Atalanta BC 0-1 Real Madrid CF: “Merengues” vencem tangencialmente

    A CRÓNICA: QUEM NÃO TEM CÃO, CAÇA COM… ISCO

    É verdade que o Real Madrid CF teve uma deficitária preparação do plantel para a nova temporada. Ainda assim, nada podia fazer prever que os merengues chegassem a Bérgamo tão desfalcados. Zinédine Zidane tinha apenas 11 (!) jogadores de campo da equipa principal disponíveis. Nove elementos não puderam participar no duelo a contar para os oitavos-de-final desta noite, frente à Atalanta BC, devido a lesão. Entre eles, Sergio Ramos, Éder Militão, Marcelo, Dani Carvajal, Álvaro Odriozola, Federico Valverde, Eden Hazard, Rodrygo e Karim Benzema.

    A juventude do banco de suplentes do Real Madrid, não desmerecendo, não fazia augurar nada de positivo. Do outro lado, uma Atalanta fiel ao seu habitual estilo e com, aparentemente, excesso de opções. Começaram a ver o jogo do banco, estrelas como Josip Iličić, Mario Pašalić ou Ruslan Malinovskyi.

    O jogo até estava a ser bem disputado, entre duas equipas que se respeitavam e que se tinham estudado mutuamente. Num momento em que a Atalanta até estava por cima, o lance de maior envolvimento no ataque do Real Madrid aconteceu ao minuto 17, nasceu do lado esquerdo e foi travado por Remo Freuler. O suíço da Atalanta não teve direito a avisos e foi punido com o cartão vermelho na sequência da jogada, deixando a sua equipa reduzida a dez.

    Os Italianos, iguais a si próprios, tinham a intenção de continuar com a mesma toada, mas a inferioridade fez-se sentir e os forasteiros ganharam espaço, e bola, na partida. Se tudo parecia correr mal, à passagem do minuto 30, pior ficou. Duván Zapata, que até então estava a ser a grande referência no ataque a segurar bolas vindas da defesa, acabou por sair lesionado, dando lugar a Mario Pašalić.

    O primeiro golo podia ter aparecido ainda na primeira parte, mas apesar da insistência madrilena, tal não aconteceu. Ora por falta de pontaria, ora pela faceta mais heroica de Pierluigi Gollini. Tudo a zeros ao intervalo.

    A segunda parte começou como terminou a primeira: só dava Real Madrid. Mas desengane-se caro leitor, nem por isso o perigo esteve sempre presente. A equipa espanhola estava por cima, é certo. Ainda assim, pouco ou nada conseguiu demonstrar em termos de finalização. Jogou simplesmente aquilo que o adversário italiano permitiu, resignado com o empate, a jogar com a eliminatória e perfeitamente ciente das suas incapacidades na partida.

    Aos 85 minutos, Ferland Mendy sacou um verdadeiro coelho da cartola. Rematou de fora de área com o pior pé e…. golo! O Real Madrid acabou mesmo por chegar à vantagem numa altura em que parecia cada vez mais longe de o conseguir. O lateral-esquerdo, que também esteve no lance que deu a expulsão, acabou por ser uma das figuras da partida, só beliscada pela estrondosa exibição de Isco. Jogo atípico, onde tivemos uma Atalanta diferente do habitual, muito condicionada pelas incidências da partida. Tudo em aberto para a segunda mão.

     

    A FIGURA

    Isco Alarcón – Bem sei que Ferland Mendy marcou o golo que acabou por dar a vitória, mas a verdade é que o principal motor da partida foi, na minha opinião, Isco.

    Muito criticado, figura marginal do plantel e por muitos desacreditado, Isco deu boa conta de si. Mostrou toda a sua qualidade técnica no último terço, movimentou-se de forma interessante e procurou ter vários rasgos de imprevisibilidade ao longo da partida. Merece ser a figura do jogo por ter sido um ponto seguro de uma equipa bastante desorientada e carenciada de referências.

    O FORA DE JOGO

    Remo Freuler – Não pretendo entrar na discussão se a entrada de Remo Freuler é merecedora de cartão vermelho, ou não. A verdade é que a sua equipa ficou seriamente comprometida com a inferioridade numérica e perdeu toda a vantagem emocional com que iniciou esta partida. O resultado acabou por ser menos mau, tendo em conta que jogaram mais de 70 minutos com menos um. Fica a sensação de que podia ter sido uma noite bem mais alegre para os italianos.

     

    ANÁLISE TÁTICA – ATALANTA BC

    O plano inicial de Gian Piero Gasperini não oferecia dúvidas. O 3-4-1-2 apresentado privilegiava os dois avançados colombianos, que atuavam mais descaídos na ala, deixando intencionalmente o meio desocupado.

    A marcação da Atalanta era alta e individual, como se costuma dizer: “cada um marca o seu”. Pelo menos até à expulsão de Remo Freuler. A partir daí, passou a ser humanamente impossível.

    A expulsão de Remo Freuler e a lesão de Duván Zapata fizeram o técnico alterar o esquema inicial. Com menos um elemento, no momento ofensivo, passou a explorar mais o contra-ataque e a profundidade oferecida pelo avançado, Luis Muriel. A mobilidade da Atalanta permitia que outros jogadores aparecessem em zonas de finalização, como os laterais, Joakim Maehle e Robin Gosens, e até Rafael Tolói, defesa-central da equipa.

    Matteo Pessina acabou por recuar no terreno, Mario Pašalić entrou e a equipa passou a jogar numa adaptado 3-5-1.

    Antes dos 60 minutos de jogo Luis Muriel também saiu, visivelmente esgotado, e deu lugar a Josip Iličić. O conjunto Orobici terminou o encontro sem avançados e mais perto da sua própria baliza, muito longe da sua imagem habitual.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Pierluigi Gollini (7)

    Berat Djimsiti (6)

    Cristian Romero (5)

    Rafael Tolói (7)

    Remo Freuler (3)

    Marten de Roon (5)

    Robin Gosens (6)

    Joakim Maehle (6)

    Mattteo Pessina (5)

    Duván Zapata (5)

    Luis Muriel (6)

    SUBS UTILIZADOS

    Mario Pašalić (6)

    Josip Iličić (5)

    Ruslan Malinovskyi (-)

    José Lusi Palomino (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – REAL MADRID CF

    O técnico francês surpreendeu com a introdução de Isco no onze titular, em detrimento do ponta-de-lança, Mariano Díaz Mejía. O espanhol funcionou mais como como um “falso 9”, tendo mais liberdade no campo. Pisou terrenos bastante diferentes daqueles que costuma pisar por exemplo, Karim Benzema. Com a entrada de Isco, esperava-se que o Real Madrid jogasse num 4-4-2 losango, mas tal não se verificou. O 4-3-3 foi uma realidade, com os extremos e laterais a procurarem surpreender através da criatividade e imprevisibilidade.

    A expulsão mudou o jogo e o Real Madrid, apesar de jogar com mais um, ficou sem o espaço que tinha para jogar até então. A Atalanta cedeu espaço, desceu as suas linhas e mesmo assim o Real Madrid não conseguiu criar oportunidades claras de golo.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Thibaut Coutois (6)

    Ferland Mendy (6)

    Nacho Fernández (7)

    Raphaël Varane (6)

    Lucas Vásquez (5)

    Casemiro (6)

    Luka Modrić (6)

    Toni Kroos (7)

    Isco (8)

    Vinícius Júnior (4)

    Marco Asensio (5)

    SUBS UTILIZADOS

    Mariano Díaz (5)

    Sergio Arribas (-)

    Hugo Duro (-)

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    Gabriel Henriques Reis
    Gabriel Henriques Reishttp://www.bolanarede.pt
    Criado no Interior e a estudar Ciências da Comunicação, em Lisboa, no ISCSP. Desde cedo que o futebol foi a sua maior paixão, desde as distritais à elite do desporto-rei. Depois de uma tentativa inglória de ter sucesso com os pés, dentro das quatro linhas, ambiciona agora seguir a vertente de jornalista desportivo.