«O Vitória SC, com maior capacidade financeira, estaria ao nível dos três grandes» – Entrevista BnR com Carlos Fangueiro

–  O desejo de Fangueiro em fazer história no Luxemburgo – 

BnR: Entretanto vais para o Luxemburgo. Como é que surgiu esse convite?

CF: Adamo Martins. Um grande guarda-redes português e um grande amigo que sabia dos meus cursos de treinador. Falou-me do Luxemburgo e que aqui podia dar seguimento a uma carreira como treinador e ao mesmo tempo jogar como futebolista amador. Falamos das condições de vida e aventurei-me sozinho durante oito meses. Gostei e ainda hoje cá estou. O meu objetivo depois de “pendurar as botas” era continuar ligado ao futebol e aqui foi possível. Depois de organizar tudo no Luxemburgo mandei vir a minha família. Fiz um bom trabalho no primeiro clube (Atert Bissen), depois fui convidado a reestruturar todo o futebol do Titus Pétange e já como treinador principal levei-os às competições europeias pela primeira vez. Atualmente estou no maior clube do Luxemburgo (Dudelange), um clube profissional com história e com grandes condições de trabalho.

BnR: Vi que recentemente houve um caso positivo no seu plantel.

CF: Tivemos dois casos. Um jogador há cerca de um mês e meio atrás que ficou logo de quarentena e em 10/12 dias ficou negativo e já voltou aos trabalhos. Agora, há sete dias, mais um caso positivo, mas desta vez o Ministério da Saúde meteu toda a equipa em quarentena. Até hoje (24/08) estamos de quarentena. No sábado passado todos os jogadores efetuaram testes e deu tudo negativo, por isso na próxima semana, em principio, já retomamos os treinos.

BnR: Na última semana disseste a um jornal luxemburguês que ficaste desapontado com a decisão da Federação Luxemburguesa de Futebol em não deixar que a equipa participasse no primeiro jogo do campeonato. Achas que foi uma decisão demasiado severa?

CF: Eu compreendo a decisão, mas acho que foi demasiado pesada. Tivemos o primeiro caso e agimos imediatamente ao colocarmos o jogador à parte. Mandamos fazer testes rapidamente a todos os jogadores e agora recebemos que todos estão negativos. A Federação não obriga todos os clubes a fazerem testes visto que sai muito caro e acho que deviam apoiar financeiramente as equipas porque tenho a certeza que há clubes que não testam e jogam e nós que testamos acabamos por não jogar.

Fonte: Facebook Carlos Fangueiro

BnR: Tiveram a treinar várias semanas para o primeiro jogo e “à última da hora” a Federação proíbo-vos de jogar.

CF: Habitualmente numa pré-época fazemos seis semanas de trabalho e este ano fizemos oito semanas dada a longa paragem. Estávamos preparados e focados para esse primeiro jogo e a duas semanas do jogo dizem que não podemos jogar. Mais uma vez repito que compreendo a decisão, apesar de achar que foi muita dura.

BnR: Esta época também é diferente do normal porque o Dudelange não vai às competições europeias.

CF: Sim e muito por conta do covid-19 porque quando o campeonato parou o Dudelange estava em quinto lugar e apenas os quatro primeiros é que têm a possibilidade de jogar as competições europeias. A direção acreditou no trabalho que fiz no passado e convidaram-me para este projeto onde um dos principais objetivos é voltar às competições europeias.

BnR: Mas o principal objetivo do Dudelange continua a ser lutar pelo título?

CF: Habitualmente sim, mas este ano houve uma grande contrariedade: o nosso investidor que tinha a capacidade para colocar quatro ou cinco milhões por ano no clube acabou por abandonar o projeto e foi para o clube do seu coração. Além de ter levado o investimento financeiro também levou alguns dos nossos melhores jogadores. Apesar de tudo isto, estou confiante que temos capacidade para nos qualificarmos para as competições europeias no próximo ano.

BnR: Tiveste um crescimento gradual como treinador: começas numa equipa da terceira divisão, reestruturas todo o futebol de um clube fundado em 2015, levas esse mesmo emblema a um oitavo lugar e na época seguinte às competições europeias e agora estás no maior clube do Luxemburgo.

CF: Sim, foi uma carreira sempre a subir. No Titus Pétange tinha uma responsabilidade tremenda porque tinha de organizar todo o clube e ao mesmo tempo era coordenador geral da formação. Tínhamos como objetivo colocar, em seis anos, vários jogadores da formação na primeira equipa e quando saí já tínhamos cinco no plantel. Além de tudo isto era treinador dos juniores e dos sub-23 e quando o futebol já estava reestruturado falaram-me em ficar apenas como treinador da primeira equipa e eu aceitei. Pegamos na equipa em 12º e acabamos em oitavo lugar. Ainda andamos a “morder os calcanhares da Europa”, mas só no ano seguinte com uma equipa completamente nova é que alcançamos as competições europeias.

Renato Gouveia Dias
Renato Gouveia Diashttp://www.bolanarede.pt
Apaixonado pelo futebol e pela tática. O Renato é licenciado em Comunicação e Jornalismo, mas tem o sonho de se tornar treinador de futebol. Gosta de um bom fim de semana cheio de futebol e de acompanhar o mercado de transferências ao minuto.                                                                                                                                                 O Renato escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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