Seminário «Ser Treinador: Orientações e Competências»

Depois do intervalo, a etapa complementar. Jorge Vital, treinador de guarda redes do SC Braga, apresentou o tema “Guarda Redes: Uma ideia de treino da formação ao alto rendimento”.

Com base no modelo e ideias dos minhotos, Vital apresentou o organograma do clube e revelou a organização da área destinada à posição mais recuada no terreno; 10 treinadores de guarda redes, além do principal, que é Jorge Vital, mais três estagiários.

É esta equipa que se dedica a todos os guardiões dos Guerreiros do Minho, desde os mais novos à equipa principal. E a primeira ideia defendida foi a defesa da qualidade dos jovens da casa. Para isto, e acreditando no trabalho e talento dos formandos, o SC Braga opta por deixar os guardiões de maior qualidade treinar toda a semana com o escalão acima, ainda que no fim de semana voltem ao seu para jogar.

Apesar de aceitar algumas críticas, Vital, em conformidade com toda a estrutura, acredita que perante maiores dificuldades o atleta progredirá mais. Exemplos disso são Leonardo Ferreira e Rui Ribeiro, que apesar de juniores treinam e alinham nas equipas “B” e sub-23, respetivamente. O comportamento do guarda redes é transversal a todos os escalões dos bracarenses e, por isso, o atleta não vai “dançar entre estilos de jogo”, apesar de treinar e jogar com colegas diferentes.

O primeiro exemplo de sucesso deste método de trabalho é Tiago Sá, atual titular da equipa principal, e que passou por todo este processo. O jovem português fez mais de 20 partidas na Segunda Liga quando ainda tinha idade de júnior de primeiro ano.

Manuel Machado mostrou-se cauteloso e cirurgicamente crítico do futebol moderno
Fonte: Diogo Gonçalves / Bola na Rede

Orlando Costa, que à última hora substituiu Bernardino Pedroto, deu a sua “Visão sobre o Futebol”. Profundamente ligado à família, o treinador afirmou ser difícil conciliar as duas paixões e que só com a compreensão da primeira conseguiu aceitar vários desafios no futebol.

Exemplo disso foi o convite que não podia recusar aos 30 anos para o Kuwait, pouco tempo depois de ser pai e sem trabalhar há um ano. A família, como sempre, confirmou, é a mais prejudicada. Num percurso profundamente marcado pela troca de “sede”, Orlando passou pelo Gil Vicente FC e Vitória SC, com uma passagem no Irão pelo meio.

De seguida foi campeão e venceu a taça da liga na Coreia do Sul e contou que ainda na pré-época foi confrontado pelo capitão acerca do tipo de treino; queixava-se o coreano de que tinham “muita bola e pouco ginásio”, preferindo o treino físico ao técnico/tático. Já na Liga chinesa deparou-se com pormenores que lá se revelaram “pormaiores”; não havia a mínima sensibilidade para o corte da relva e as lesões, independentemente da sua natureza, eram tratadas essencialmente através da acupuntura.

A fechar a noite e o alinhamento, Manuel Machado abordou “o Treinador no Quadro do futebol português”. Numa intervenção curta, mas rica em conteúdo, o próprio comprometeu-se a ser breve e a suscitar a reflexão, mais do que a transmitir certezas.

A primeira reflexão emergiu de uma expressão que repetiu várias vezes; “progressão de meios, regressão do produto”. Isto é, com todos os meios e tecnologias à disposição, como Vítor Severino havia demonstrado anteriormente naquele palco, o futebol de hoje é mais pobre e monótono do que antigamente. Acrescentou mesmo que “os jogadores não cabem no campo, atropelam-se”.

Para Manuel Machado, o jogo estereotipou-se e a sua qualidade é, hoje em dia, “medíocre, para não utilizar outra palavra”, resumindo-se a “subir o bloco, recuar as linhas ou fechar espaços”. Além disso, o experiente técnico não vê vontades em que o jogo evolua e deu o exemplo do andebol que apoia a posse ao tirar o guarda redes e apostando no 7×6; “o futebol não vê nem tem este tipo de evoluções”.

Quem se deve resguardar destas e outras situações são os treinadores. O técnico deve ter cuidado com o próprio perfil que alimenta ao servir determinados clubes. Não só os clubes procuram treinadores pelo perfil, como também os técnicos devem ter atenção aos desafios que abraçam. Para isso deu o seu próprio exemplo, onde mesmo depois de uma carreira longa e ponderada ao pormenor, um erro de avaliação o levou a atuar em dois clubes na mesma época e com dificuldades acrescidas, resultando agora numa “pausa para reflexão”.

“Os treinadores ainda mandam no treino, mas nos jogos nem sempre. Já tive dirigentes a pedir para jogar este e aquele”. “Já tive dirigentes da SAD que pediram para dar um jeito para intrometer o jogador x no onze porque o Leicester (CFC) e o (BVB) Dortmund vinham ver o jogo”.

Foto de Capa: AD Limianos

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Diogo Pires Gonçalves
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O Diogo ama futebol. Desde criança que se interessa por este mundo e ouve as clássicas reclamações de mãe: «Até parece que o futebol te alimenta!». Já chegou atrasado a todo o lado mas nunca a um treino. O seu interesse prolonga-se até ao ténis mas é o FC Porto que prende toda a sua atenção. Adepto incondicional, crítico quando necessário mas sempre lado a lado.                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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