A 55.ª edição da Copa São Futebol Júnior, ou Copinha para os mais próximos, chegou ao fim e titulou o São Paulo pela quinta vez na sua história. Na final, o tricolor venceu por três bolas a duas frente ao Corinthians, o maior campeão da história do torneio com onze conquistas, tendo-o sido pela última vez, no ano passado, tratando-se de uma competição anual.
A unicidade deste torneio proporciona-nos, ano após ano, conhecimento sobre novos talentos brasileiros, entre outros, e a revisitação de alguns de edições anteriores (os que não foram representar a seleção sub-20 ou as equipas seniores no campeonato estadual) e é, por isso, uma das maiores vitrines do futebol mundial.
Foram 254 partidas com 691 golos, totalizando uma média elevada de cerca de 2,72 golos por jogo, comprovando a expetativa, de que o entretenimento é máximo.
É impossível acompanhar todas as equipas e jogos e, por isso, destaco aqui, alguns momentos que ficam para a história da edição, pelos melhores ou piores motivos.
Ituano 0-0 Sfera (16-15 g.p.)
Nos 32 avos de final ocorreu um resultado que, embora não tenha dado para recorde mundial – que pertence a um KK Palace – Civics, pela final da Taça da Namíbia de 2005 com 48 cobranças – igualou a marca recorde brasileira, de um Náutico – Salgueiro para o campeonato Pernambucano de 2023, de maior número de cobranças (34) efetuadas numa disputa de grandes penalidades e bateu o recorde de maior número de conversões com 31 penáltis convertidos. Apesar do nulo no marcador no tempo regulamentar, lembrando que não existe prolongamento, emoção não faltou.
Kauê Camargo defende três grandes penalidades
Nos oitavos de final, o Ituano não teve a mesma sorte que antes. Curiosamente ou não, o jogo voltou a terminar 0-0 no tempo regulamentar, onde, desde logo, Kauê Camargo, guarda-redes do Corinthians destacou-se. Chegado ao momento decisivo, o guardião de 20 anos do Timãozinho, brilhou com três defesas distintas, uma para cada terço da baliza.
A desilusão do Colorado

O Internacional tinha o 28.º plantel mais jovem da competição, com média de idades de 18,3 anos (mais velho do que Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Atlético Mineiro, Coritiba ou Bahia) mas, ainda assim, a prova foi um fracasso.
Colocados no grupo 29, com alguma acessibilidade, não só não venceram, como nem sequer conseguiram marcar um golo, juntando-se a um curto grupo de três equipas que não viram o sabor das redes (União Carmolandense, Genus e Madureira).
Cabrito do Gusttavo
O Flamengo ficou-se pelos 32 avos de final, ao ser eliminado (justamente) pelo RB Bragantino, mas o tempo em prova foi mais do que suficiente para o lateral-direito, Gusttavo, protagonizar uma das jogadas mais bonitas do torneio. Ver e apreciar.
A corrida de 100 metros de Luis Eduardo
O Bragantino vencia por 2-1 e Filipinho estava perto de selar a vitória para a Massa Bruta enviar o Grémio para casa, quando, Luis Eduardo, parecendo que se encontrava numa prova de atletismo dos Jogos Olímpicos, fez este sprint, com corte limpo, absolutamente extraordinário. A importância aumenta se acrescentarmos o contexto, tratando-se de um Grémio que, posteriormente, empatou o jogo e venceu por 5-4 nas grandes penalidades.
À base da bomba
Mais do que descrever é preciso ver. Lucas Fabiel, médio do Santa Cruz, provou, frente ao Força e Luz, que a distância, num campo de futebol, nem sempre vale muito.
O fim do sonho do Verdão
Se o Palmeiras sonhava em chegar longe na Copinha, esse sonho desvaneceu-se, quando, ainda no final da segunda jornada da fase de grupos, cinco jogadores cruciais (Benedetti, Thalys, Luighi, Allan e Figueiredo) foram chamados para representar a equipa principal no Campeonato Paulista. Figueiredo ainda regressou para defrontar o Grémio nos quartos de final, mas já não foi suficiente.
Ryan Francisco com duas “Panenka” em tempo de descontos
O futuro campeão da prova passou por maiores dificuldades na meia-final do torneio, quando, já perto do minuto 90, encontrava-se a perder pela margem mínima frente ao Criciúma que, desde o minuto 72, estava reduzido a 10 unidades. Assim, Ryan Francisco mostrou que a frieza, celebrando dessa forma, não tem idade nem nacionalidade e, virou o resultado para 2-1 com duas grandes penalidades consecutivas cobradas à “Panenka”, ao minuto 89 e 90+4 para enviar o São Paulo para a derradeira final.
O ínicio da Remontada Tricolor
Mais do que o golo em si, é o contexto. O intervalo aproximava-se, o Corinthians vencia por 2-0 e sonhava com a 12ª Copinha. Minuto 45+1, canto do lado direito do ataque cobrado por Lucas Ferreira, o desejo de reduzir a desvantagem (sabemos a importância de golos nestes momentos) e a cabeça de Paulinho a concretizar o golo catalisador da reviravolta. Voltaria a marcar na segunda parte e seria o melhor em campo na final.
Com tantos jogos, jogadores, equipas e espetáculos, podemos dizer que os momentos inesquecíveis, capturados por câmaras ou não, são infinitos. Que venha a Copinha 2026!