Conferência – Direito Desportivo e Comunicação: Um Diálogo necessário

    O segundo painel tinha como um dos grandes pontos de interesse a presença pouco habitual de um árbitro. João Capela colocou a tónica da sua intervenção no facto de o diálogo que se faz na comunicação social sobre a arbitragem não ser construtivo. Em declarações exclusivas ao Bola na Rede, à margem da conferência, afirmou que “se provoca demasiado ruído” quando se fala de arbitragem. Questionado sobre a indisponibilidade de muitos árbitros para participar no debate público, entende que este, a existir, tem de ter um carácter essencialmente formativo, que ajude as pessoas a pôr-se na pele dos árbitros e a compreender alguns aspectos técnicos que raramente são mencionados. “Não concordo que os árbitros devam falar logo a seguir ao jogo – a seguir ao jogo os protagonistas são os treinadores e os jogadores -, mas no fim de cada semana poderia haver um programa onde se pudesse debater os lances mais polémicos”.

    O árbitro Fábio Veríssimo, também presente mas apenas na qualidade de espectador, é da opinião de que se normalmente os programas de televisão “desvalorizam o que de bom tem o futebol e focam-se muito nos erros de arbitragem” e garante que os árbitros “não têm conta” o que neles é dito, porque normalmente têm “abordagens clubísticas”.

    João Capela
    João Capela

    Sobre a utilização das novas tecnologias no futebol, João Capela relembrou que ela já existe. Especificamente sobre o vídeo árbitro entende que, apesar de beneficiar o futebol, a sua introdução tem de ser bem debatida. Fábio Verísismo é peremptório: “acho que os árbitros são 100% a favor de tudo o que sirva para ajudar a melhorar as decisões dos árbitros”.

    A centralização dos direitos televisivos, uma das bandeiras de Pedro Proença, foi outro dos temas abordados. Sobre isso o diretor de comunicação da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Germano de Almeida, preferiu desvalorizar a questão e afirmou que o processo pode não ter ficado totalmente fechado com os acordos que têm vindo a ser anunciados, até porque uma eventual intervenção do Estado neste processo não está totalmente posta de parte.

    Miguel Morgado, consultor de comunicação na Cunha Vaz & e associados, mostrou-se bastante crítico do estado do futebol, em geral, dizendo inclusive que “isto é tudo um carnaval”. José Marinho, comentador desportivo e consultor, destacou a inexistência de valores no futebol português.

    Duarte Pereira da Silva
    Francisco Manuel Reis

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