhor decisão que tive. Na altura não estava feliz, e quando o futebol não corre bem, mais nada corre bem, é a minha saúde: o futebol. Foi uma altura que voltei a ganhar ânimo, força, felicidade a jogar futebol e ajudou-me muito. o Trofense foi um clube que me ajudou muito pela mão que me deu e eu também fui para ajudar o Trofense. Eu não vejo como um passo atrás, mas para voltar a ser feliz.

João Pedro
Fonte: Vitória SC

Bola na Rede: Nessa altura ainda não existia a Liga 3, mas já se reconhecia as dificuldades de competitividade e condições desse escalão. Sentes que essa passagem te fez crescer como jogador?

João Pedro: Fez-me crescer muito a todos os níveis, porque as condições que eu tinha no Gil Vicente FC não foram as que eu estava a ter no Trofense. Relvados sintéticos, com todo o respeito que há, é sempre muito complicado. As dificuldades que os clubes passam e os apoios que os clubes do Campeonato de Portugal têm não são as mesmas que têm na II Liga e I Liga. Há muita coisa há volta que nos faz crescer. Eu foco-me no meu trabalho e naquilo que eu sou. A vida não é fácil em tudo: há o bom e o meu e só nos cabe a nós vermos o melhor a caminho.

João Castro
João Castrohttp://www.bolanarede.pt
O João estuda jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social. A sua grande paixão é sem dúvida o jornalismo desportivo, sendo que para ele tudo o que seja um bom jogo de futebol é bem-vindo. Pode-se dizer que esta sua paixão surgiu desde que começou a perceber que o mundo do futebol é muito mais que uma bola a passear na relva.

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