FC Barcelona 0-3 FC Bayern: Passeio bávaro carimba primeiro lugar

    A CRÓNICA: NEM FOI PRECISO UM SUPER BAYERN, PARA CONFIRMAR A MUDANÇA DO ADN DO FC BARCELONA – DO TIKI TAKA À LIGA EUROPA

    O FC Barcelona entrou no jogo com a sua sorte já decidida. A goleada do FC Internazionale Milano sobre o Viktoria Plzen atirou a turma de Xavi para a Liga Europa e deixou os catalães a jogar pelo orgulho contra um FC Bayern que, em caso de vitória, garantia o primeiro lugar.

    A balança da história recente pesava para o lado do Bayern e, embora a história não ganhe jogos, a tendência não se alterou. O Barcelona até teve mais bola, mas nunca foi capaz de criar perigo real ou de entrar com perigo na teia defensiva montada por Nagelsmann, que do banco nunca se sentiu verdadeiramente ameaçado.

    Sem bola, mas com muita objetividade quanto tinha a redondinha na sua posse, o Bayern silenciou um calado Camp Nou – ainda atordoado com o resultado de Milão – ainda o relógio não marcava os 10 minutos. Balde fora da jogada ainda na marcação a Mazraoui e Gnabry, com o campo de frente e tempo para decidir e executar lançou de forma perfeita para Mané. Ao Barcelona, já com dificuldades conhecidas em controlar a profundidade, deixar a gazela senegalesa com campo aberto para percorrer foi estratégia suicida.

    A toada do jogo manteve-se. O Barcelona de Xavi da vertigem em vez da calma, do jogo exterior ao invés das combinações curtas por dentro dependia da ousadia de Dembelé que, embora por vezes sem grande critério, gelava Davies e causava ocasionais calafrios. O posicionamento dos médios sem bola, a pouca influência de Busquets em fazer jogar, a pouca liberdade dada a Frenkie de Jong para se desprender da posição no meio-campo ofensivo e um jogo mais apagado da estrela Pedri são reflexos do percurso do clube na Liga dos Campeões. Os erros individuais – com e sem bola – acentuaram a inferioridade catalã na competição dos milhões.

    Foi assim sem surpresa que aos 38 minutos Choupo-Moting voltou a fazer balançar as redes defendidas por Ter Stegen. Transição ofensiva definida de forma perfeita por Musiala num primeiro momento a possibilitar um 3X2 e por Gnabry, num segundo momento, a isolar o camaronês que aumentou a vantagem do Bayern.

    O fim da primeira parte foi digno de parque de diversões, numa autêntica montanha-russa de emoções. Bellérin e Ter Stegen em cima da linha impediram os bávaros de sentenciar a partida, num lance que acabou com Lewandowski derrubado por De Ligt e com o árbitro a apitar para a marca dos 11 metros. O Barcelona passava do Inferno do terceiro golo, ao Paraíso da proximidade em reduzir a desvantagem, mas a passagem pelo Céu só fez a queda ser mais forte, quando o VAR reverteu a grande penalidade.

    A segunda parte não teve grande história a contar. Nagelsmann sentiu a vitória no bolso e geriu a equipa, Xavi procurou colocar mais jogadores nas imediações da área e com maior capacidade de desequilíbrio individual, mas pareceu também algo resignado com o desfecho da partida (só assim se compreende a saída de Pedri que, após uma primeira metade apagada, estava a aumentar a sua influência no jogo do Barcelona).

    Ainda assim, aos 90 minutos o jogo ganhou contornos de goleada. Desnorte total do Barcelona na defesa de um canto que surge após defesa espetacular de Ter Stegen ao remate de Mané e Pavard inscreveu o nome na lista dos marcadores.

    O desfecho foi duro para um Barcelona que investiu forte no verão – hipotecando mesmo receitas futuras – esperando retorno imediato. Pelo segundo ano consecutivo vê as noites europeias passarem para quinta-feira e dá mostras de não conseguir sequer ser competitivo no convívio entre os grandes.

    Já o percurso do Bayern corre de feição e, caso vença o Inter de Milão na última jornada consegue, pela segunda temporada seguida terminar a fase de grupos só com vitórias.

     

    A FIGURA

    Serge Gnabry – Caro leitor, é servido? Não foi uma, não foram duas, mas sim três assistências para o cozinheiro Serge Gnabry. Beneficiou do espaço deixado pelo desenho da pressão catalã e fez sobressair a sua capacidade de passe. Com boa leitura de jogo, capacidade de procurar combinações curtas, de fixar o adversário antes de soltar (ótimo timing de passe no segundo golo) e de lançar. De forma involuntária viu o hat-trick de assistências ser completo de forma involuntária, num lance que coroou a boa exibição do alemão.

     

    O FORA DE JOGO

    Hector Bellerín – A lesão prejudicou a adaptação de Bellerín ao clube onde se formou, mas ainda não se enquadrou no sistema de jogo do Barcelona. Esteve como peixe fora de água e taticamente foi uma lacuna tanto a defender como a atacar. Quando o Barcelona tinha bola era obrigado por Dembelé – um jogador de corredor – a ocupar terrenos mais interiores, quer mais recuado, quer procurando projetar-se por dentro. Independentemente da altura do terreno, as suas características mais exteriores não são beneficiadas. Sem bola não foi capaz de ajustar o comportamento em linha e, não obstante a velocidade, foi ultrapassado por Mané.

     

    ANÁLISE TÁTICA – FC BARCELONA

    O Barcelona apresentou-se na partida em 4-3-3 com Marcos Alonso como central pela esquerda e com Pedri a jogar como falso extremo (partindo da esquerda para dentro, funcionando na prática como mais um jogador no corredor central).

    Com bola o Barcelona procurava ter os laterais projetados, com Frenkie de Jong muitas vezes a posicionar-se próximo de Busquets ou mesmo na linha dos centrais para permitir as saídas. Ainda assim, as principais ameaças estavam nos corredores laterais. Não é surpresa ver o ADN catalão do tiki-taka e do privilégio do jogo interior renunciados em detrimento da vertigem do jogo exterior, mas na partida de hoje foi ainda mais evidente esta característica do Barcelona de Xavi. Dembelé, pela capacidade de receber aberto e de partir para cima do adversário no drible, foi a válvula de escape prioritária, mas coletivamente a dinâmica mais interessante até se encontrava no corredor esquerdo. Pedri jogava por dentro e, quando os blaugranas concentravam o jogo pela direita e eram capazes de variar rapidamente o flanco, Balde, completamente projetado, encontrava-se muitas vezes sem oposição. Jogando muitas vezes colado à linha, Dembelé deixava espaço entre lateral e central, mas este raramente foi ocupado por Kessié, perdendo-se uma possibilidade de desequilíbrio no jogo culé.

    Defensivamente, o Barcelona até tentava pressionar alto, mas foi castigado pelo espaço deixado atrás. Com Pedri e Dembelé por dentro a cortarem as linhas de passe diagonais dos centrais (de dentro para fora) e com o lateral do lado da bola a marcar o lateral do Bayern, o Barcelona concentrava muitos jogadores na pressão à 1ª fase de construção do Bayern. Após o golo sofrido e procurando corrigir o espaço deixado nas costas dos laterais (especialmente de Balde), passaram a ser os médios a fechar as linhas de passe por dentro. Embora dificultasse a tarefa bávara, os buracos continuaram e sofreu em transição defensiva com os médios a fazer piscinas de forma constante.

    Com as alterações feitas à hora de jogo, o Barcelona passou a jogar em 4-2-4, mas nem a maior presença perto da área alterou o jogo. Foi um Barcelona previsível, com uma vertigem excessiva e adormecida – os conceitos são contraditórios propositadamente – e uma pressão comprometedora atrás.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Ter Stegen (6)

    Bellerín (4)

    Koundé (5)

    Marcos Alonso (6)

    Balde (6)

    Busquets (5)

    Kessié (5)

    Frenkie de Jong (5)

    Dembelé (7)

    Lewandowski (5)

    Pedri (6)

    SUBS UTILIZADOS

    Ferran Torres (6)

    Raphinha (6)

    Eric García (5)

    Ansu Fati (6)

    Pablo Torre (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – FC BAYERN

    O Bayern manteve a estrutura tática habitual, apresentando-se em 4-2-3-1. Com menos bola do que o costume, o Bayern nunca pareceu realmente incomodado e foi capaz de castigar taticamente o Barcelona. A saída de bola com os laterais baixos e Kimmich – com menos influência fruto do contexto – muito recuado atraía a pressão e possibilitava às referências nas saídas laterais terem muito campo livre pela frente. Musiala com amplo raio de ação, Mané à esquerda e especialmente Gnabry na direita (não menosprezando a boa partida do eterno ridicularizado – a marcar há quatro jogos, diga-se – Choupo Moting) recebiam as bolas dos centrais, mas principalmente de Ulreich e tinham tempo para olharem o jogo de frente e acelerarem com bola no pé ou lançarem as setas no espaço. Sem bola, os principais destaques bávaros foram a vigilância apertada de Musiala a Busquets, reduzindo o impacto do cérebro espanhol na equipa, e a agressividade nos duelos perto da própria área (o duelo entre De Ligt e Lewandowski foi interessante de acompanhar).

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Ulreich (6)

    Mazraoui (7)

    Upamecano (6)

    De Ligt (7)

    Alphonso Davies (6)

    Kimmich (6)

    Goretzka (5)

    Gnabry (8)

    Musiala (6)

    Mané (7)

    Choupo-Moting (7)

    SUBS UTILIZADOS

    Sabitzer (7)

    Muller (6)

    Pavard (7)

    Gravenberch (6)

     

    Rescaldo da opinião de Diogo Ribeiro.

    - Advertisement -

    Subscreve!

    Artigos Populares

    Serie A: já há uma equipa despromovida

    Ficámos a conhecer esta sexta-feira a primeira equipa despromovida...

    Sporting vende Fatawu por 17 milhões de euros

    O Sporting vendeu Fatawu por 17 milhões de euros...

    Liverpool vai pagar verba milionária por Arne Slot

    O Liverpool tem tudo fechado para que Arne Slot...
    Redação BnR
    Redação BnRhttp://www.bolanarede.pt
    O Bola na Rede é um órgão de comunicação social desportivo. Foi fundado a 28 de outubro de 2010 e hoje é um dos sites de referência em Portugal.