O Brasil parou no tempo. No que aos aspetos táticos do jogo diz respeito. É inconcebível que ainda haja, no Brasil, gente de elite a pensar que hoje se pode jogar com um número 10. Não digo o número estampado na camisa. Digo em termos táticos. Isso já não existe. O próprio ritmo de jogo e a intensidade baixaram muitíssimo. Por exemplo, o Atlético Mineiro vai jogar uma semi-final de um Mundial de Clubes e perde com o Raja Casablanca de Marrocos! Com todo o respeito, mas o que é isto?! Uma equipa de um dos melhores campeonatos do mundo e de seleção a perder com os nossos vizinhos do norte de África. E Por 3-1! Nesse jogo nem quis acreditar. Era ver o Gaúcho à meia hora de jogo com os “bafos de fora”, seguido pelos companheiros também quase a desmaiar pelo ritmo de jogo dos marroquinos. Este foi um exemplo, que acabou por consubstanciar-se meses mais tarde no célebre 7-1 do Campeonato do Mundo de Seleções.
Se Tite é o homem certo para estar no comando da canarinha? Bom, pelo menos entre os treinadores brasileiros, neste momento, sem dúvida. Se isso será suficiente para melhorar? Em termos instantâneos tem sido.
Fonte: Reuters
Porém, a verdadeira mudança é nas crianças. Elas têm de ser ensinadas a mudar. Têm de ser ensinadas a atacar e, sobretudo, a defender. Têm de perceber que o futebol é, mormente, aquilo que se faz quando não se tem a bola.
Tudo isto dependerá, também, da situação do país. Em termos culturais, políticos e, sobretudo, de identidade. Porque estes fatores não são alheios a este tema.
Enquanto o Brasil não se abrir a técnicos estrangeiros – uma solução mais radical -, terão de ser os nacionais a procurar aprender e mostrar que têm força para mudar. Se não, tudo ficará na mesma e o Brasil, outrora acostumado a subir ao palanque para levantar as taças, ficará no relvado a assistir os outros a comemorar.
Foto de capa: Goal.com