O que falta ao treinador brasileiro?

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    Ao longo de alguns artigos, que tive o prazer de digitar para esta casa, fui abordando o tema, que dá voz ao título, ao de leve. Porém, aprofundá-lo-ei. Pois que carece de ser desenvolvido. O técnico de futebol brasileiro dos dias azafamados de hoje ainda é visto como o modelo a ser seguido por (quase) todos os seus pares de outros países? Ou estará já ultrapassado? Se a resposta a esta última pergunta for sim – também é a minha opinião, de uma maneira geral, claro – temos de escrutinar as causas para isso acontecer. E o que é necessário, então, fazer, para que o técnico brasileiro volte à ribalta?

    Bom, primeiro organizar melhor o calendário do Brasileirão. Parece uma medida pífia, à primeira vista. Mas não é. Sem tempo para preparar as equipes e com jogos em cima uns dos outros, o técnico do Brasileirão não terá a décalage necessária para implementar as ideias. As equipas ficam mais cansadas e perde o espetáculo. Falo em particular do Brasileirão porque, infelizmente, hoje em dia os técnicos brasileiros não estão presentes em nenhum grande campeonato do mundo, tirando o do seu próprio país. Assim, os campeonatos nacionais, qualquer um deles, tornam-se um cartão-de-visita para outros olhos, de outras nações. E se o cartão-de-visita é negativo, o cliente não volta. E não contrata.

    Tite foi chamado a acordar o gigante adormecido. Fonte: Goal.com
    Tite foi chamado a acordar o escrete, um gigante adormecido
    Fonte: Goal.com

    É difícil implementar isto. Tal como em Portugal. São países muito parecidos neste aspeto. Somos países de 8, ou 80. Mas que a mudança substancial de calendarização tem de ser feita no Brasil – tanto para proteger o jogador, como o treinador e o próprio torcedor – sobre isso não há dúvidas.

    Segundo: mudanças táticas. Tite, como escrevi há dias, caro leitor, é, de facto, o único autóctone capaz de segurar o leme deste pesado barco. Pelo menos tenta atualizar-se. Vem à Europa tirar cursos. Está perto de outros pares competentes e procura saber. No fundo, procura saber. Era aquilo que o treinador brasileiro antes tinha, mas começou a dar como adquirido. Acontece a quem ganha muito: chama-se soberba.

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    Daniel Melo
    Daniel Melohttp://www.bolanarede.pt
    O Daniel Melo é por vezes leitor, por vezes crítico. Armado em intelectual cinéfilo com laivos artísticos. Jornalista quando quer. O desporto é mais uma das muitas escapatórias para o submundo. A sua lápide terá escrita a seguinte frase: "Aqui jaz um rapaz que tinha jeito para tudo, mas que nunca fez nada".                                                                                                                                                 O Daniel escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.