A selecção do México é a quinta equipa com mais participações em fases finais de Mundiais. Contando com 14 presenças, só é suplantada por Brasil (19), Alemanha (17), Itália (17) e Argentina (15). Este dado estatístico poderia ser um bom indicativo, mas esta ideia rapidamente cai por terra quando olhamos para a melhor classificação que o México alcançou: quartos-de-final, em 1970 e em 1986 – em ambas as vezes a competição foi disputada, precisamente, no México. A selecção tricolor é também aquela que mais derrotas tem em fases finais de Campeonatos do Mundo: 24 derrotas.
Apesar de a estatística não ajudar (muitas participações para poucas conquistas), é certo que esta equipa foi sempre respeitada pelos adversários. Embora nunca tenha chegado muito longe nas fases finais – talvez fruto de a fase de qualificação ser sempre feita contra equipas de valor muito inferior tanto ao da própria selecção como ao daquelas equipas com que se depara nas fases finais – esteve presente na maior parte das vezes, o que impõe um certo respeito.
Mas o caminho da selecção tricolor para chegar ao Brasil não foi fácil, já que para garantir o passaporte para a fase final teve de jogar o play-off contra a Nova Zelândia. Durante a classificação, o comando técnico da equipa mudou quatro vezes em cerca de dois meses, e só após a eliminação da equipa neozelandesa é que Miguel Herrera, que tinha sido contratado para orientar a equipa apenas no play-off, assumiu definitivamente o cargo de seleccionador.
Desde 1994 que o México se tem ficado pelos oitavos-de-final. Pois bem, este ano não podem ambicionar muito mais. A equipa orientada por Miguel Herrera está num grupo onde a tarefa de seguir em frente será um osso muito duro de roer: Brasil, o eterno candidato ao título, com um dos plantéis mais invejáveis da competição e, este ano, país organizador do Mundial; Croácia, que tem um dos miolos mais criativos desta prova, contando com craques como Modric, Rakitic ou Kovacic, e é a favorita para seguir em frente, juntamente com os canarinhos; e Camarões, que é uma selecção imprevisível e que pode causar mossa a uma equipa como a do México. Mas o problema não acaba aqui – é que, se os mexicanos conseguirem passar este difícil grupo, terão pela frente um dos vencedores daquele que é, este ano, o “segundo grupo da morte” (Espanha, Holanda, Chile e Austrália). Posto isto, passar a fase de grupos é um feito assinalável, mas mais do que isto é algo utópico.
OS CONVOCADOS
Guarda-redes – Jesús Corona (Cruz Azul), Guillermo Ochoa (Ajaccio), Alfredo Talavera (Toluca)
Defesas – Paul Aguilar (América), Andrés Guardado (Bayer Leverkusen), Miguel Layun (América), Rafael Márquez (León), Héctor Moreno (Espanyol), Diego Reyes (Porto), Francisco Rodriguez (América), Carlos Salcido (Tigres)
Médios – Marco Fabián (Cruz Azul), Hector Herrera (Porto), Juan Carlos Medina (América), Luis Montes (León), Carlos Peña (León), Juan Vázquez (León), Isaac Brizuela (Toluca)
Avançados – Oribe Peralta (Santos Laguna), Alan Pulido (Tigres), Javier “Chicharito” Hernández (Manchester United), Raúl Jiménez (América) e Giovani Dos Santos (Villarreal).
A ESTRELA
Apesar de não ter sido uma aposta recorrente no Manchester United esta época, Chicharito Hernández continua a ser o craque desta selecção. Ágil, rápido e inteligente nas movimentações, o jogador de 26 anos pode ser um desequilibrador.
Forte tanto no jogo aéreo como com os pés, Chicharito é uma ameaça constante, sendo um avançado que se sente na praia quando joga dentro de área.
O facto de não marcar nenhum golo pela selecção há cerca de um ano fez nascer algumas críticas, no entanto o avançado dos red devils vai certamente ter os olhos apontados para a baliza desde o primeiro minuto do Mundial para tentar confirmar o estatuto de estrela da equipa e acabar com as críticas existentes.
O TREINADOR
Miguel Herrera foi o responsável pela qualificação do México para o Mundial do Brasil. Como já foi referido, o técnico de 46 anos foi o quarto treinador no espaço de dois meses e foi ele que, através de duas goleadas convincentes frente à Nova Zelândia no Play-off (5-1 e 4-2), conseguiu garantir a presença da selecção mexicana neste mundial.
Conhecido por Piolho, devido ao facto de ser irrequieto tanto no banco de suplentes como nas redes sociais, o ex-defesa internacional pelo México 14 vezes é um técnico instável mas que já anunciou que gostaria de ganhar o Mundial. Ambição, instabilidade e incerteza são as características que melhor o definem.
O ESQUEMA TÁTICO
O PONTO FORTE
O ponto forte da selecção mexicana é, sem dúvida, o ataque. Do onze inicial saltam à vista nomes como Guardado ou Rafa Márquez, mas é no ataque que residem as maiores esperanças desta selecção. Chicharito Hernández é a estrela da equipa e faz dupla atacante com um goleador nato: Oribe Peralta, que tem 16 golos em 26 internacionalizações, sendo que 10 desses tentos foram obtidos nos 18 jogos de classificação para o Mundial.
A selecção tricolor conta ainda com Giovani Dos Santos, o conhecido jogador do Villareal, que deverá fazer parte do banco de suplentes, apresentando-se como uma boa arma secreta e uma excelente alternativa ofensiva.
O PONTO FRACO
A fragilidade defensiva é o ponto fraco desta equipa. O veterano Rafa Márquez já não joga o seu melhor futebol há uns anos, e a renovação geracional não chegou ainda para tornar a defesa sólida, antes pelo contrário.
Se, como foi já referido, o técnico traz alguma incerteza à equipa, as deficiências defensivas são um factor que em nada contribui para melhorar essa característica.