Os 4 candidatos ao título da Bundesliga em 2023/24

60 anos depois da primeira edição da Bundesliga, o campeonato de topo mais a leste na Europa, invejado pelas médias de assistência e por uma cultura tática muito própria, promete-se uma das temporadas mais excitantes de sempre. As emoções fortes do ano anterior fazem transitar para o vindouro inigualáveis sentimentos de vingança, de rejuvenescimento e de um novo despertar: Bayern e Dortmund deverão continuar como senhores do pedaço, olhando soberbamente do varandim construído na última década para todo um grupo que escala a parede e que quase os alcança: Lepzig, Leverkusen, União de Berlim, Friburgo, Wolfsburgo ou Borussia Monchengladbach representam o pelotão que persegue os crónicos líderes, todos com fortes argumentos para almejar lugares de pódio.

Perdidos dois históricos para os escombros da Bundesliga 2 – Hertha e Schalke – recebe-se de braços abertos o Darmstadt, que volta após seis anos de ausência, e o Heidenheim, que se estreia nas maiores lides depois da mais bonita caminhada até ao topo dos últimos anos: o grande responsável é Frank Schmidt, o alemão de 51 anos que pegou na equipa em… 2007!, quando os da Bade-Vurtemberga disputavam o 5º escalão.

Além de tudo isto, a época finalizará com um Europeu realizado nos próprios relvados germânicos – a Alemanha estará em festa permanente pelo menos até Julho, sendo esta a oportunidade perfeita para recuperar uma selecção que se tem apresentado moribunda nos grandes certames. O primeiro passo para garantir uma presença mais digna? Um forte futebol de clubes com uma forte aposta no talento nacional.

E quem pode garantir isso? Quem sairá vencedor da sempre efervescente Bundesliga, que exceptuando o domínio bávaro é sempre competição imprevisível? Quem apresentará o melhor futebol? Quem terá o privilégio de representar a Alemanha na novíssima Champions de 2024-25?

1. FC Bayern Munique

A precipitada troca de Nagelsmann por Tuchel provoca ainda na Baviera sérias dúvidas quanto ao futuro a curto prazo do Bayern, numa decisão que provocou ondas de choque por todas as camadas directivas – a saída rocambolesca de Salihamidzic e Oliver Kahn logo após o apito final da última jornada da Bundesliga são sinais da grande instabilidade sentida na Allianz Arena, com maior reflexo nos resultados da equipa, que ganhou o campeonato pela generosidade do Borussia e perdeu naturalmente a Supertaça dada a superioridade do Leipzig.

Tuchel teima em não conseguir fazer traduzir a qualidade do plantel num futebol de alta vertigem, como fez em Dortmund, ou de alta eficiência, como fez com o do Chelsea. O Bayern é uma equipa amorfa, de futebol mastigado e a sentir a ausência de grandes figuras como Neuer ou Lewandowski, que decidiam jogos.

Para a baliza, o Bayern, que se cansou rapidamente de Sommer e já fantasiou com Kepa ou Rulli, pensa agora em Daniel Peretz, guarda-redes do Maccabi Tel Aviv.

E para o lugar do polaco, depois de muitas experimentações no ano passado, confirmou-se finalmente a contratação de Harry Kane após longa novela: o inglês terá finalmente a oportunidade de ganhar títulos e vem impor sobriedade a um ataque de pedal a fundo, sempre descomplexados na chegada à área mas com alguns problemas na definição, certamente habituados a entregar essa responsabilidade a Lewandowski.

Campeões há 11 temporadas consecutivas, têm soberano direito de chamar a si o favoritismo para 2023-24, ainda que seja urgente corrigir os muitos desencontros entre treinador e equipa e encarrilar para a aborrecida rotina de vitória atrás de vitória. Veremos como pode ainda o mercado reorganizar a equipa: o Manchester United continua muito interessado em levar Benjamin Pavard agora surgem notícias de que o Bayern ficou tão petrificado com a perfomance de Olmo na Supertaça que pensa em bater a cláusula, que se fixa nuns míseros… 60 milhões.

Onze Provável: Ulreich; Mazraoui, Upamecano, De Ligt e Alphonso Davies; Kimmich e Goretzka; Sane, Musiala e Coman; Harry Kane.

2. RB Leipzig

A vitória na Supertaça confirma as ideias de casamento perfeito entre Marco Rose e o projecto Red Bull. Depois de ostracizado em Dortmund, Rose confirmou os bons sinais dados em Salzburgo e Monchengladbach para confirmar pergaminhos em Leipzig com o seu futebol eléctrico, de peito feito na procura do golo: desde que entrou, a equipa afastou os fantasmas melancólicos que assombraram o reinado de Tedesco e voltou à tradição do gengepressing, que foi norma com Hasenhüttl, Rangnick ou Nagelsmann.

Depois do terceiro lugar na Bundesliga e da vitória na Pokal em 2022-23, as ambições para a nova época provocaram a reestruturação do plantel, tambem provocada pelo assédio às joias mais cintilantes: Gvardiol, Szobozslai e Nkunku geraram receitas na ordem dos 220 milhões e obrigaram a investidas assertivas ao mercado. O pagamento de 38,5 milhões ao Lens libertou Louis Openda, que assim se torna a mais cara contratação de sempre; De Lyon, por 30, chegou Lukeba para o eixo defensivo; do irmão RB Salzburgo chegaram Sesko e Seiwald, talentos já demasiado incontroláveis para o futebol austríaco; De Paris vieram Xavi Simons, por empréstimo, e Batshiabu, por 15 milhões; de Liverpool veio Fábio Carvalho, e de Hoffenheim chegou Baumgartner, que com 23 anos é o mais experiente de todos os reforços.

Tanta juventude de elite casará bem num projecto focado para o futuro mas com líderes bem definidos, numa espinha dorsal que se mantém há já vários anos no clube. A sequência Gulácsi-Órban-Kampl-Forsberg –Werner-Poulsen ajuda a manter os pés na terra e a manter a cabeça fria no crescimento sustentado. À sua volta pululam todos os talentos e este ano são incontáveis as opções: o 3-0 ao Bayern mostrou que poderá finalmente ser o definitivo ano de Dani Olmo, talvez o mais lapidado diamante da equipa – à boleia das suas ideias assentarão todas as pretensões dos Touros Vermelhos.

Onze Provável: Gúlacsi; Henrichs, Lukeba, Órban e Raum; Schlager e Kampl; Simons, Olmo e Werner; Openda.

3. BVB Dortmund

A apoplexia da última jornada da Bundesliga e a mágoa de ver fugir um título que não chega ao Signal Iduna desde 2012 provocou o debacle emocional dum plantel – a passagem de testemunho de Marco Reus a Emre Can como capitão não foi feita com a naturalidade habitual; O médio simplesmente anunciou que renunciava ás responsabilidades inerentes no inicio de Julho, deixando para Edin Terzic e Sebastian Kehl (director-desportivo) a decisão de encontrar o sucessor.

Se a transferência de liderança pode, na melhor das perspectivas, representar uma refrescante abordagem à nova época e diferentes dinâmicas no balneário, dois dos seus mais destacados elementos decidiram sair. Se Bellingham em Madrid ainda permitiu a entrada de 100 milhões, a saída a custo zero de Raphael Guerreiro para Munique é uma das perdas irreparáveis da nova época.

As contratações de Nmecha, Sabitzer ou Besenbaini são acertadas, preenchem o vazio mas não prometem subida da qualidade de jogo nem grandes feitos. O maior desafio para o Borussia será manter a toada da última época e ter algo a dizer na luta pelo título, não se podendo exigir mais que o segundo lugar – e o previsível receio de terminar fora dos lugares de Champions, pela ameaça competitiva que representam o Friburgo de Christian Streich, o União de Berlim de Urs Fischer ou o Frankfurt de Toppmoller, é amenizado pela tendência histórica da última década: desde 2009-10, só por duas vezes ficou o Dortmund fora do top4 – 2014-15, na última época dum desgastado Klopp, e 2017-18, quando se falhou a aposta em Peter Bosz.

Apesar da grande decepção, a estabilidade segura a equipa em patamares elevados.

Onze Provável: Kobel; Ryerson, Sule, Hummels e Besenbaini; Emre Can e Sabitzer; Julian Brandt, Marco Reus, Malen; Haller

4. Bayer Leverkusen

Os farmacêuticos florescem sob comando de Xabi Alonso, que pegou na equipa na penúltima posição na Bundesliga – com cinco pontos em oito jogos – e terminou a temporada em sexto lugar, conseguindo também a chegada às Meias da Liga Europa: portanto, espera-se que 2023-24 seja época de consolidação de processos e a candidatura aos lugares de Champions não é forçada.

O plantel, a rebentar pelas costuras de talento e irreverência, foi reformulado e parece mais forte: se a perda de Moussa Diaby (55M, Aston Villa) parece dificil de colmatar, tentou-se com a contratação de Hofmann, o experiente médio que cumpriu as últimas épocas no Monchengladbach – que chega para estabilizar e permitir o crescimento tranquilo das pérolas; se Bakker cresceu bastante no 3-4-3 do treinador espanhol, a sua venda permitiu um indesmentível acréscimo de qualidade – Álex Grimaldo vê-se finalmente a ter oportunidade de experimentar uma Liga de topo, tão de acordo com as suas qualidades; a um ataque já inundado de potencial com Patrick Schick, Azmoun ou Hlozek, chega Victor Boniface, o completíssimo avançado que justifica a aposta depois de maravilhoso ano ao serviço do Saint Gilloise (onde fez 17 golos e 12 assistências em 51 jogos);  e a contratação mais sonante, Granit Xhaka, que se viu empurrado do Arsenal por Declan Rice e chega a Leverkusen para emparelhar com Palacios e formar um dos meio-campos mais sólidos da Bundesliga, dotando o conjunto dum necessário estofo internacional.

A pré-época deu sinais satisfatórios, depois duma grande vitória frente ao WestHam por 4-0 e parece confirmar essa ideia de evolução. No clube desde a jornada 8, Xabi fez 13 vitórias e seis em 26 jogos – mantendo o ritmo já será muito positivo, mas prevendo-se a natural melhoria que só o tempo emprega nos bons projectos, Xabi poderá pensar em cancelar a eterna reserva do Borussia Dortmund para o segundo lugar e ameaçar o crónico título bávaro.

Onze Provável: Hradecky; Kossonou, Tapsoba e Tah; Frimpong, Palacios, Xhaka e Grimaldo; Wirtz, Hofmann e Boniface.

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Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, de opinião que o futebol é a arte suprema.

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