Força da Tática: Um jogo de pressão, literalmente

    Na última jornada do Grupo C da Liga dos Campeões, o Liverpool FC recebeu o SSC Napoli com uma missão clara: vencer. Os comandados de Jurgen Klopp acabaram mesmo por completar essa missão e carimbaram o apuramento para a fase seguinte da competição. O golo solitário de Salah, empurrou os pupilos de Carlo Ancelotti para a Liga Europa, prova para a qual entram como favoritos.

    Jurgen Klopp alinhou no seu habitual 4-3-3 com Wijnaldum, Henderson e Milner no meio campo, sem lugar para Keita e Fabinho. Também Carlo Ancelotti não surpreendeu, fez alinhar o seu habitual 4-4-2, com Insigne e Mertens na frente. Maksimovic manteve o seu lugar na lateral direita, assim como Mário Rui no lado esquerdo.

    Uma luta pelo controlo através da agressividade

    Fonte: BT Sport

    Apesar do 4-4-2, a equipa italiana transformava-se em 3-4-3 quando procurava iniciar a construção. Maksimovic (lateral direito) formava com Albiol e Koulibaly uma linha de três, com Callejón a baixar no corredor, fazendo uma linha horizontal com os dois médios centros e o lateral do lado oposto.

    Essa tentativa italiana de iniciar a construção desde os seus defesas foi automaticamente alvo de uma forte e agressiva pressão por parte do Liverpool FC. Como vamos na imagem, os três avançados subiam para pressionar os três centrais napolitanos, com a cobertura dos dois interiores (Milner e Wijnaldum) que se aproximavam dos dois médio centro napolitanos. Robertson e Alexander-Arnold (os defesas laterais) subiam agressivamente no corredor para encostar em Callejón e Mário Rui.

    Fonte: BT Sport

    Jurgen Klopp procurava ter a bola sobre pressão a todo o instante, mesmo se isso significa-se fazer subir os defesas laterais para a mesma altura dos avançados para pressionar, como vemos Alexander-Arnold fazer. Era uma clara luta pelo controlo do jogo, com recurso à agressividade.

    O Nápoles viu-se obrigado a subir os níveis de agressividade e de pressão para entrar na luta pelo controlo do jogo, com um contributo importante de Mertens e Insigne para pressão aos centrais do Liverpool.

    Fonte: BT Sport

    Apesar da tentativa do Napoli, a agressividade inglesa acabou por levar a melhor. Forçou várias perdas de bola dos italianos, em particular na zona média, que o Liverpool aproveitou automaticamente para atacar a baliza adversária, com a verticalidade a ser a palavra de ordem.

    Fase Ofensiva Liverpool

    Como referi, verticalidade era a palavra de ordem quando o Liverpool tinha a posse de bola. Milner e Wijnaldum jogaram sempre muito próximos da linha ofensiva, um posicionamento particularmente importante para o momento de perda da bola e a posterior rápida recuperação da mesma.

    A “ativação” de Mane e Salah, através dos passes verticais, foi feita pelos defesas laterais. Robertson e Alexander-Arnold foram possivelmente os melhores jogadores em campo, tanto na fase defensiva como ofensiva.

    Vemos um exemplo onde Robertson ligou Mane e como a equipa abafou imediatamente o Napoli após a perda da bola, com 3 jogadores e os restantes a fecharem linhas de passe e opções de progressão.


    Fonte: BT Sport

    Uma dinâmica recorrente, não só neste encontro, que o Liverpool usa para fazer uso da verticalidade é quando o médio interior baixa para a posição de lateral direito, arrastando ligeiramente o médio ala adversário, permitindo ao central jogar direto no ponta de lança. Vemos isso neste exemplo:


    Fonte: BT Sport

    Wijnaldum baixa, trás consigo Ruiz para uma zona mais exterior, o que abre um ligeiro espaço entre Ruiz e Hamsik permitindo ao central (Matip) o passe vertical para Salah. Uma dinâmica muito bonita e eficaz, mas que parou muitas vezes no “monstro” Koulibaly.

    2ª Parte

    A pressão e os níveis de agressividade do Liverpool conduziram a uma primeira parte um pouco caótica, de muita luta, mas com um ascende claro inglês, onde o Nápoles raramente conseguiu ultrapassar a primeira linha de pressão (Mané – Roberto Firmino – Salah).

    Na segunda parte, a precisar de pelo menos um golo, esperava-se uma mudança no Napoli, mas o domínio do Liverpool manteve-se. Os Reds deixavam os dois centrais adversários receber a bola no início de construção propositadamente, esperando depois o passe seguinte para sufocar e pressionar o Napoli. Esse “passe seguinte” era frequentemente para um dos dois defesas laterais, que ou batiam na frente (Sem grande critério) ou perdiam a bola.

    Um jogo onde a capacidade de o Liverpool manter a bola sobre pressão durante a maioria do jogo foi chave para a vitória.

    O período mais perigoso do Napoli foi já perto do final, quando Koulibaly subiu para ponta de lança. Essa subida partiu naturalmente o jogo e o Liverpool dispôs de várias situações de contra-ataque, com Alisson a salvar Mané já perto do final, tendo em consideração as oportunidades que o Senegalês desperdiçou para “matar” o jogo.

     

    Foto de capa: Liverpool FC

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    João Mateus
    João Mateushttp://www.bolanarede.pt
    A probabilidade de o Robben cortar sempre para a esquerda quando vinha para dentro é a mesma de ele estar sempre a pensar em Futebol. Com grandes sonhos na bagagem, está a concluir o Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial, pela Uni-Nova e procura partilhar a forma como vê o jogo com todos os que partilham a sua paixão.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.