A CRÓNICA: THANK YOU AND GOODBYE, SENEGAL, A GENTE AINDA VAI “CATAR” MAIS UNS TEMPOS
Vamos ter batalha pela custódia do troféu do Campeonato do Mundo já nos quartos-de-final. A França, atual custodiante, vai enfrentar a Inglaterra, que insiste ser mãe do troféu por ser mãe da modalidade e pretende levar de novo o filho para casa. Os ingleses garantiram o confronto com o outro lado do Canal da Mancha com um triunfo sólido, por 3-0, ante o Senegal.
A primeira metade da primeira parte foi dominada territorialmente pelos ingleses, mas a primeira oportunidade minimamente digna de registo pertenceu ao Senegal, após cruzamento da direita. Apesar do susto provocado, os senegaleses não mostraram capacidade para lhe dar sequência, remetendo-se primordialmente ao momento defensivo.
Ainda assim, a segunda oportunidade da oportunidade – esta sim, bastante clara – também pertenceu à turma africana. A conquista de bola em terrenos próximos da baliza de Pickford permitiu a Ismaila Sarr servir Dia, que já dentro de área rematou de canhota para defesa apertada, mas bem executada, do guardião inglês. Eram quase palpáveis o maior conforto e a maior confiança dos senegaleses, mesmo com bola.
Ora vai uma, ora vão duas, ora vão três. À terceira oportunidade da partida, eis que surgiu o golo inaugural… para os ingleses. Na primeira grande oportunidade britânica, que nasceu da primeira (extraordinária) jogada inglesa com cabeça, tronco e membros, a Inglaterra marcou mesmo. Henderson deu o último carimbo na bola, Bellingham o penúltimo, mas o golo foi do coletivo inglês, sem margem para discussão.
Mudou o momento. Não mudou a forma de os ingleses chegarem ao golo. O 2-0 surgiu no culminar de mais uma jogada coletiva de grande fluidez e qualidade, desta feita em contragolpe. Bellingham levou o testemunho nos primeiros metros, passou-o a Foden e o jovem do Manchester City serviu Harry Kane para o primeiro tento do “9” dos Três Leões neste Mundial. O apito para reinício após o golo coincidiu com o apito para intervalo.
O Senegal precisava de entrar bem, com bola e a marcar. Entrou mal, sem bola e a sofrer. O 3-0, que teve Saka como primeiro outorgante e Foden como segundo outorgante, foi um fruto natural do controlo quase total da partida pelos ingleses. Jogo morto e enterrado aos 57 minutos e a Inglaterra com 33 minutos extra para pensar no que se segue: a França. Sem mais a dizer, ambas as equipas deixaram correr o tempo.
A FIGURA
???????? ???????? ???????? ???????????????????????? ????
…You know the rest ???? pic.twitter.com/rBOcoHRsUr
— FIFA World Cup (@FIFAWorldCup) December 4, 2022
Jude Bellingham – Toda a gente sabe que lidar com as emoções e mostrar o melhor futebol que um é capaz de praticar não é nada fácil, sobretudo para os jogadores mais novos. Toda a gente, menos Bellingham. Ele não saber ou não quer saber disso para nada. Com 19 anos, substitui o stress das frequências universitárias pelo stress de representar o país que mais anseia pelo regresso do troféu do Mundial a “casa” no maior palco do futebol de seleções.
E não treme, não vacila, não quebra. E joga que se farta. E, melhor ainda, faz jogar que se farta. Quem o vê jogar é que não se farta.
O FORA DE JOGO
Second Half is underway at the Al Bayt Stadium!#ENG v #SEN#FIFAWorldCup | #Qatar2022
— FIFA World Cup (@FIFAWorldCup) December 4, 2022
Segunda parte senegalesa – não foram extraordinários na primeira metade, mas na segunda foram inexistentes. Os senegaleses voltaram dos balneários a perder por 2-0 e não mostraram qualquer capacidade para reverter a desvantagem. A diferença qualitativa era grande, sem dúvida, mas o campeão africano tinha a obrigação de mostrar na segunda parte uma cara que nunca foi capaz de encontrar.
ANÁLISE TÁTICA – INGLATERRA
Os ingleses apresentaram-se no seu conhecido 4-3-3, com o tridente ofensivo a ser composto por Saka, Foden e Kane, um tridente que gozava de alguma mobilidade e muito feroz e veloz na pressão (momento em que, por várias vezes, a Inglaterra foi capaz de provocar dificuldades aos senegaleses). Declan Rice voltou a ser o vértice mais recuado do triângulo do setor intermédio, com Henderson como interior direito e Bellingham como interior esquerdo.
Na segunda metade da partida, com o 2-0 a dar tranquilidade aos processos ingleses, a equipa comandada por Gareth Southgate apertou o Senegal mais vezes no primeiro momento de construção dos africanos, conquistando mais vezes a bola. A Inglaterra conseguiu elaborar o seu momento de posse sobre o resultado vantajoso e o futebol mais perfumado dos britânicos veio ao de cima. Os últimos 25 minutos viram uma Inglaterra a descansar com e sem bola, com o olhar já voltado para o embate com os detentores do título.
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
Pickford (6)
Walker (6)
Stones (6)
Maguire (6)
Shaw (6)
Rice (6)
Henderson (6)
Bellingham (8)
Saka (7)
Foden (7)
Kane (7)
SUBS UTILIZADOS
Grealish (5)
Rashford (5)
Mason Mount (5)
Eric Dier (5)
Kalvin Phillips (-)
ANÁLISE TÁTICA – SENEGAL
A turma de Aliou Cissé, muito física, combativa, mas também especulativa, apostou num 4-4-1-1 que não raras vezes se moldava num 4-4-2, sobretudo no momento defensivo. Na pressão (não muito alta, nem muito agressiva) que o Senegal exercia, Ndiaye prestava um precioso auxílio a Boulaye Dia, transmudando, então, o sistema aplicado por Cissé num 4-4-2 bastante próximo do mais clássico.
O Senegal começou por demonstrar uma solidez e consistência defensivas dignas de sublinhado, mas perderam-no no e com o primeiro golo dos ingleses. No segundo tempo, obrigado a procurar com assertividade o golo (por precisar dele em dose dupla), o Senegal viu-se forçado a jogar em construção e mostrou debilidades nesse momento, também fruto da pressão exercida pelos ingleses, agora mais alta e agressiva.
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
Mendy (6)
Sabaly (5)
Diallo (5)
Koulibaly (6)
Jakobs (5)
Nampalys Mendy (5)
Ciss (5)
Sarr (6)
Ndiaye (6)
Diatta (5)
Dia (5)
SUBS UTILIZADOS
Gueye (5)
Bamba Dieng (5)
Pape Sarr (5)
Diédhiou (5)
Ballo-Touré (-)