Para onde vamos?

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    Há bem pouco tempo assistiu-se a um episódio que ficou (tristemente) célebre. Durante o jogo – podemos dizer – de maior rivalidade em São Paulo, o Palmeiras – Corinthians, ou vice-versa, mas no caso era assim a ordem onomástica, houve confrontos entre os adeptos, simpatizantes, torcedores, ou meros peões nas ruas. De ambas as equipes. Não adianta falar e vir argumentar que se trata do problema de xis ou ípsilon. A questão é muito mais profunda. Já faleceram adeptos de várias equipas por esse Brasil fora. Alguns simples cidadãos, que mais não tiveram culpa de terem escolhido ser torcedores da equipa errada. Num duelo sempre apetecível entre Palmeiras e Corinthians – duas equipas que têm, entre si, treze campeonatos conquistados e mais outros títulos de importância, como uma Libertadores cada um – mais uma vez o que ficou para a história foi o que se passou fora das quatro linhas.

    Verdões e alvi-negros encontravam-se para a terceira jornada do Paulistão: o campeonato Estadual Paulista. Tinha tudo para ser uma festa… mas antes do encontro já se registava violência nas ruas. A polícia de choque teve de intervir e até vários batalhões da Polícia Militar também entraram em cena. Famílias pacatas viram-se, entretanto, emaranhadas no meio da confusão e acabaram por ficar em pânico. No saldo da confusão, cinco adeptos do Palmeiras foram presos. A justiça brasileira – célere nesta questão, mas, infelizmente como a nossa, lenta noutras de outras latitudes – decidiu que aqueles cidadãos não podem ver os jogos do clube durante três anos. Nesse período, sempre que o Verdão jogar, eles terão de se apresentar na esquadra, ou efetuar serviço comunitário até ao final de cada partida. Este, de resto, foi um método usado pelos ingleses para se livrarem do hooliganismo dos anos 80. Resta saber se esses rapazes não causarão distúrbios noutros jogos que não os do Palmeiras… Só o tempo dirá.

    A torcida do Timão Fonte: Wikipedia
    A torcida do Timão
    Fonte: Wikipedia

    Não quero personalizar a situação. Nenhuma instituição deve ser conotada com o comportamento menos correto de dois, ou três. Não há questão mais filosófica do que a que está exposta no título. Mas, neste caso, se assim continuar, seja no Brasil ou noutro lugar, eu sei para onde vamos: para trás. Bem para trás. Porque nem no Neolítico o ser humano se comportava assim.

    Ah, já agora, o Corinthians venceu por 0-1.

    Foto de Capa: lancenet.br

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    Daniel Melo
    Daniel Melohttp://www.bolanarede.pt
    O Daniel Melo é por vezes leitor, por vezes crítico. Armado em intelectual cinéfilo com laivos artísticos. Jornalista quando quer. O desporto é mais uma das muitas escapatórias para o submundo. A sua lápide terá escrita a seguinte frase: "Aqui jaz um rapaz que tinha jeito para tudo, mas que nunca fez nada".                                                                                                                                                 O Daniel escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.