«O Vitória SC, com maior capacidade financeira, estaria ao nível dos três grandes» – Entrevista BnR com Carlos Fangueiro

    – A evolução do futebol luxemburguês e o objetivo de regressar a Portugal –

    BnR: Aqui em Portugal tem havido algumas polémicas por causa de treinadores que sem um determinado nível acabam por ser convidados para treinar na primeira liga. Sentes que uma evolução gradual é importante na carreira de um treinador?

    CF: Obviamente que se me oferecessem um contrato numa equipa da primeira divisão portuguesa eu não rejeitava (risos), mas com este processo crescente ganhei outra maturidade e fico sempre feliz de ver que as pessoas reconhecem isso. Estamos a falar do Luxemburgo, mas o futebol aqui já tem muita qualidade. Os aspetos técnicos, táticos estão sempre presentes no jogo e isso nota-se na seleção. Há uns anos empataram frente à França e mais recentemente perderam contra Portugal, mas apenas nos últimos minutos. Mesmo nas competições europeias o Dudelange vai a Milão e perde 2-1, joga no Chipre e ganha 4-3, recebe o Sevilla e perde 2-1. Isto são marcos importantes e que mostra a evolução no futebol luxemburguês. Além disto, há cada vez mais jovens luxemburgueses em campeonatos estrangeiros. Temos o exemplo do Sinani que está no Norwich ou do Gérson Rodrigues que já andou no Dínamo Kiev.

    BnR: Em quantos anos é que o Luxemburgo vai chegar a uma fase final de grande competição?

    CF: Isso é sempre difícil de prever até porque é preciso ter alguma sorte no sorteio, mas com todos os progressos que têm vindo a ser feitos acredito que em sete/oito anos o Luxemburgo pode alcançar um campeonato da Europa.

    BnR: Depois do Dudelange segue-se um regresso a Portugal?

    CF: Estou muito feliz aqui, tenho vários amigos, família, os meus filhos são felizes aqui, mas sei que se lhes dissesse que amanhã iríamos para Portugal eles faziam logo as malas (risos). Poderia estar a treinar em Inglaterra, no quarto escalão, mas rejeitei porque estava no Titus Pétange e não podia deixar o projeto a meio. No entanto, depois de marcar história aqui no Luxemburgo, regressar a Portugal é um grande objetivo e sei que vou lá chegar.

    BnR: Fangueiro, continuas a acompanhar o futebol em Portugal?

    CF: Sim, sempre. Tenho os canais todos e sou obrigado a ver (risos).

    BnR: Do que já viste na época passada e neste mercado de verão quem é que achas que parte como favorito para conquistar o título?

    CF: Julgo que seja o Benfica. Contrariamente ao que todos pensavam, acabaram por não ser campeões na época passada e compreende-se a exigência para este ano. A contratação do Jorge (Jesus) é uma grande contratação, uma pessoa super competente e obviamente que ao vir para o Benfica tem de ter grandes jogadores. O plantel que tem vindo a ser feito aliado ao conhecimento que o Jorge tem do futebol torna o Benfica o principal candidato ao título.

    BnR: Quais são os principais conselhos que dás para os jovens treinadores que iniciam agora a sua carreira e que tenham de emigrar para ter uma oportunidade?

    CF: Primeiro de tudo, serem exigentes e terem a noção que estão a dar passos firmes e seguros. O segundo é, no caso de treinadores que emigram, constatarem todas as condições de vida e de trabalho do país e adaptarem-se rapidamente a essas condições. O último conselho é desenvolver os conhecimentos e querer sempre mais para ter sucesso no futuro.

    Todas as fotografias usadas nesta entrevista foram retiradas
    das redes sociais do entrevistado Carlos Fangueiro de forma consentida.

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    Renato Gouveia Dias
    Renato Gouveia Diashttp://www.bolanarede.pt
    Apaixonado pelo futebol e pela tática. O Renato é licenciado em Comunicação e Jornalismo, mas tem o sonho de se tornar treinador de futebol. Gosta de um bom fim de semana cheio de futebol e de acompanhar o mercado de transferências ao minuto.                                                                                                                                                 O Renato escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.