«Eusébio, Chalana e o Ronaldo, são os três melhores jogadores portugueses» – Entrevista BnR com Álvaro Magalhães (parte 1)

    O Bola na Rede entrevistou Álvaro Magalhães, antigo jogador e atual treinador. Nasceu para o futebol no clube da sua terra, em Lamego, saltou para a Académica e depois fez parte das grandes equipas do Benfica nos anos 80. Internacional A por Portugal, representou o país no Europeu de 84’ e no Mundial de 86’, formando uma dupla temível com Chalana. Como treinador levou o Gil Vicente à Primeira Liga, venceu uma Taça de Portugal e um Campeonato como treinador-adjunto no Benfica, tendo sido também campeão em Angola. São histórias atrás de histórias, de um defesa incansável que chegou a ser disputado pelos três grandes.

    – Infância e primeiros passos no futebol –

    Bola na Rede [BnR]: Nasceste em Lamego no ano de 1961. Como é que foi a tua infância?

    Álvaro Magalhães [AM]: Eu era estudante, por isso a minha vida nessa altura era praticamente estudar.

    BnR: O que faziam os teus pais?

    AM: O meu pai era dos comandos, era Ranger, e a minha mãe era doméstica.

    BnR: Tens irmãos?

    AM: Mais três, eu sou o segundo.

    BnR: Quando é que começas a jogar futebol?

    AM: Começo a jogar em 1974, num torneio de futebol de 5 onde fui convidado por uma equipa de estudantes. A partir daí dei nas vistas e os Cracks de Lamego convidaram-me para fazer parte da formação, comecei nos Iniciados.

    BnR: Desde o início que jogaste a defesa esquerdo?

    AM: Não, joguei a meio-campo sempre. Ainda fomos campeões distritais de Viseu e campeões nacionais em 1977/78.

    BnR: Qual era o clube que apoiavas em miúdo?

    AM: Ali naquela zona onde morava, em Lamego, na aldeia de Cambres, a malta era mais do Sporting, até havia a filial Sporting Clube de Lamego. Mas também havia benfiquistas e portistas. Nós na altura gostávamos de ver todas as equipas e apoiávamos os portugueses nas competições europeias, eu pelo menos não era adepto de um clube em específico.

    – Início de Carreira na Briosa –

    BnR: Começas a tua carreira como sénior na Académica. Como foi o teu processo de afirmação na equipa?

    Álvaro Magalhães estreou-se como sénior na Académica
    Fonte: Álvaro Magalhães

    AM: Foi boa, fiz um ano de juniores muito bom. Depois acabei o campeonato de juniores em fevereiro e comecei logo a trabalhar com os seniores. Na altura já era o Juca o treinador dos seniores da Académica e esses três meses de treino deram-me um bom suporte para começar a minha época de seniores já com outra bagagem. Depois, quando entrei no primeiro ano de sénior tive a felicidade de o treinador, Pedro Gomes, ter a coragem de me lançar ao lado de grandes jogadores. Era uma equipa muito experiente, eu era o mais novo com 18 anos.

    BnR: Quem era o plantel, lembras-te?

    AM: Camilo, Brasfemes, Gervásio, Rui Rodrigues, Martinho, Melo, Marrafa, Eldon, Nicolau… Eram jogadores já com uma certa tarimba, com carisma.

    BnR: Ficaste com muitos amigos nessa equipa?

    AM: Muitos. Sou querido lá em Coimbra, de vez em quando vou lá e encontro-me com alguns deles. Aqueles com quem mais me dava e que foram grandes conselheiros são o Camilo, que infelizmente já faleceu, o Brasfemes e o Martinho. Às vezes encontro-me com eles e o meu filho até costuma jogar futebol com eles e outros ex-jogadores da Académica.

    BnR: Como era a massa adepta da Académica nessa altura?

    AM: Difícil, a Académica é um clube com uma mística muito própria, não é fácil. Por isso é que eu vim preparado para o Benfica, porque vinha de um clube muito exigente como a Académica, é uma responsabilidade vestir a camisola da Briosa. Claro que o Benfica é diferente mas representar a Académica não é para qualquer um. Os adeptos sentiam muito o clube e aquilo era sempre para ganhar, eles eram ganhadores natos. Mesmo no trato dentro do campo eles eram difíceis, já havia uma mística própria na Académica.

    BnR: Na Briosa já eras muito polivalente?

    AM: Sim. Uma vez jogámos contra o Porto e o Mário Wilson colocou-me a lateral direito porque o Costa era um jogador fortíssimo, era agressivo, e precisava de alguém com agressividade, concentrado, que conseguisse anulá-lo. O ‘Capitão’ disse na palestra que eu ia jogar ali e eu disse “Se o Mister quer que eu jogue ali, eu jogo.” E fiz um grande jogo, até me compararam com o Artur. O saudoso Artur, éramos como irmãos.

    BnR: No final da época 1980/81 dá-se a tua transferência para o Benfica. O que fez com que te destacasses e chamasses a atenção de um dos grandes?

    AM: O que me fez destacar foi a boa época que estava a fazer na Académica, foi uma época fantástica. Estava a ser observado por várias equipas, não era só o Benfica, mas também o FC Porto e o Sporting.

    BnR: Foste disputado pelos três grandes?

    AM: Sim, o Sporting até foi a primeira equipa a falar comigo. No mesmo dia em que jogámos contra o Sporting eu tive uma reunião com o Armando Biscoito.

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