Carlos Manuel Fangueiro Soares, mais conhecido no mundo do futebol por Fangueiro, recebe-nos diretamente do Luxemburgo. Uma pessoa que já jogou nos mais diversos campeonatos do mundo, desde a terceira liga luxemburguesa até ao principal campeonato do Vietname. Sócio do Leixões há mais de 35 anos, Carlos Fangueiro conta-nos algumas das maiores histórias que marcaram os seus tempos como jogador e como treinador.
-Um guerreiro dentro e fora de campo-
Bola na Rede [BnR]: Bem-vindo e obrigado por ter aceite o nosso convite. O futebol entrou muito cedo na tua vida. Começaste como profissional em 1995 no Leixões ou antes disso?
Carlos Fangueiro [CF]: Oficialmente sim, foi em 1995, mas já antes disso tinha a paixão pelo futebol dentro de mim. Desde que tenho a capacidade física necessária para jogar, antes dos nove anos, que jogo futebol e que tenho a “paixão pela bola”. Além disso, como vivia perto do Estádio do Mar (Leixões) e como o meu pai era sócio do clube, acabei por ficar também sócio do Leixões e a ver os jogos ao vivo. Foi nesse momento que comecei a ganhar o “bichinho” pelo futebol.
BnR: Então o teu pai teve uma grande influência no início da tua carreira.
CF: Sim, definitivamente. O meu pai também jogou em clubes distritais da Associação de Futebol do Porto e tinha uma paixão muito forte pelo Leixões. Tornou-se algo que foi crescendo e que foi sustentada ao longo dos anos (risos).

BnR: Segundo os registos que encontrei, fizeste mais de 337 jogos sendo que mais de 130 foram ao serviço do Vitória Sport Clube. Foi o clube que mais te marcou?
CF: Todos os clubes por onde passei foram importantes para mim. Não chegava a um novo clube apenas para jogar, convivia com as pessoas, com a estrutura, funcionários. Prova disso é que quando chego a uma cidade onde já tenha jogado as pessoas não se esquecem de mim e recordamos tempos vividos. No entanto, existem dois que se sobrepõem: o Leixões por ser o clube da minha terra, o clube que me formou enquanto jogador e enquanto pessoa, o clube que ainda hoje sou sócio. E depois, claro, o Vitória Sport Clube. Quem passa lá fica apaixonado pelo clube, pela cidade. Têm uma mística muito grande.
BnR: Consideras que o Vitória está ao nível dos chamados “três grandes” em termos de massa associativa?
CF: Sim, nesse aspeto está ao nível dos “três grandes”. A exigência dos adeptos é enorme e arrisco-me a dizer que pode até ser maior do que num Benfica, Sporting ou Porto. Eu senti isso na pele, desde os treinos até ao último minuto de cada jogo. O Vitória Sport Clube, com maior capacidade financeira, estaria ao nível dos chamados “três grandes”, sem dúvida.
BnR: Sentes que nesse aspeto o Sporting Clube de Braga está a ter o impulso financeiro que falta ao Vitória?
CF: A cada ano que passa o Braga está mais forte. Não só em termos financeiros, mas também em termos organizacionais, nas condições de trabalho. Isso tudo junto faz diferença.