Uma vida dedicada à AD Sanjoanense – Entrevista a Hélder Santiago

Opinião acerca do Basquetebol Português

Helder e seus colegas de equipa a celebrar a subida à Proliga, na época 2015/16
Fonte: Carlos Santos Fotografia

BnR: Na sua opinião, o que falta ao nosso campeonato de basquetebol para estar ao nível dos melhores europeus (espanhol e grego)?

H.S.: Sinceramente, eu diria que falta tudo, pois há muita coisa que se poderia enumerar em relação a este assunto. Podemos começar logo pelo modelo competitivo inicial no Mini-basket que é inexistente, em comparação ao que podemos encontrar noutros países, no qual traz bastante bons resultados. Depois, podemos falar dos orçamentos sempre reduzidos dos clubes para fazer face a todas as despesas necessárias para cumprir com o mínimo de condições para a realização de treinos, jogos e torneios. Faltam mais centros de alto rendimento também, no qual se proporciona sempre um crescimento bastante grande a quem nele participa. Mas, a meu ver, todos estas “ falhas” que existem, advêm de um essencial problema: a falta de espetadores assíduos. Facilmente, se vê jogos da Primeira divisão com assistências ridículas e que nem a uma centena chegam. E como é obvio, falhando nisso, é percetível que existirá mais dificuldades em arranjar investimento na modalidade.

BnR: Os últimos anos têm sido marcados pela forte disputa entre SL Benfica e FC Porto, no que ao título diz respeito. Acredita que haverá outra equipa capaz de se intrometer nesta luta num curto-médio prazo? Aliás, seria interessante o Sporting CP formar uma equipa de basquetebol para dar mais visibilidade ao campeonato de basquetebol?

H.S.: Nos últimos anos, é inegável que tem havido um claro domínio entre Benfica e Porto no nosso campeonato. Toda gente sabe que são as duas equipas com mais poderio financeiro do país, e devido a isso conseguem sempre ter as melhores contratações, e consequentemente, melhores resultados. No entanto, têm surgido também bastante luta de outras equipas como é o caso da Oliveirense e do Vitória de Guimarães, e que fazem o campeonato ser bem mais equilibrado e disputado. Relativamente ao Sporting, seria muito importante para o basquetebol português ter a sua participação, pois é um clube que possui capacidades para investir ao mesmo nível que Benfica e Porto, e creio que só traria benefícios para o nosso campeonato e, consequentemente, para a evolução do Basquetebol em Portugal.

BnR: Até aos dias de hoje, a Seleção masculina apenas participou em duas grandes competições (EuroBasket 2007 e 2011). O que acha que pode estar na causa de Portugal não ter participado em mais provas de renome internacional? Pensa que essa situação poderá inverter-se num curto-médio prazo?

H.S.: A meu ver, todos os problemas que falamos anteriormente são o motivo de a nossa seleção nacional não conseguir atingir outros palcos. Existe ainda uma diferença muito grande entre a nossa seleção e as grandes seleções europeias, e não creio que tão cedo consigamos atingir outros níveis. Terá de ser pensada uma estratégia a (bastante) longo-prazo, para conseguirmos começar a tirar frutos dela e nos podermos comparar aos melhores.

BnR: Numa altura em que se fala sistematicamente na igualdade de géneros, tem-se assistido a um forte crescimento do Basquetebol feminino em Portugal. É positivo, na sua opinião, passar a mensagem de que o Basquetebol é um desporto que é capaz de promover a igualdade entre homens e mulheres?

H.S.: O Basquetebol feminino em Portugal teve uma evolução muito positiva nos últimos anos. As nossas seleções jovens têm feito história a cada Europeu e até Mundiais que participam, e tem-se visto inúmeras jogadoras a emigrar para campeonatos mais competitivos até. É importantíssimo verificarmos que, quer nos jogos do campeonato português feminino, quer nos próprios jogos das seleções, tem havido um apoio enorme às jogadoras. É bastante importante que isto se verifique não só no basquetebol, mas como em todas as outras modalidades, e que se retire o pensamento “clichê” de que o desporto é só para os homens.

BnR: Apesar de já existirem algumas boas instalações desportivas no nosso país para a prática de Basquetebol, o Futebol continua a manter a preferência entre o público português. Tem alguma esperança que no futuro se assista a um aumento do número de pessoas a ter o Basquetebol como desporto favorito e praticado?

H.S.: Infelizmente, penso que haverá sempre uma grande lacuna entre o Futebol e qualquer outra modalidade em Portugal, mas o caminho faz-se caminhando, portanto é preciso continuar a lutar e a investir pela nossa modalidade e tentar fazê-la crescer, mesmo que não se seja a modalidade número 1 num futuro próximo.

Notas:

  • Algumas das fotos foram gentilmente cedidas pelo nosso entrevistado
  • Agradecer especialmente à Mariana Moreira, por toda a ajuda prestada na realização desta entrevista

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Guilherme Costa
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O Guilherme é licenciado em Gestão. É um amante de qualquer modalidade desportiva, embora seja o futebol que o faz vibrar mais intensamente. Gosta bastante de rir e de fazer rir as pessoas que o rodeiam, daí acompanhar com bastante regularidade tudo o que envolve o humor.                                                                                                                                                 O Guilherme escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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