Os jogadores que podem decidir a final da Liga das Nações

Longe de ser a competição de maior prestígio no que diz respeito a provas de seleções, a Liga das Nações tem permitido confrontos muito animados, respeitando o principal objetivo do futebol e de qualquer desporto: o espetáculo.

Seleções sem grande tradição no futebol, como Israel ou a Geórgia, têm sido protagonistas deste espetáculo, encontrando espaço para se afirmar e escalar etapas na competição, tendo o troféu como miragem distante. 

Mais próximas deste sonho estão Croácia e Espanha, finalistas da terceira edição da prova referente à temporada 2022/23.  Depois de Portugal e França, uma terceira seleção escreverá o seu nome na lista de vencedores da prova. A decisão resolve-se dentro de campo este domingo e, entre tantos nomes de luxo, uns podem destacar-se e guardar o troféu no bolso.

CROÁCIA

Marcelo Brozovic – Entre a herança pesada e a renovação promissora, o meio-campo da Croácia é o ex-líbris da seleção treinada por Zlatko Dalic. Deixar Lovro Majer no banco é um luxo, mas o setor intermediário da Croácia está muito bem povoado.

Brozovic é o médio que joga mais baixo na seleção da Croácia. O vice-campeão da Liga dos Campeões reencontra o companheiro de posição na final – Rodri também é destaque da Espanha – e promete mais um belo encontro. O duelo particular pelo controlo da bola deve voltar a ser ganho pelo espanhol, dada a previsão de maior posse de bola de La Roja, mas a importância de Brozovic numa saída limpa é trunfo croata.

Posiciona-se nas costas da primeira linha de pressão e orienta a saída de bola do xadrez vermelho e branco. Sabe ler o jogo e encontra com facilidade os espaços para receber, rodar sobre a pressão e dar andamento ao jogo croata. Tem capacidade para gerir ritmos e, pelo carácter fundamental neste momento do jogo, pode ser destaque.

Sem bola assume um carácter mais posicional, à frente dos defesas e funcionando como um pêndulo nas variações de jogo do adversário. Pode ser importante sobre o médio ofensivo espanhol pela capacidade de marcação e de pressão.

Luka Modric – Um eterno jovem é o motor do meio-campo croata. Luka Modric, à semelhança de Brozovic, faz parte da prata da casa e a esperança da Croácia levantar o metal brilhante no final de jogo, reside na sua maioria no Bola de Ouro.

Aos 37 anos, o menino de Zadar continua a espalhar classe jogo após jogo. A exibição contra os Países Baixos é para emoldurar e recordar e na final Modric pode voltar a ser decisivo. 

É um médio que se faz valer pela inteligência na leitura dos tempos do jogo e pela capacidade no momento da decisão. Além da cultura tática, tem uma capacidade técnica notável no passe curto, em condução – porventura a capacidade mais subvalorizada de Modric – e na definição no último terço. Além de todo o trabalho invisível de Modric, o croata é também vistoso com vários golos de fora de área e com o adorno em vários lances.

É, possivelmente, o melhor croata da história. A geração de ouro da seleção croata vai-se prolongando e misturando com os novos valores – Gvardiol, Majer, Ivanusec – mas a batuta continua a pertencer ao veterano do Real Madrid. 

Bruno Petkovic – Não é titular, mas foi decisivo nos dois últimos grandes jogos e é a maior representação da capacidade mental da Croácia. 

Até 2018 a Croácia tinha apenas levado dois jogos para prolongamento (um deles de boa memória para Portugal na caminhada épica no Euro 2016). Desde então, foram sete partidas decididas depois dos 90 minutos, com apenas uma derrota da Croácia – curiosamente contra a Espanha, adversária na final da Liga das Nações.

Nas duas últimas, Petkovic foi decisivo. Saído do banco empatou o prolongamento contra o Brasil no Mundial 2022 e marcou o golo da vitória contra os Países Baixos na meia-final da Liga das Nações. Não há melhor representante da capacidade de superação croata do que Petkovic.

Embora se faça valer pela capacidade física para ganhar duelos aéreos, servir como referência na bola longa e jogando de costas para a baliza, está longe de ser uma nulidade técnica. Tem capacidade para conduzir e é competente no drible, não sendo exuberante. Procura o remate com facilidade extrema e tem uma meia distância interessante, como comprovou no grande golo marcado frente aos Países Baixos. Se o jogo se arrastar, Petkovic é a arma mais temível a sair do banco croata.

ESPANHA

Rodri – A final da Liga das Nações não será um jogo de espelhos, mas os destaques de ambas as seleções são equiparáveis (características individuais, terrenos pisados dentro de campo e influência em Croácia e Espanha). Rodri vai, à semelhança de Brozovic na seleção croata, ser fundamental na gestão do ritmo do jogo.

Não foi propriamente fácil a afirmação de Rodri na seleção espanhola. O médio defensivo chegou a ser suplente e a jogar como central. Sem grande culpa, visto que o titular era, nem mais nem menos que Sergio Busquets, o último pilar a cair do tridente de luxo que ganhou tudo entre 2008 e 2012.

Já sem Busquets e, numa seleção com muito menos qualidade individual que há pouco mais de uma década, Rodri assumiu um legado pesado e tem cumprido. Tem rotação para jogar a alto nível e é beneficiado quando tem companheiros com toque de bola a jogar ao lado. Sabe superar pressões e é muito forte no passe curto. Sem bola é importante a recuperar alto no terreno, permitindo transições rápidas.

É um jogador capaz de gerar vantagens no próprio meio-campo, permitindo à equipa jogar com o adversário, atraindo a marcação para depois encontrar o espaço nas costas. Com o passar dos anos tem sido mais decisivo também junto da área adversária, aprimorando uma meia-distância e uma chegada à área que resolveram os dois últimos jogos de Rodri. Marcou na final da Liga dos Campeões e originou o golo decisivo da Espanha contra a Itália. E, como diz o ditado, não há duas sem três…

Pablo Gavi – Ainda tem 18 anos. Na ausência do lesionado Pedri, Gavi assume-se como a figura maior dos novos nomes (Yeremy Pino e Ansu Fati também podem ser nomes importantes na final) que têm surgido no território espanhol.

Está longe de ser o jogador protótipo espanhol. Apesar da formação em La Masia, Gavi destaca-se por ser um médio mais disruptivo, com principal atributo na condução de bola mais agressiva. O perfil coloca-o muitas vezes a partir da esquerda no clube, mas na seleção goza de maior liberdade.

Gavi é praticamente um número 10 para De La Fuente, permitindo a Rodri ter um companheiro mais próximo e ocupando todo o espaço nas costas dos médios adversários. Beneficia da liberdade posicional para jogar perto do centro do jogo, procurando quer um futebol mais associativo, quer mudar rapidamente o ritmo do jogo acelerando em condução.

Sem bola pode ter um papel relevante sobre Brozovic. Jorginho, médio no raio de ação de Gavi, foi o propulsor do futebol italiano que dominou a primeira parte da semifinal. Clarificando posicionamentos e ajustando a estratégia em organização defensiva, Gavi pela agressividade e disponibilidade física pode impedir a Croácia de ter longos períodos de posse.

Joselu – O nome mais imprevisível da lista. Se em janeiro algum vidente apontasse o avançado do modesto Espanyol como o talismã espanhol e a (provável) nova contratação do Real Madrid, seria descrito como louco. Felizmente, os deuses do futebol gostam das mais belas histórias.

Quando marcou, a Espanha ganhou. Tem 81 minutos realizados com a camisola de La Roja e três golos. Depois do bis contra a Noruega, Joselu marcou o golo da vitória sobre a Itália na semifinal da Liga das Nações, já bem perto dos 90 minutos.

Tem características complementares a Álvaro Morata, titular da La Roja. Se Morata é conhecido pelas capacidades associativas, envolvendo-se na construção do jogo espanhol, Joselu é um homem de área. Tem faro de golo, sabe posicionar-se perto da baliza adversária e oferece movimentos interessantes para atacar cruzamentos.

Não é um avançado deslumbrante, mas cumpre muito bem a sua função. Partindo do banco pode ser lançado – à semelhança de Petkovic, na Croácia – no fim do jogo e tem garantindo golos. Os três golos em três internacionalizações são uma boa carta de apresentação daquele que se pode afirmar como o herói improvável desta final da Liga das Nações.

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O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação, está a terminar o mestrado em Jornalismo e tem o coração doutorado pelo futebol. Acredita que nem tudo gira à volta do futebol, mas que o mundo fica muito mais bonito quando a bola começa a girar.

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