Borussia Dortmund x TSG 1899 Hoffenheim
Ontem, em mais uma jornada da Bundesliga, Sancho, aos 32’, Gotze, dez minutos depois, e Guerreiro, aos 66’, colocaram os Die Schwarzgelben a vencer por 3-0 à entrada dos últimos quinze minutos de jogo. Uma vantagem que colocava a equipa de Lucien Favre no caminho de mais uma vitória, que lhe permitia conservar a vantagem de sete pontos para o FC Bayern Munique.
Já todos estamos familiarizados com a expressão “O jogo só acaba quando o árbitro apita”, mas o melhor mesmo, principalmente em terras germânicas, é ajustar ligeiramente esse ditado!
“Com Nagelsmann, o jogo nunca acaba”.
Contexto
Antes de falar sobre o jogo, é importante referir dois aspetos. O primeiro, e talvez aquele que mais “ajudou” na recuperação do Hoffenheim, foram os 120 minutos que a equipa de Lucien Favre foi forçada a jogar a meio da semana para a Taça da Alemanha (acabando por perder nas grandes penalidades). Depois, não menos importante, as ausências em ambos os lados.
Reus, Akanji, Zagadou e Delaney. Quatros titulares que, para além de estar todos lesionados, tinham em comum o facto de ocuparem posições no corredor central. Assim, a dupla de centrais foi formada por Weigl e Diallo, Dahoud foi o novo companheiro de Witsel, enquanto Phillipp ocupou a posição de Reus.
No lado visitante, também havia um problema “central”. Sem o capitão Vogt e sem Adams, os três centrais foram Bicakcic, Posch e Hübner, dentro do dinâmico 3-1-4-2.
Primeira Parte
Seguindo uma abordagem cada vez mais recorrente nas equipas que defrontam o Borussia Dortmund, o Hoffenheim procurou impedir o envolvimento do duplo pivô Witsel-Dahoud nos primeiros momentos de construção. Uma missão simples, mas de execução difícil.
Não só pela inferioridade numérica (dois para quatro), Joelinton e Kramaric contra Diallo-Weigl (dois centrais) e Witsel-Dahoud, mas principalmente pela necessidade em dividir constantemente a atenção entre a bola (à sua frente) e o duplo-pivô (no seu lado cego).
Desta forma, Nagelsmann procurava proteger o corredor central, abdicando de uma pressão alta e intensa para oferecer a bola ao adversário. Adversário esse que, em resultado da anulação do seu duplo pivô, optou por sair a jogar pelos seus defesas-laterais, envolvendo-os cedo na fase de construção.
Gradualmente, este envolvimento dos defesas-laterais acabou por ter o seu impacto, e os problemas no Hoffenheim começaram a surgir. Ao envolver os laterais, sem uma pressão intensa adversária (alas-laterais relutantes em subir na pressão), o Borussia conseguia aumentar as distâncias entre a dupla de ataque do Hoffenheim e fazer a bola chegar ao duplo pivô através dos referidos defesas-laterais.
Com a bola nos pés da dupla Witsel-Dahoud, a equipa podia explorar o lado contrário, onde tinha sempre espaço, ou procurar com um passe vertical Gotze, Sancho e Phillipp entre linhas.
Segunda Parte
Ao intervalo, Nagelsmann realizou duas alterações: Dennis Geiger por Demirbay e Belfodil por Kramaric. Mais do que uma troca por troca, o treinador ajustou a estrutura do meio-campo para ter dois médios próximos de Witsel-Dahoud, ou seja, Grillitsch desceu ligeiramente, para uma posição de médio defensivo, e teve na sua frente Bittencourt e Geiger, como médios interiores bem próximos de Witsel-Dahoud.
Com o avançar do jogo, e principalmente com o terceiro golo, a equipa da casa começou a comprometer. Erros individuais, displicência e … futebol.
A energia que o Hoffenheim tinha estado a poupar ao longo do primeiro tempo foi utilizada assim que a equipa visitante sentiu o “cheiro da displicência”. A paciência, envolvimento e trocas posicionais que tinham marcado a fase ofensiva do Borussia, e lhes tinha permitido romper por várias vezes a estrutura defensiva adversária, deu lugar à urgência sem critério e ao individualismo.
Aproveitou a equipa de Renato Sanches, com a vitória frente ao FC Schalke 04, para reduzir a desvantagem e tornar ainda mais apetecível esta Bundesliga.
Foto de Capa: Borussia Dortmund