A final da Copa América, entre a Argentina e a Colômbia, estava agendada para a uma da manhã (GMT+1) do dia 15 de abril, mas o relógio marcava alguns minutos após as duas e vinte quando a partida iniciou, dado os desacatos no exterior do Hard Rock Stadium, em Miami.
Sem surpresas nos onzes iniciais, a bola fez-se rolar e ainda antes do primeiro minuto de jogo a Argentina criou a primeira oportunidade de perigo da partida, numa combinação na meia direita entre Messi, Montiel e Julian Alvárez, este último que rematou para intervenção de Camilo Vargas. Foi apenas um susto, pois Néstor Lorenzo trouxe a lição bem estudada de como inibir a Argentina de sair a jogar.
O tradicional 4-2-3-1 apresentado ao longo de todo o torneio, desdobrou-se em 4-1-2-1-2, formando um losango no meio-campo – Lerma como trinco, Rios à direita, Jhon Arias à esquerda no apoio a James Rodríguez, fórmula que condicionou a saída curta da Argentina, obrigando-a a praticar um jogo mais direto, deixando-a desconfortável.
Nova situação de perigo surgiu perto do minuto 20, quando Di María, já após ter trocado para a faixa esquerda, tirou um cruzamento para Messi, à entrada da área, ver a bola passar a meros centímetros do poste direito da baliza colombiana. A Colômbia estava mais confortável, mas não criava grande perigo, apenas tentava a sorte através de remates de meia distância. Assim, terminava o primeiro tempo, com o nulo no marcador.
Raphael Claus apitaria para o início da segunda parte, quase 30 minutos após o término da primeira, pois a americanização do torneio trouxe Shakira para atuar ao intervalo, situação que desagradou praticamente todos os intervenientes do jogo.
A estratégia de Scaloni para o início do segundo tempo era clara e evidente – explorar os espaços nas costas de Jhon Arias com a libertação de Rodrigo de Paul para a função de médio todo-o-terreno. Contudo, os cafeteros entraram melhor nos segundos 45 minutos, com duas oportunidades de golo. A primeira, ao minuto 47, teve James a soltar-se na meia esquerda e a tirar um cruzamento (como sempre) venenoso que, após desvio de Córdoba, chegou aos pés de Santiago Arias que viu a bola passar perto do alvo e, seis minutos depois, um canto daquele que viria a ser o MVP do torneio voltou a testar a atenção da defesa albiceleste, que faz um torneio implacável, especialmente Cristian Romero.
Pouco depois da hora de jogo, Messi saiu lesionado no seu tornozelo direito para sobressalto de todos os amantes de futebol e claro, dele próprio, por não poder contribuir mais, para aquele que poderá ser a sua última Copa América na carreira.
O jogo prosseguiu e a Argentina estava a conseguir chegar mais vezes com perigo à área contrária, com a Colômbia já algo longe da disciplina tática inicial, e até marcou por Nico González, golo que seria anulado por posição irregular claríssima de Tagliafico na assistência.
Erradicado nas eliminatórias, teríamos na final o primeiro prolongamento da prova. A pressão ecoava no estádio e as equipas disputavam todos os lances como se fossem os últimos. O desgaste era mais evidente nos vencedores da última edição e o controlo da bola (termina com 68% no prolongamento) pertencia aos colombianos, que iam somando as melhores ocasiões.
Scaloni aguardou até ao tempo extra para fazer as mexidas coriáceas na sua equipa, lançando Leandro Paredes, Giovani Lo Celso e Lautaro Martínez, o tridente que estaria envolvido no golo. O médio da Roma tem um papel fulcral em dois prismas, ao consolar Messi após o abandono do terreno de jogo e ao recuperar a bola em zona alta, que dá origem à magia de Lo Celso e ao faro de golo de Lautaro Martínez, faro esse que teve ao longo de todo o torneio marcando cinco golos com uma frequência a rondar os 44 minutos.
Do lado da Colômbia fica a sensação de que, caso lançados, Jhon Durán e Luis Sinisterra poderiam ter influenciado esta final e que Luis Díaz ficou encarregue de tarefas muito centrais nesta final. Felizmente deu para ver um pouco de Quintero a brilhar.
A Argentina vence assim o seu 23.º título oficial, na despedida de Di María e já leva uma sequência de quatro, entre Copa América, Mundial e Finalíssima. La Scaloneta carbura e volta a conquistar a Copa América.