O grupo B do Euro 2024, considerado o “grupo da morte”, é a casa de quatro jogadores que podem decidir um jogo de um momento para o outro, mas quem são eles?
No futebol, tudo muda em minutos. Não é um desporto ao nível do futsal nesta mudança repentina de resultado/ímpeto de jogo em segundos, mas não se fica muito atrás (exemplo do Porto-Sporting ou do Benfica-Sporting esta temporada). E nesses minutos decisivos, surge sempre a conversa de quem vai marcar o golo do empate, qual David Beckham frente à Grécia, ou quem escolheríamos para bater o penalty decisivo, relembrando o nosso Cristiano, sempre gélido da marca dos onze metros.
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E se, em competições que exigem um nível de consistência como os campeonatos nacionais, esperamos essa “salvação” nos momentos de maior dificuldade, o que podemos dizer de uma competição como o Europeu? No grupo B do Euro 2024, onde encontramos as seleções da Croácia, Itália, Espanha e Albânia, decidimos escolher (um por seleção) os quatro jogadores que podem, de um momento para o outro, catapultar a sua equipa para a fase a eliminar da competição.
Espanha
Lamine Yamal – Liderados por De La Fuente, a Seleção de Espanha chega a esta competição como um dos favoritos à presença em Berlim, na final de Julho, no entanto, longe vão os dias de glória onde Xavi, Iniesta, Sergio Ramos e até David Villa carregavam o estatuto da seleção “Roja” para lá da imortalidade. Os espanhóis passam agora, volvidos cerca de dez anos, uma fase onde a qualidade não é tão exuberante como outrora já foi, e isso reflete-se na escolha do jogador decisivo feito. Se o meio campo continua a ser o ponto forte desta seleção (Rodri, Mikel Merino, Dani Olmo, Zubimendi, Pedri), o mesmo não se pode dizer do “matador” de serviço, e da defesa. Com exceção de Grimaldo (melhor época da carreira), a são claras as limitações desta defesa, com Carvajal e Navas como laterais direitos, e Laporte e Le Normand (naturalizados espanhóis no último ano) como as principais opções no eixo da defesa. Morata não dá garantias de golos suficientes na frente de ataque.
A minha escolha recai, portanto, em Lamine Yamal. Pelas 17h00 do dia 15 de junho, este será o jogador mais novo de sempre a disputar uma fase final de um campeonato da europa, ainda com 16 anos. Foram dezassete as contribuições para golo do jovem Lamine entre seleção e clube. Dotado de um “futebol de rua”, Lamine dispõem de uma técnica avassaladora para a idade, aliando uma facilidade imensa de arrancar no “um para um” contra o adversário. Apesar de não ser o jogador com mais maturidade na hora da decisão, o jovem espanhol perfila-se como o “agitador” desta seleção, seja como titular, ou vindo do banco. Será o primeiro europeu de muitos (esperamos nós), podendo os adeptos espanhóis esperar por muitos momentos de alto gabarito de mais um produto da La Masía.
Itália
Gianluca Scamacca – Continuamos por terras latinas, onde descobrimos a “Squadra Azzurra” de Luciano Spalletti. Depois de uma temporada tremenda ao serviço do Nápoles em 2022/23, onde superou o mais ínfimo desejo de qualquer adepto napolitano, sangrando-se campeão italiano, Spalletti guardou o título na mala e viajou para a sede da Federação Italiana de Futebol. O seu percurso, no entanto, tem sido tudo menos a continuação do sonho que viveu no sul de Itália. Os italianos qualificaram-se apenas na segunda posição do grupo (empatados em pontos com a Ucrânia), vendo ainda Sandro Tonalli, entre outros, envolvidos num escândalo que levou ao seu afastamento dos relvados. A lesão de Scalvini, detentor de uma temporada estratosférica a todos os níveis com a Atalanta, fez soar ainda mais os alarmes desta seleção italiana. Posto isto, e com todas as opções que poderíamos ter escolhido, tal como Federico Dimarco (procura o impacto que jogadores como Fábio Grosso ou Leonardo Spinazzola tiveram), Nicolò Barella (peça basilar no Scudetto do Inter), ou até Chiesa (figura máxima do Euro 2020), a nossa escolha recai em Gianluca Scamacca.
Spalletti tem vindo a demonstrar uma verdadeira falta de confiança no jogador mais avançado no terreno, com diversos jogadores a testarem a posição, sem que nenhum garanta o lugar. Eis que surge o ponta-de-lança da Atalanta, que chega da melhor temporada da carreira, com 27 contribuições para golo em toda a temporada. Depois de uma temporada onde não se conseguiu impor em Inglaterra (apenas uma época no West Ham), Gianluca Gasperini viu em Scamacca o potencial necessário para ser o titular dos atuais vencedores da Liga Europa. O único aspeto negativo desta escolha pode ocorrer na relação entre Spalletti e Scamacca. O experiente treinador italiano referiu recentemente que o avançado italiano não havia sido convocado nos estágios de Março devido ao facto de ser “um jogador preguiçoso”, o que despontou uma série de comentários da parte de Scamacca sobre o selecionador. Com este debate para trás das costas, esperamos a sua titularidade no Europeu, sendo uma das grandes esperanças de Itália.
Croácia
Luka Modric – Avançamos agora para o terceiro classificado do último Mundial, a Croácia de Zlatko Dalic, treinador de 57 anos que guia esta “geração de ouro” croata desde 2017. Geração essa que caminha a passos largos para as últimas tentativas de conquistar o tão desejado troféu, depois de ficar próximo nas duas edições anteriores dos Mundiais (2º lugar em 2018 e 3º lugar em 2022) e perder na final da Liga das Nações, frente à França. As expectativas continuam altas, e, se há cerca de dez anos olhávamos para a Croácia como a possível candidata ao terceiro lugar do grupo, sem grandes aspirações à passagem aos oitavos via os dois primeiros lugares, hoje podemos dizer sem grande discordância que a Croácia é a grande candidata a passar em primeiro no grupo, estando bastante distante da possibilidade do terceiro lugar. Jogadores como Dominik Livakovic, Mateo Kovacic, Ivan Perisic, Marcelo Brozovic e Domagoj Vida desempenharam ao longo de todos estes anos um papel fulcral na manutenção da qualidade croata, no entanto, era esperado que a nossa escolha caísse no único croata que detém uma Bola de Ouro, Luka Modric.
Com 38 anos, Luka Modric chega de uma temporada onde venceu não só a Liga Espanhola, mas também a Liga dos Campeões pela sexta (!) vez, chegando ao vigésimo quinto título pelo Real Madrid. Luka continua a ser a “bandeira” desta seleção, e chega ao Europeu pela última vez na sua carreira, tal como o seu colega de meio-campo nos “merengues”, Toni Kroos. Em tons de despedida, Modric pretende despedir-se da melhor forma, e não haverá melhor forma do que vencendo o Europeu.
Albânia
Kristjan Asllani – Terminamos esta análise na “modesta” Albânia, que foi a infeliz seleção talhada para enfrentar estes “tubarões” no grupo da morte. Depois de conquistar o grupo E na fase de qualificação para este Europeu, deixando para segundo plano as seleções da Chéquia (adversária de Portugal) e a Polónia, que conseguiu a vaga através do playoff de acesso, a Albânia chega pela segunda vez na sua história à fase final da competição, sem ter, no entanto, grandes esperanças na qualificação para a ronda a eliminar, dada a qualidade que enfrentam. No comando técnico dos albaneses, está um vencedor da Liga dos Campeões por duas vezes, Sylvinho, ex-lateral brasileiro.
Como destaque desta seleção, destacamos o médio Kristjan Asllani, jogador do Inter de Milão, tendo-se sagrado campeão de Itália recentemente. Sendo ainda bastante jovem, Asllani foi o jogador na Serie A com maior percentagem de passes completos (93%), ao mesmo tempo que demonstra uma facilidade imensa na recuperação do esférico. Asllani, com toda a qualidade que carrega nas chuteiras, terá a difícil missão de levar esta Albânia à fase a eliminar do Euro 2024, mas será que consegue?